A horta do Garcia e o Garcia de Orta

ORTA
Si fazem, mas não em o mesmo dia, senão em outro dia despois, o qual banho he de preceito aos Bramenes e Baneanes, e a todo o Gentio, que nenhum dia comão sem lavar o corpo primeiro, e os Mouros lavamse, estando sãos, ao menos cada três dias.
Garcia de Orta, Colóquios dos simples e drogas da Índia. Ed. dirigida e anotada pelo Conde de Ficalho. – Lisboa : Impr. Nacional, 1891-1892.

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Ontem, foi divulgado o traçado do Metrobus, “a nova mobilidade urbana verde” do Porto. Pelos vistos, começam hoje as obras na Linha Boavista – Império, etc., etc. Podeis ler tudo quer na página dedicada ao assunto, quer, mais concretamente, neste documento em pdf, onde se encontra um mapa com umas cores parecidas com as do Diário da República, quando passa pelas minhas mãos.

Por seu turno, Garcia de Orta, além de ser o nome de uma escola secundária do Porto e de um hospital em Almada e de aparecer aqui na moeda de 200 escudos,

é o autor de Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas Medicinais da Índia.

Teresa Nobre de Carvalho esclarece-nos:

Em 1563 foi publicado, em Goa, Colóquios dos Simples e Drogas e Cousas Medicinais da Índia. Redigido em diálogo, o tratado, a par das novidades sobre plantas, minerais e produtos de luxo orientais, divulgou a figura do seu autor, Garcia de Orta (c.1500-1568). As conversas – fictícias, reais ou prováveis – que os Colóquios descreveram, contribuíram para a construção da memória do médico. Trabalhada e recriada ao longo do tempo, esta sua imagem foi, no século XIX, acolhida pelo seu mais destacado biógrafo: o Conde de Ficalho (1837-1903). Este artigo descreve o frutuoso diálogo que Ficalho estabeleceu com Colóquios dos Simples do qual resultou uma figura de Garcia de Orta que, no espírito de muitos, permanece verosímil e indelével.

Quanto a Garcia de Horta, confesso, não sei quem é.

 

 

A explicação para este erro estará no carácter inorgânico do <h> e na maior frequência de horta em relação a Orta. Aliás, sei de quem tenha frequentado a Escola Secundária Garcia de Orta e escreva Garcia de *Horta. Mas, pronto, continuo sem saber quem é essoutro Garcia. O de Horta.

Esperemos que corrijam antes de o nome sair do papel para a paragem.

Porque não é gralha.

É mesmo convicção.

Continuação de uma óptima semana.

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Comments

  1. Professor B says:

    É uma questão hortográfica!

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