Parlamento chumbou manuais escolares gratuitos no privado. Discriminatório?

Na passada sexta-feira, o Parlamento chumbou a gratuitidade dos manuais escolares para alunos do privado. Os três projetos de lei, propostos pelo PSD, Chega e Iniciativa Liberal, contaram com o apoio dos proponentes, a abstenção do PAN e os votos contra do PS, BE, PCP e Livre.

É certo que a qualidade do ensino público e das condições que este oferece aos seus alunos tem de ser obrigatoriamente assegurada pelo Estado para toda a gente. O que, verdade seja dita, por vezes não acontece. Mas colocar os filhos no ensino particular não deixa de ser uma escolha apenas para quem tem condições para o fazer. E, apesar de algumas pessoas terem de fazer sacrifícios para o conseguirem, há muita gente que nem fazendo esses mesmos sacrifícios tem essa possibilidade.

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Juventude frustrada

Viver, estudar e trabalhar em Portugal parece um conto de fadas que rapidamente se destrói. Aos custos associados à vida de estudante, para além das propinas, transportes e alimentação, soma-se os preços inflacionados da habitação precária e das residências. Cada vez mais jovens, desistem dos cursos que outrora sonharam porque não têm capacidade para suportar todas as despesas que a vida académica e pessoal acarreta. Aqueles que conseguem terminar, vêem-se num desespero para encontrar estágios profissionais e primeiros empregos, passando, muitas vezes, por arranjar outros biscates, que nada têm haver com o que estudaram, para ganhar alguma migalha e sobreviver. Pergunto: Como é que é possível termos os jovens mais qualificados, e, ao mesmo tempo, termos a maior taxa de desemprego jovem na UE? Como é que é possível que exista tão pouco suporte para aqueles que saem da vida académica e tentam integrar-se no mercado de trabalho?

Nos dias de hoje, assiste-se a uma descrença por parte dos jovens, no que respeita a ter uma vida digna, com grandes estudos e trabalho devidamente remunerado. Já para não falar das pouquíssimas expectativas em sair de casa dos pais antes dos 25 anos, ou mesmo em comprar ou arrendar casa a preços acessíveis. A suposta solução encontrada por muitos é emigrar à procura de melhores condições de vida e salários, deixando Portugal como um país insípido onde os jovens não atingem o potencial que tanto anseiam por falta de apoios. 70% dos jovens desempregados portugueses (entre os 20 e os 34 anos) são os que estão mais predispostos a emigrar para outro país à procura de emprego, comparativamente com os jovens de todos os países da UE, de acordo com um relatório da Eurostat.

Pergunto: até quando continuaremos na cepa torta?

É urgente pensar-se em habitação académica a preços acessíveis para todos e todas, para que ninguém fique de fora ou para trás, nesta fase tão importante da formação. É urgente pensar-se na abolição das propinas, é urgente pensar-se num melhor estabelecimento de contactos entre as universidades e as empresas, para integrar pós universitários no mercado de trabalho. É urgente pensar-se em aumentar o salário mínimo. É urgente pensar-se em reconhecer os jovens e dar-lhes as oportunidades necessárias, para que possam singrar dentro de Portugal e não queiram sair.

Gente como a gente

Mostrar que isto pode ser outra coisa. Ter a sobriedade dos humildes e a ousadia dos combatentes. Romper com os elitismos e os consensos de cavalheiros. Conservar a honra e a palavra certa. Ser de confiança, tão certo como justo. Lutar sempre, até ao fim, na enchente e no recuo. Saber sair, de pé e com dignidade. Ser gente como a gente. Que a luta por uma vida melhor também é isto. É sobretudo isto.

Obrigado, Jerónimo.

No debate com Ventura, Chicão deu uma lição… a Rui Rio

O frente a frente entre Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura foi, pessoalmente, a maior surpresa desta bateria de debates. O presidente do CDS apareceu com tudo, em modo metralhadora, atirando várias coisas ao líder do Chega, falando de Luís Filipe Vieira, apresentando dados concretos sobre o RSI, reduzindo os argumentos de Ventura a populismo puro, dizendo-lhe que o Chega é um partido unipessoal, falando ainda de que o deputado de extrema-direita parece líder de uma seita religiosa, pelas “figuras” que faz nos congressos.

