
Fotografia: Stuart Sevastos
O músico sírio Omar Souleyman foi detido na passada quarta-feira, na Turquia, por acusações de terrorismo.
Suspeito de ligações ao PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que defende a auto-determinação e a liberdade religiosa do povo Curdo, considerado “organização terrorista” pela Turquia, os Estados Unidos da América e a União Europeia, Omar acabou por ser libertado no passado dia 19 de Novembro.
O PKK, partido que se define como socialista, nacionalista curdo e marxista, trava, desde os anos 80, uma luta contra a Turquia pela auto-determinação do povo curdo, minoria étnica e religiosa, historicamente ostracizada pela maioria muçulmana na Turquia e noutros pontos do globo. A maioria dos seus componentes foram sujeitos à pena de morte, aquando do Golpe de Estado na Turquia em 1980, tendo outros conseguido fugir para a Síria, onde se radicalizou e aproveitou o florescer da Primavera Árabe e da Guerra do Iraque para marcar posição.
Omar Souleyman, cinquenta e cinco anos, começou a cantar em casamentos, na Síria. Sunita, Omar inspirou-se nas suas raízes culturais para produzir música. Aponta as suas influências culturais como vindo da vivência árabe, curda e até mesmo turca e iraquiana. Depois da eclosão da Guerra Civil na Síria, refugiou-se na Turquia, onde encontrou uma plataforma para produzir e divulgar a sua arte.
Souleyman encontrou o seu espaço no mundo da música, actuando em vários festivais por todo o mundo. Em Portugal, actuou em Paredes de Coura, em 2011, e no Festival Músicas do Mundo, em Sines, em 2019. O meu contacto com a sonoridade única, marcadamente cultural e futurista de Omar Souleyman, deu-se por volta de 2016, por via de um amigo. Fiquei fascinado pela personalidade da música do artista sírio, pela capacidade de transmitir, de forma simples e humanas, várias culturas numa só, e também, a juntar a isso, pelo electrónico com aparência “anos 80”, mas que se revela à frente do seu tempo, se considerarmos a forma precária com que se foi safando na sua carreira e produzindo o seu conteúdo.
Desta vez foi Omar Souleyman a ser apanhado nas teias dos imperialismos, dos nacionalismos e dos maniqueísmos, típicos do separatismo parolo entre culturas. Fica, portanto, a recomendação. Omar Souleyman, senhoras e senhores.
Quando a, Turquia, os Estados Unidos da América e a União Europeia, considera uma “organização terrorista”!!! “Na Turquia e noutros pontos do globo. A maioria dos seus componentes foram sujeitos à pena de morte, aquando do Golpe de Estado na Turquia em 1980”, Esta tudo dito!!!