“Portugal devia baixar o IVA como em Espanha!”, dizem-te os chico-espertos liberais.
Está bem, Ruizinho e Luisinho, está bem. Perante a espiral inflacionista, os liberais, nas suas demais derivações mais ou menos “sociais”, propõem sempre o mesmo. Infelizmente para eles, a realidade desmente-os sempre.
Baixar o IVA pode ter resultado… durante 15 dias. Controlar e tabelar preços dos bens essenciais, taxar lucros abusivos à nossa custa? Não, isso é coisa de extrema-esquerda. Está bem, Ruizinho e Luisinho. Agora paguem e não bufem. Por favor, tirem o “socialista” do nome, tal como a solução da baixa do IVA, isso é publicidade enganosa.
Não esquecemos:

O quarteto que é força de bloqueio e capataz do grande capital.
Ps. É assustador ver como as medidas que a Iniciativa Liberal propõe para Portugal vão falhando, uma a uma, noutros países: em Espanha, no Reino Unido, em El Salvador, nos Estados Unidos da América, na Estónia ou na Lituânia; mas que estes, em Portugal, continuam a crescer nas sondagens.
Pode ser assustador mas é a consequência directa da acção do governo Neoliberal que ataca de forma fascista as greves, diz não poder haver aumento de salários e se recusa a controlar a ganância desmedida dos grandes capitalistas (ou nem tão grandes como isso porque há outros bem maiores e que mandam mais que eles). Faz lembrar as medidas que o SPD alemão tomou quando levou nas palminhas Hitler ao poder. A revolta do povo e o aumento do seu sofrimento são iguais aos dos alemães desses tempos.
Para muitos, os problemas económicos atuais são fenómenos cada vez mais complexos, que põem em causa muitos dos velhos postulados da Teoria Económica.
Pelo contrário, para a Impetuosa Liberalesca a Economia é canja!
Vejamos um exemplo. Dizem os liberalescos de todos os matizes (Costa incluído, é claro!) que os salários dos portugueses não podem subir, porque poderiam agravar a inflação, provocando uma “espiral inflacionária”.
Ao mesmo tempo, rejubila-se com um aumento exponencial do turismo e atraem-se “nómadas digitais” a toda a força. O aumento da procura assim induzido é santo: não provoca inflação nenhuma!
Outro: a solução da IL para o problema da especulação imobiliária: aumenta-se a construção de casas novas e os preços baixam logo. E quanto mais forem, mais baixa!
Não passa sequer pela cabeçorras liberalescas que a Lei da Oferta e da Procura, para além das fantasiosas condições de que depende (similaridade do produto, atomização do mercado, transparência, disponibilidade total dos fatores produtivos…) tem um pressuposto importante: a condição “ceteris paribus”, ou seja, que tudo o resto se mantenha constante.
E será que tal é possível com situações como a que ainda agora vi no “Linha da Frente” da RTP: o número de residentes vindos dos EUA aumentou 45% num só ano, e tem tendência a aumentar. Somem-lhe os tais “nómadas” de todos os tipos e os que vêm à caça dos “vistos dourados” e aí têm. Não há construção acelerada que aguente!
À consideração dos liberalescos do costume: na Alemanha, que tem “pavor à inflação” os salários reais aumentaram (o salário mínimo mais de 20% em termos nominais, contra uma inflação de 8-9%). Porquê? Porque o Governo alemão sabe que a crise inflacionária atual não é induzida pela procura.