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Omícron – uma boa prenda de Natal?

A manipulação mediática através do medo tem conseguido atingir o seu objectivo, mas uma análise mais ponderada, não obstante o crescimento exponencial de novos infectados, mostra-nos que esta variante induz doença ligeira e, não menos importante, oferece imunidade à variante “delta”.
Lendo o quadro comparativo produzido pela CNN com dados da DGS da semana entre 20 e 27 de Dezembro de 2020 e 2021, concluímos que a “Omícron” não está a obrigar à hospitalização de muitos infectados, 9,5%, nem de internados em UCI’s, 1,6%.

Quadro comparativo 2020/2021 de 20 a 27 de Dezembro da CNN com dados da DGS

Com estes dados e depois de ouvir alguns especialistas como há pouco Manuel Carmo Gomes na SIC, será de todo aconselhável seguir a estratégia iniciada por Singapura, a de deixar esta variante correr pela comunidade, uma vez que produz doença ligeira, menos internamentos, gerais ou intensivos, internamentos menos prolongados, de modo a reforçar a imunidade da população.
Dito por outras palavras, talvez esta “omícron” tenha sido um belo presente de Natal.

No entanto, há problemas ainda a resolver e a tratar com urgência:
1 – colocar a linha SNS24 operacional JÁ, [Read more…]

Finalidades do Certificado de Vacinação e dos Testes

Vários governos de vários países instituem, como medida de precaução contra a propagação do vírus, a apresentação do Certificado Digital de Vacinação e ou de um teste PCR negativo com o máximo de 72 horas ou um antigénio com 48 horas.
Alheando-nos do acordo entre os membros da UE de livre circulação com o Certificado Digital, detenhamo-nos sobre o que nos indicam cada um desses documentos. Não dou novidade a ninguém de que o Certificado apenas indica que estamos vacinados de acordo com as normas da OMS, ou seja, com as 2 doses da vacina. Os testes demonstram, sem esquecer a margem de erro anunciado, que não estamos infectados nem somos portadores do vírus SARS-COV-2.

Nesta conformidade, pergunto: qual o propósito de obrigatoriedade de apresentação de um certificado de vacinação a para franquear entrada seja onde for? Contém, porventura, alguma prova de que não sou portador do vírus? Não, de forma alguma! O único documento que pode provar que não sou portador do vírus é o resultado negativo de um teste.
Para quê, [Read more…]

Portugal e Espanha – desenvolvimento no Sec. XXI

Passou ontem um documentário no Canal Odisseia, “Espanha desde o AR: 24 horas” que, apesar de demasiadamente sucinto, fornece-nos uma visão do desenvolvimento espanhol desde meados dos anos 90 do século passado, particularmente sobre a angariação e aplicação de fundos comunitários para o desenvolvimento económico e social de Espanha.

Aconselho vivamente a sua visualização enquanto estiver disponível, pois, apesar de mostrar muitos erros e crimes ambientais, envergonha, seguramente, todos os portugueses, em particular os políticos que nos têm governado e, mais em geral, os cidadãos do nosso país não se constituem, através de movimentos associativos e empresariais, como críticos e exigentes com quem elegem.
Creiam que vale a pena gastar esta horita e, espero eu, que nos convoque a reflectir para a urgente necessidade do exercício de uma cidadania activa.

António Costa, o rolo compressor

Goste-se ou não de António Costa, há que dizer que raramente vi tão “feroz animal” na caça ao voto. Todos os dias, sem um falhar, arrastou a comunicação social consigo para gravar e difundir todos os soundbites que entendeu. Os líderes dos partidos opositores andaram sempre a reboque do que ele dizia, sem estratégia ou sequer táctica que evitem andar atrás do prejuízo – reagir a Costa foi o timbre dos partidos à direita nesta campanha eleitoral. Nunca Costa lhes deu espaço para agir, apenas reagir a assuntos que nada tinham a ver com o que está em causa – eleições autárquicas.
A verdade é esta, António Costa conseguiu visitar, talvez, todos os principais municípios, arrasando com toda a concorrência e, sem querer ou consciente, com os seus próprios candidatos. É que, apesar de arrastar a comunicação social consigo, não ficámos a conhecer, ou a conhecer melhor os candidatos do seu partido, tão simplesmente porque só deu Costa.

