Instado a comentar a época futebolística, Fábio Cardoso, jogador do Futebol Clube do Porto, declarou: “Dou nota oito à época, queríamos mais…”
Tendo em conta que o FCP foi campeão nacional e que ganhou a Taça de Portugal e sabendo que no sistema escolar português só existem duas escalas (1 a 5, para o Ensino Básico, e 0 a 20, no Secundário), poderíamos estar diante de uma avaliação negativa de um jogador tão exigente que o facto de o seu clube não ter ganho a Taça da Liga e a Liga dos Campeões é suficiente para que nem suficiente atribua ao seu clube.
Não me parece que seja o caso, porque o FCP fez uma belíssima época. Assim, deduzo que esta classificação tenha por base a escala usada no Brasil. O discurso público português, incluindo o das redes sociais, está cheio de “Nota 10” como elogio máximo.
Completamente imune à xenofobia, a verdade é que temos uma tendência para importações desnecessárias, em consequência de um deslumbramento com tudo o que seja estrangeiro. É desse deslumbramento que nascem, por exemplo, o acordo ortográfico ou manias como “apresentação de evidências” (uma cópia acrítica do evidences) e “dar feedback” (quando temos comentário, resposta, crítica, etc.).
A língua pode ser utilizada e pensada, sem orgulho e sem vergonha, que são dois disparates do mesmo tamanho. Aprendamos com Sérgio Godinho que, com um brilhozinho nos olhos, dava vinte valores ao objecto da sua paixão.
Podia ser pior; entre o extremo de usar (quase) mais palavras inglesas que portuguesas do Brasil e o extremo dos “joueur-animateur en direct”, não vamos mal.
Ele está mesmo a dar 8/20… Não é erro… Ele sabe que o FCP foi levado ao colo todo o campeonato..
Chora mais, bebé.
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