Tiananmen-Ocidente-Kiev

O “incidente” de Tiananmen, eufemismo que o regime chinês usa a propósito deste horrendo episódio, fez ontem 33 anos. Foi um massacre, sobretudo de estudantes, que lutavam pela liberdade e por uma China democrática. Não sabemos quantas pessoas morreram, mas estima-se que possam ter sido alguns milhares.

E o Ocidente, sempre disponível para acudir às aspirações democráticas alheias, o que fez?

Fez o que sabe melhor: assobiou para o lado durante anos, para depois abrir as portas da OMC ao regime, garantindo lucros extraordinários a um punhado de aristocratas do capitalismo, cujo custo foi a destruição da capacidade produtiva de muitos Estados ocidentais, como é o caso do português.

Não satisfeito, o Ocidente escancarou ainda mais as portas à oligarquia totalitária do PCC, e vendeu, ao desbarato, empresas-chave em sectores estratégicos, permitindo que Pequim controle hoje parte significativa das infraestruturas ocidentais, como portos, empresas produtoras de energia, redes de abastecimento, bancos ou seguradoras, apenas para citar algumas. E, uma vez mais, Portugal não foi excepção. Muito pelo contrário, como bem sabeis.

Fica claro, o compromisso com a democracia da elite que nos comanda. E isto diz-nos mais sobre o que se passa na Ucrânia do que à primeira vista poderá parecer. Uma coisa é certa: não é o futuro dos ucranianos, aquilo que move aqueles que nos dirigem. Se assim fosse, a Rússia estaria embargada desde 2014. Ao invés disso, é um dos maiores fornecedores de energia das democracias. Também não é o nosso. Se fosse, não seria agora, com a inflação a subir em flecha, que o BCE subiria a taxa de juro para nos aumentar os créditos à habitação. Mas sim, continuemos a acreditar que o Ocidente está nisto pela liberdade dos ucranianos. E quem disser o contrário é putinista.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Fez um embargo para acalmar as hostes, mas a liberdade do mercado eventualmente falou mais alto. Outras vezes não fala tão alto e continua. Outras ainda nem chegam a tanto.
    Isto do sistema de regras, e dos valores democráticos, é tudo muito bonito, mas utópicos são os outros. Não os que o vendem, esses sabem bem que o que é que conta.

  2. Rui Naldinho says:

    Aquilo que aconteceu com a China ao nível das relações económicas, após Tiananmen, será em bom rigor, o mesmo que acontecerá à Rússia após a estabilização militar da invasão da Ucrânia, com mais ou menos territórios anexados. Não dou mais de que um quadriénio para voltar tudo à roda livre em que se tornou o comércio mundial.

    • Paulo Marques says:

      Não sei se volta ao mesmo, mas este fazer de conta que tudo volta ao normal em 1-2 anos, como se as cadeias de produção se alterem assim (e muito para além da energia) é patético. E já começam as consequências.

  3. JgMenos says:

    O que se passa adentro de cada país é primordialmente da responsabilidade do seu povo.
    Isso aplica-se à China, como à Rússia., como à Ucrânia.
    A acção para lá das fronteiras é matéria bem diversa e só o oportunismo treteiro trata tudo por igual.
    E se se disser marxista não será por isso menos treteiro.

    • Paulo Marques says:

      Mais ou menos verdade, até porque qual é a alternativa? Mas esbarra em vários problemas; o primeiro, e então porquê intervenções em situações tão díspares como Timor, Iraque ou Líbia? E o segundo, e aquela coisa que era consensual até 1990, e os povos que querem sair, estavam os Timorenses, Bósnios, ou até os antigos soviéticos bem era a resolver o problema sozinhos?

  4. Joana Quelhas says:

    ““incidente” de Tiananmen, eufemismo que o regime chinês usa a propósito deste horrendo episódio, fez ontem 33 anos. Foi um massacre, sobretudo de estudantes, que lutavam pela liberdade e por uma China democrática. Não sabemos quantas pessoas morreram, mas estima-se que possam ter sido alguns milhares.”

    Esta primeira parte é boa, trata-se de adormecer qualquer
    pessoa de bem, que condena tais actos.