Nesta campanha eleitoral para as Autárquicas, Costa foi [Read more…]

Pandemia evidencia a relevância da regionalização

A regionalização é ainda assunto de melindre e pouco consentâneo, mas os países regionalizados evidenciam características particulares que permitem à União Europeia conhecer e responder melhor às populações locais.
Ontem e hoje, por exemplo, ficámos a saber que a Região Autónoma da Madeira entrou, e bem, na “lista verde” da Irlanda, de Inglaterra e Escócia, situação que só poderá acontecer às duas regiões autónomas que temos, tendo o Continente agregado como um todo, com todas as NUTS (regiões) a influenciarem-se negativa e positivamente umas às outras.

Penso ser tempo de repensar com ponderação a questão da regionalização, sem esquartejar o país em quintais como tentaram outrora, mas tão-só reconhecer as regiões de Portugal que a União Europeia já reconhece.
Para mais, com a bazuca anunciada, faria todo o sentido que cada região pudesse decidir como investir para melhor rentabilizar os investimentos estruturais.
Entretanto, e a talhe de foice, parece muito bem avisado irmos rapidamente e em força para Sevilha!

Pedro Adão e Silva – um comissário a peso de ouro

Pedro Adão e Silva, nomeado pelo governo para preparar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril irá embolsar para o efeito cerca de 4.500 euros por mês até ao final de 2026!
Queria acreditar que fosse fake news mas, até ao momento, a notícia do Porto Canal não foi desmentida!
Não é à toa que cada vez há mais jornalistas e comentadores que não passam de porta-vozes, seja de que partido, clube ou seita for, cartilheiros ou comentadores do regime. Não! Ganha-se muito bem, bem mais do que a trabalhar e não será despiciendo perguntar se não será o amigo Carlos Silva a pagar semelhante baú de ouro. Creio bem que não, infelizmente, seremos mesmo nós!

Está tudo a saque, dirá o povo, mas nós, [Read more…]

Luís Montenegro clarificou posição de Passos Coelho

Deixou de se saber o que vai pensando Passos Coelho sobre a política do PSD e do país, se regressará ou quando regressará o afinal vencedor das últimas eleições legislativas.

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Poderá o assunto não ser relevante para muitos, mas a sua juventude, a sua experiência enquanto Primeiro-Ministro e o facto de ter sido o último a ganhar eleições no PSD, leva-me a crer que, sempre que houver eleições legislativas em breve horizonte, será ainda o mais sério candidato a líder e o mais bem-vindo entre militantes, simpatizantes e eleitores.
Ora, esta atitude extemporânea para muitos de Luís Montenegro, seu indefectível número 2, clarificou que Passos Coelho não pensa apresentar-se a líder da oposição em 2019, preferindo aguardar por 2023 onde tem a avisada esperança de [Read more…]

Brasil do caos e ódio mundial

Nas duas primeiras semanas após a eleição o presidente eleito Jair Bolsonaro já causou varias reações negativas. As mais recentes são; declarar que vai acabar com o Ministério do Trabalho, escolher uma defensora dos agrotóxicos para a Agricultura, prometer cobrar mensalidades nas universidades federais, exterminar as secretarias de Cultura e o Esporte, e não podemos esquecer da defesa ao aumento do judiciário que incidirá bilhões nos cofres públicos e das declarações de sua equipe como do “economista” Guedes que versou sobre a “pouca” importância do Mercosul para o Brasil.

O topo da lista das declarações infelizes proferidas por um homem na posição de represente de uma nação foi a desastrosa sobre Jerusalém que acabou colocado o Brasil na lista de desafetos do mundo árabe.

Vale lembrar que há no Brasil muitos árabes e parcerias comerciais.

Cada palavra proferida pelo próximo presidente é uma calamidade. Obviamente não há atos sem consequências então elas já surgiriam em manifestações e editoriais mundo a fora e outras estão a caminho. Não adiantará culpar o PT.

Melhor candidato para mulheres

O Brasil registra um quadro absurdo de violência à mulher. Dentre os agressores a imensa maioria são homens armados.

Observando o histórico de tratamento dado às mulheres de ambos candidatos eu pergunto então: quem será o candidato que promoverá a redução dessa violência à mulher?

