Supermercados, os novos vampiros do Zeca

Há um aumento exagerado de preços e situações de margem de lucro bruta acima dos 50%.

A frase é atribuída pelo Expresso a um inspector-geral da ASAE que ontem participou numa acção de fiscalização em 38 supermercados do país.

Escusado será dizer de que supermercados falamos. São os vampiros de que nos falava o Zeca. Que comem tudo e não deixam nada. Que inflacionam os preços de forma artificial, aproveitando, com a ganância canalha que os caracteriza, a tempestade internacional. Obrigando não só os pobres, mas também a classe média a passar dificuldades para que os lucros de meia dúzia não sejam beliscados.

O capitalismo precisa de uma trela, e de um governo forte que a saiba segurar. Não precisa de ser abolido, nem a propriedade de ser expropriada, nem de um governo que se confunda com a economia, que não vale a pena alimentar ainda mais os delírios chalupas dos cheerleaders dos vampiros.

Precisa, isso sim, de ser regulado. Verdadeiramente regulado, com o pulso que estes gatinhos bebés da regulação nunca conseguem ter com quem tem poder real.

Porque o capitalismo, ao contrário das pessoas, não tem sentimentos. Não quer saber se tu morres de frio ou se o teu filho chora com fome. E como está nas mãos de meia-dúzia, funciona em pleno para essa meia-dúzia. Tu ficas com migalhas, que podem ser poucas ou algumas, mas que nunca passam disso: de migalhas.

O preço de não regular o capitalismo, que é hoje um monstro que normaliza outros monstros, como Vladimir Putin, é o de chegarmos a um ponto em que a injustiça atinja um patamar em que a revolta, canalizada pelos novos messias do populismo, o destrua a ele e à democracia.

E depois perdemos todos.

Todos menos os senhores do capital, claro, que como a história demonstra, metem um Sócrates no bolso com a mesma facilidade que os seus avós metiam Salazar.

Até lá, paguemos aquilo que os vampiros da distribuição nos exigem. O trickle down há de funcionar. Para os filhos deles. E não se esqueça, caro António Costa, de lhes dar uma mãozinha dos nossos impostos, sempre que o SMN subir.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    O que vale é que quem decide aumentar as taxas de juro para fazer pouco mais que criar desemprego e pobreza, ou quem decide é preciso contas certas não vá as taxas de juro ganharem vontade própria, não são monstros por condenarem um continente à fome, ao frio, e por aí fora.


  2. “para que os lucros de meia dúzia não sejam beliscados”? É mais para que cresçam em flecha.

  3. Ana Moreno says:

    Muito boa malha, João!

  4. luis barreiro says:

    O maior vampiro é o estado e os seus funcionários apparatchiks

    • Paulo Marques says:

      Não foram os funcionários que aumentaram os lucros em 50% ou 100% só porque podiam, acordando uns com os outros porque não nada a forçar que concorram.

    • POIS! says:

      Pois é, ó burreiro!

      Os supermercados adoram os clientes como Vosselência!

      Arrota e não bufa! E ainda culpa quem não tem a ver nada com isso!

      Boa burreiro! Pode passar lá pelo Continente! Ou pelo Pingo Doce! Está lá um torrãozinho de açúcar à sua espera! É um cliente modelo!

  5. Júlio Santos says:

    Estes vampiros estão bem cobertos pelo sistema e nada lhes vai acontecer para desespero do consumidor. Não são só os supermercados a roubarem os consumidores, vejam os lucros dos Bancos tudo fruto da roubalheira que fazem aos clientes. Sobem os juros e baixam o valor do capital em cada prestação da casa. Os clientes não se apercebem desta marosca.

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