Os amigos dos correios: manual prático de gamanço

Compra-se um edifício por 20 milhões de euros, por acaso vendido uma hora antes pelos CTT por 15 milhões , mas isso agora nem vem ao caso. No edifício ficam instalados os mesmos CTT (55000€ mês), o Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra (22000€), a Associação de Informática da Região Centro (23000€] e a Associação Fernão Mendes Pinto, transformada em IPSS com protocolos firmados com o estado (136000€).

O jornalista Nelson Morais fez as contas e diz que 7 anos depois os 20 milhões foram recuperados.

Ah, e os CTT ainda foram alugar outro edifício à Bascol, mas não dizem por quanto.

Pergunta de algibeira: quanto é que teriam os CTT  ganho se não tivessem vendido e  tivessem mantido os inquilinos que já lá estavam (todos menos a tal espécie de IPSS) e arranjado outro para o espaço que ficava vago com a saída dos seus serviços de distribuição?

Eis os amigos do alheio, aliás os amigos dos correios, em todo o seu esplendor, e assim vai o gamanço em terras de Portugal.

Isto hoje está mau para os lados do PS: o ministério público não está para natais

edifício que foi dos CTT em Coimbra

Além de Lopes da Mota, também Luís Vilar, destacado responsável do PS de Coimbra, e arguido noutros processos, viu a acusação ser-lhe deduzida pelo ministério público no caso dos amigos dos Correios. Embora este processo tivesse inicialmente mais gente do PSD que do PS, aparentemente o presidente da Câmara de Coimbra safou-se, mais os vereadores à época, tal como Paulo Pereira Coelho (este na Figueira da Foz com mais processos) e Paulo Miraldo.

Eu bem tinha avisado que este não era um caso para o PS mandar à cara do PSD. É um caso para mandarmos à cara do bloco central.

Vilar, líder do PS-Coimbra e vereador na autarquia à data dos factos, é acusado dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais. É a segunda vez que este destacado elemento do aparelho socialista é acusado por este crime. No primeiro caso, que já está a ser julgado, foi acusado pelo DIAP de Coimbra, em 2007, num processo que envolve Domingos Névoa, administrador da Bragaparques. Neste processo dos CTT, Vilar incorre ainda na pena acessória de proibição do exercício de funções.

Amigos dos Correios

Edíficio que foi dos CTT - Coimbra

Deixo um conselho, gratuito, destas vez aos caros socratistas empenhados em pegar no processo CTT para tramarem o PSD: não se metam nisso. É um facto que a tendência é para o PSD sair queimado mas o PS é no mínimo chamuscado. Ou não seja o arguido Luís Vilar parte da actual Comissão Técnica Eleitoral Distrital de Coimbra do Partido Socialista.

Como se lê no JN sobre a TCN em cada operação, tinham o cuidado de estabelecer movimentos concertados junto da oposição (PS), proporcionando a todos, directa ou indirectamente envolvidos, remunerações…!”.

Além disto e como podem observar, a cor do edifício pode ser enganadora mas ao passar nas televisões é capaz de mexer no subconsciente do eleitorado.

Sugestão para laranjinhas espremidas no caso CTT

luis vilar

O processo do edifício dos Correios lá deu mais um passinho. Desta vez, e até por maioria de arguidos ou candidatos a tal, calha ao PSD a má fama, queixam-se alguns que à beira de eleições e tapando outras aventuras que doem mais para o lado do PS.

A verdade é que em Coimbra capital da corrupção estas coisas tocam quase sempre aos dois, PS e PSD.

Assim é injusto. Deixo um conselho aos aflitos: olhem melhor para Luís Vilar. Neste processo parece ser um homem perdido no meio de estranhos. Não é bem assim, Vilar não se perde. E até foi eleito para coordenar as eleições deste ano no distrito, embora quem o pronunciou (noutro processo) não tenha achado existir por causa disso risco de voltar a prevaricar:

O elenco da Comissão Técnica Eleitoral Distrital (CTED) de Coimbra do Partido Socialista, proposto por Luís Vilar à Comissão Política da Federação (CPF), obteve menos votos favoráveis do que a soma da adição dos boletins em branco e nulos e dos votos contra, disseram ao “Campeão” fontes partidárias. (…)
A indigitação de um arguido que aguarda julgamento – pronunciado pela presumível autoria de um crime de corrupção passiva, de três crimes conexos à corrupção e de um crime de financiamento partidário ilícito – tinha implicado a menos expressiva das quatro votações efectuadas na primeira reunião da nova CPF (39 sufrágios a favor, 16 contra, 13 brancos e um nulo).

Podem seguir mais pistas a partir do que escrevi quando o presidente da distrital de Coimbra do PS foi o único deputado a votar contra a lei do sigilo bancário.

E não têm nada que agradecer: mesmo que um dia vos amanheça aos quadradinhos, o sol quando nasce é para todos.