Ps: na Foto Haddad e Ana Estela Haddad completando 30 ano de casados e renovando os votos e Bolsonaro xingando Maria do Rosário.

Fernando Haddad e Estela Haddad renovando os votos após 30 anos de casamento.

Trecho de vídeo em que Jair Bolsonaro xinga Maria do Rosário.

RIP

Portugal perdeu uma voz lúcida.

Mas qual modelo leninista?

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“Devo reconhecer que, na definição e execução das políticas económicas e sociais, o primeiro-ministro não se deixou captar pelo PCP ou pelo BE. Sempre o vi bem consciente de que o caminho defendido por esses partidos seria desastroso para Portugal e para os portugueses. O modelo leninista que querem implementar só tem gerado miséria e totalitarismo” – Cavaco Silva em Quinta-Feira e outros dias

Mas qual modelo leninista?

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Fezes de Coelho não chegam ao céu

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Todos recorremos a mecanismos de negação para lidar com situações especialmente perturbadoras, é uma forma de defesa e pode preparar a consciência para o rebate. Eu uso a desvalorização para não soçobrar à realidade. Morreram 200 mas salvaram-se 500. E há dezenas de reconfortantes maneiras de chupar um seixo… Agora, insistir nas virtualidades da austeridade para a recuperação económica de um país e na eficácia dos seus resultados tendo à frente o resumo do estudo coordenado por Carlos Farinha Rodrigues, intitulado “Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal – As Consequências Sociais do Programa de Ajustamento”, já não pode ser negação, é perversão sexual. Saborear o produto defecado e insistir em servi-lo aos outros como uma iguaria não é senão uma forma de sado-masoquismo coprofágico.

São conhecidas as primeiras conclusões do documento: o “processo de ajustamento” teve profundas consequências na distribuição de rendimentos em Portugal. Entre 2009 e 2014, os 10% mais ricos sofreram uma quebra de 13% no seu rendimento enquanto os 10% mais pobres tiveram uma quebra de 25%, o que agravou o fosso entre ambos os extremos, ou seja, a desigualdade social.

É que, na verdade, como se refere no dito estudo, a forma como os custos do “processo de ajustamento” foram repartidos entre a população portuguesa constitui um elemento essencial para a caracterização das políticas seguidas neste período. O desemprego delas resultante tornou irrelevantes os paliativos fiscais para os rendimentos do trabalho mais baixos. E, citando, o recuo das políticas sociais (no Rendimento Social de Inserção, no Complemento Solidário para Idosos e no Abono de Família), tanto na sua abrangência como nos montantes atribuídos, alterou significativa e decisivamente as condições de vida das famílias mais pobres.

Ou seja, o discurso oficial da justiça distributiva da penalização dos rendimentos revela-se uma treta absoluta em todo o seu esplendor.

A pobreza disparou, mais cerca de 143.500 pobres – eram, em 2014, números corrigidos, 2,5 milhões de pobres, quase ¼ da população -, como cresceu a intensidade da pobreza e em números que rondam os 30%, atingindo este indicador o valor mais alto desde que há registos desta natureza (2002). O estudo não leva sequer em conta a situação dos 500.000 portugueses que tiveram de fugir de toda esta carnificina programada.

Foi assim, enojado e enjoado, que ouvi ontem o debate parlamentar. Que a política se pode tornar num alucinado exercício de retórica… Mas isto, em bom inglês, já é tomates.

 

 

Postal da Festa do Avante (único)

Não há Festa como esta?

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Quando era miúda e morava em Lisboa ia religiosamente à Festa do Avante. Era perto e dava para ir lá só umas horas, ver os concertos. Não me lembro de passar lá dias inteiros. E tinha boas memórias daquilo. Talvez porque não passei lá nunca dias inteiros. Há dois anos, talvez 25 anos depois da minha última ida ao Avante, voltei lá. Desde que estou em Aveiro confesso que nunca mais me ocorreu (ainda por cima a tão poucos dias de começar o 1º semestre e imediatamente depois das férias de verão) voltar lá.