    Depois vem a condenação do Ocidente onde o Comuna Mendes sub-repticiamente culpa o ocidente pelas práticas comunistas.

    De seguida prepara agora a chamada Dissonância Cognitiva :
    cria 2 argumentos aparentemente relacionados e contraditórios para q qualquer pessoa menos avisada nas artes de lavagem cerebral fique com dúvidas diametralmente opostas. Isto com a intenção de criar a sensação que não entendemos bem (a a culpa é de si mesmo) mas parece fazer sentido e por isso deixa cair as suas defesas e aceita a tese .

    No fim o Comuna Mendes acaba a condenar as características capitalistas que são o seu principal objectivo.

    Vejam a subtileza:
    A China cujo regime Comuna (defendido pelo Comuna Mendes ) levou o seu povo à miséria económica e moral e que a determinada altura – quando vê o seu regime a falhar em todos os planos – e por necessidade absoluta para sobreviver decide adoptar algumas coisas do capitalismo . Como resultado disso as melhorias económicas são evidentes, no entanto as outras características de falta de Liberdade impostas pelo Comunismo mantem-se intactas.

    O que é que o Comuna Mendes vem criticar :
    O Ocidente , claro.

    Ou seja A China tem um regime Comunista Brutal (desculpem o pleonasmo) e há algumas décadas adopta algumas coisas que vê a funcionar no capitalismo e que salva o próprio regime da falência, e o Comuna Mendes critica exactamente essa parte.

    Porque ?

    Porque ele concorda com a parte doutrinal do regime . O que ele não concorda é com a parte do regime que se liberalizou ao adoptar características (se bem que muito controladas) do capitalismo.

    Não se iludam quando um Comuna diz Liberdade apenas quer dizer que a chamada Ruling Class tenha os mais amplos poderes para impor ás pessoas aquilo que lhes vem á real gana.

    As comunas como o Mendes subscrevem a 100% mas não às claras o que afirmou o ministro das Relações Externas chinês, Wang Yi:

    A China trabalhará com a Rússia para promover uma “verdadeira democracia”.

    Joana Quelhas

    • João Mendes says:

      Sabes, pessoa com múltiplos perfis sem sexo definido, houve um tempo em que me chateavam os teus comentários, pela desonestidade que sempre os caracterizam. Mas hoje sinto pena de ti. Nada mais. A forma como te esforças para pedir atenção, desesperadamente, faz me pensar que talvez nao tenhas família, amigos ou simplesmente alguém que te ature. E como vives assim, sozinha e abandonada, sempre em modo alerta para o que sai no Aventar – e imagino que noutros blogues e redes – para poderes destilar a tua frustração por essa triste condição, imagino que seja isto que se interpõe entre ti e o suicídio. Se é o caso, larga a net e vai à procura de um abraço. Estás a precisar.

    • Paulo Marques says:

      “levou o seu povo à miséria económica e moral e que a determinada altura – quando vê o seu regime a falhar em todos os planos ”

      Um mimo de quem vive numa zona económica cada vez mais estagnada em todos os sentidos.
      Mas, como sabe bem e faz de conta que não, a crítica é ao acredita no que eu digo, não ligues ao que eu faço. E esse fazer é estar bem com a China, a Rússia (com suspensão temporária), e muitos outros exactamente como estão. Até a Venezuela, veja lá!

  5. Joana Quelhas says:

    “Um mimo de quem vive numa zona económica cada vez mais estagnada em todos os sentidos.”

    E cada vez pior.
    A Europa está a tornar-se na EUSSR.
    Para Portugal a única coisa positiva é o Euro, que impede a sua manipulação pelo nosso (des)Governo.

    Joana Quelhas

    • Paulo Marques says:

      Continuam os mimos. A única coisa positiva… é aquilo que todas as instituições reconhecem que não funciona e é preciso reformar à mais de uma década. Daí as constantes violações aos tratados do BCE, e os constantes acrónimos que nada resolvem, bem à margem da música que até o FMI mudou.
      Viva a literacia económica! Se é mau, é comunismo.

  6. Este Americano tem uma mensagem para a sionista Victoria Nuland:

    https://toranja-mecanica.blogspot.com/2022/06/este-americano-tem-uma-mensagem-para.html

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