Johnny Depp e a derrota do extremismo feminista

Não acompanhei o caso Depp-Heard com a paixão que vi por aí – nada contra, cada qual com o seu futebol – mas ia ouvindo e lendo uma ou outra coisa aqui e acolá. E a sensação com que ia ficando, à medida que me ia esbarrando nessas informações avulsas, era a de que a versão de Depp era mais credível que a de Heard. Mas talvez fosse a minha condição de fã do Johnny que me estivesse a toldar o juízo, de maneira que me mantive calado e afastado do tema.

Sem entrar em análises muito profundas, vim ontem a saber que Johnny Depp ganhou o processo em tribunal. E das muitas conclusões a que cheguei, e outras tantas a que poderia ter chegado, destaco a estrondosa derrota do feminismo extremista, que a meu ver representa apenas uma franja minoritária daquilo que é o movimento, e que entende que basta a uma mulher apontar o dedo a um homem e acusá-lo, sem provas, de uma qualquer violência, para que esse homem seja imediatamente condenado sem ser submetido ao normal funcionamento do Estado de Direito.

Este extremismo que algumas feministas consideram justificado, como qualquer extremista sempre considera as suas acções, é, na verdade, um retrocesso para as verdadeiras vítimas, que estão já a ser colocadas no mesmo saco que Amber Heard. E não vale a pena estar para aqui com lirismos: algumas das denúncias feitas nos últimos anos são puro gold digging, e o seu crescimento e multiplicação deveu-se, em larga medida, à cegueira do feminismo extremista, que ofereceu às (e “aos”, que eles também existem, ainda que em menor número ou com menos expressão) gold diggers um manto de impunidade, à custa das verdadeiras vítimas, com o alto patrocínio das extremistas. O resultado é a sua descredibilização, o que até se saúda, pese embora se lamentem as ondas de choque que atingem as mulheres que efectivamente lutam com dignidade contra o machismo, a misógina e, sobretudo, contra a violência doméstica. Talvez o desfecho do caso Depp-Heard permita a todos uma reflexão. To stop de madness.

Comments

  1. Ramiro Osório says:

    “feminismo extremista” não tem nada a ver com “alegada” difamação – considero que até as mulheres ganharam igualdade nenhum feminismo é exremista

  2. Paulo Marques says:

    Não prestei atenção nenhuma, nem tenho vontade de começar, quanto mais meter colheradas; mas é bom lembrar que o caso é sobre declarações específicas e mais nada.
    E, bom, parece que o cancelamento não é assim tão perigoso, afinal…

  3. Anonimo says:

    Não segui (não é da minha conta), mas pelo que percebi o Depp ganhou um processo por difamação, por violência doméstica.
    Entretanto o seu colega acima afirma que o jovem actor deu uns sopapos na esposa. Algo aqui não bate certo.

  4. Rui Naldinho says:

    Sinto-me obrigado a transcrever um comentário de um amigo faceboquiano, de seu nome, Renato Teixeira, ainda o desfecho final desta sentença não estava consumado:

    “Tenho acompanhado o conflito entre Johnny Depp e Amber Heard, e agora que se aproxima o veredicto, a única certeza é que os três sairão derrotados: Depp, Heard e o MeToo, na sua versão “basta acusar, não é preciso provas”. O ricochete haveria de chegar e chegou. Podemos agora retomar o feminismo de classe no ponto onde ele substituído pelo feminismo burguês.”

    É por eu subscrever este raciocínio primata, inteligível e sensorial que eu aqui o coloco.
    Obrigado Renato, por tão simples e límpida exortação ao bom senso.

    • JgMenos says:

      O ‘feminismo de classe’?
      As ‘mijonas’ ao poder!

      • POIS! says:

        Pois mas…

        Para que quer Vosselência o poder?

        Acha que isto é só exigir e tal? Francamente!

  5. Anonimo says:

    A Amber perdeu, mas a Lucy ganhou.

    1-1

  6. Daniel says:

    Caríssimo! Apenas um detalhe: não se trata de extremismo de uma franja do feminismo. Sugiro o documentário “a face oculta do feminismo”, da Brasil Paralelo, disponível no youtube.

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