No dia inteiro que passei na Festa do Avante há dois anos, choveu copiosamente. E lá fiquei eu, um dia inteiro, com os pés na lama, sem sítios para me abrigar, apenas um chapéuzito de chuva pequenino que, à cautela, levei comigo. Não foi uma boa experiência, confesso. Tenho um problema, talvez grave, gosto pouco de transpirar e menos ainda de me sujar. Talvez isso faça de mim uma ‘capitalista’, talvez apenas uma pessoa ‘da esquerda caviar’. Não interessa o que me chamem por causa deste meu problema grave. A verdade é que gosto pouco de me sujar, de sítios sujos, de transpirar e, exceção feita às manifestações, gosto pouco de grandes ajuntamentos. Também não sou comunista, quero dizer, comunista do PCP, e talvez isso ajude a que seja incapaz de compreender ‘o espírito’ daquilo. Principalmente, repito, a sujidade. Há dois anos, talvez por causa da chuva, não reparei tanto no lixo. Também não estava tanta gente como este ano. Como fui de boleia, não reparei igualmente no problema do estacionamento. Mas lembro-me bem da sujidade das casas de banho. Da água pelo chão, misturada com terra, das sanitas imundas, dos montes gigantes de papéis sujos. É preciso ser malabarista (e isso com um corpo funcionalmente diverso é bastante difícil, acreditem em mim) para se poder usar algumas daquelas casas de banho, naquelas condições. Se há dois anos foi fácil controlar a necessidade de ir à casa de banho… bebendo menos água, este ano isso foi impossível. Há dois anos ‘jurei para nunca mais’.

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TDT – Televisão de Todos*

Estamos no ano de 2016 D.C. e toda a Europa tem uma política para a Televisão Digital Terrestre (TDT) que garante a distribuição universal de televisão a toda a população. Toda? Não. Há um país, povoado por irredutíveis portugueses, que resiste aos ganhos de cidadania, de coesão e de integração social, assim como à dinamização do mercado audiovisual, resultantes de tal solução.

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fonte: Observatório Europeu do Audiovisual

Com 5 canais na TDT, olhamos para o quadro acima e espantamo-nos com os 118 canais da Itália (67 dos quais sem custos para o espectador), 85 da Inglaterra (81 são gratuitos), 43 da Alemanha (41 não são pagos), 40 da França (31 em acesso livre) ou com os 27 em Espanha (só um é pago). E verificamos que podem existir 39 canais na TDT austríaca (13 em aberto), 26 na checa (todos de acesso livre), 25 na eslovaca (13 free-to-air), 17 na cipriota (11 grátis), 13 na búlgara e na grega (esta com apenas 2 canais pagos), ou mesmo 10 na belga ou na irlandesa (todos de acesso livre), para falar de países com população e dimensão de mercado semelhantes ou inferiores ao nosso.

As razões para esta discrepância são, no entanto, muito claras: as políticas públicas para a comunicação social têm sido sucessivamente negligenciadas e a regulação sectorial encontra-se, nesta área crucial, capturada pelas conveniências do sector das comunicações e pelos interesses dos operadores de televisão instalados. Nunca é demais lembrar que a ERC não tem, como devia ter, competências decisórias em matéria de reserva e utilização do espaço hertziano pela comunicação social.

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O banano, o sopapo e a solha

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Era uma vez um banano que andava às lostras. Muito entretido, distribuía tabefes pelas chapadas do reino quando se deparou com um imponente sopapo nas ventas que não hesitou em esbofeteá-lo com acinte: “Pfff, isso lá são bofatadas? Que saudades da pífia PAF, esses é que eram de estalo e gritos”. Abananado, o banano ainda ensaiou uma lamparina. Porém, perante a tapona da solha, abandonou e tudo voltou à normalidade no reino da bolachada.

O “caso” João Soares/António Lamas

Agora que a poeira parece começar a assentar, vamos ao “caso”.

O governo anterior (PSD/CDS) nomeou António Lamas Presidente do Centro Cultural de Belém em inícios de Novembro de 2014. O então recém-nomeado, (CV aqui, pág. 10 e 11), em entrevista ao jornal Público, já dizia ao que vinha. Vale a pena ler, mas realço isto, quando se refere a  receitas e despesas:  “A redistribuição entre os Jerónimos e Freixo-de-Espada-à-Cinta não faz sentido”.

Ainda quando se refere a investimento: “Há necessidade de investir? Não se faça um perímetro que vá até Bragança.”

Para António Lamas o que interessa é Lisboa, e o dinheiro arrecadado pelo Estado (em Lisboa) não é para ser investido no resto do País. Mais, essa receita é também para investir (em Lisboa e para ir aos fundos comunitários!). Ponto. Pela mesma lógica, a electricidade produzida em Freixo-de-Espada-à-Cinta, no Douro, não deveria ser redistribuída, e muito menos em Lisboa! [Read more…]

A liberdade está a passar por aqui…

E pronto. A partir de agora o insulto a Cavaco é punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias, agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo se feito através de meio que facilite a sua divulgação. Por seu turno, insultar publicamente o Rebelo passa a dar prisão de 6 meses a 3 anos ou multa não inferior a 60 dias. O espaço de manobra é escasso mas existe.

No ERSEhole dos outros é refresco!

 

ARSEHOLE

A redução de 6%, ou de 13% para os consumidores “economicamente vulneráveis”, que representaria o expurgo da Contribuição para o Audiovisual (CAV) da factura da electricidade e a sua “passagem para o universo das comunicações”, almejada pela ERSE corresponderia nem mais nem menos do que ao exorbitante “desconto” de € 2,81 por mês por alojamento com consumo acima dos 400 kw anuais (os consumos inferiores estão isentos).

A medida, que surge no programa do governo após negociação do PS com o BE, PCP e Verdes, inspirada pelos spinners do sector energético como solução para diminuir o montante da factura da electricidade, teria no entanto como efeito, para manter a receita da RTP (condição de concretização inscrita naquele programa), um aumento muito maior na factura das telecomunicações, cuja universo “taxável” é muito menor e muito mais flutuante. Ou seja, os cidadãos com televisão por subscrição veriam agravado o montante actual da CAV e, juntando a factura eléctrica e a das comunicações, pagariam no total muito mais do que pagam hoje! A esperteza saloia em todo o seu esplendor…

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Debate Costa vs. Passos fez cair consumo de pornografia

Em 6%. Há que saber qual é o sucedâneo, se o debate, se a pornografia. Mas o mais intrigante é perceber porque raio 94% dos utilizadores portugueses de internet ainda preferem o softcore.

O How e o Know-How

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Salvador Dali, ilustração para a Imaculada Concepção

O Porto Canal descobriu um filão neste homem que tem o condão de nos colocar permanentemente em estado de estupor filosófico. Retenhamos esta sequência, a propósito da adopção por casais do mesmo sexo:

Eu sou homem. Tenho, por exemplo, órgãos genitais de homem, pénis, testículos, etc. Não fui eu que os fiz. Não fui eu, que os fiz. É claro que eu posso… se calhar foi a minha mãe. A minha mãe já faleceu. Mas eu posso facilmente imaginar-me a perguntar à minha mãe: – olha, tu sabes fazer pénis? (…) – Oh filho, eu sei lá fazer uma coisa destas. – Mas tu fizeste 4! Ela fez 4! Mas não sabe fazer pénis!” (…) Tenho aqui um problema. Ela não sabe fazer. Mas fez!“.

Bastaria tal pequeno exercício de retórica para nos apercebermos que entre os órgãos genitais do professor Pedro Arroja se encontram a cachimónia, as cordas vocais e a língua, capazes de gerar e dar à luz, como estes, pequenos sistemas de vida intelectual antecipadamente extintos (ou seja, abortos lógicos). Caramba, ninguém lhe saberá explicar a diferença entre o fazer e o saber-fazer?

Eu tenho certos órgãos, que já identifiquei. Não fui eu que os fiz. A minha mãe, também não os sabe fazer. O meu pai muito menos. Não vejo ninguém que os saiba fazer e que os tenha feito. (…) Quem foi? Quem foi? A resposta é: foi Deus. Embora o tenha feito no ventre da minha mãe“. (…)

 

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Teatro de fantoches

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Passos e Portas consultam um batalhão de médicos que lhe confirma o diagnóstico: estão efectivamente a ser vítimas. De alucinação. Passos e Portas trocam um olhar cúmplice, gesticulam com movimentos amplos, abrem muito os olhos e saltitam duas vezes, partindo uma enorme lâmpada fundida que se formara sobre as suas cabeças. Com o susto, desatam a correr em grande algazarra e lançam-se para um lamaçal onde encontram um grupo de lesmas. Estas perguntam-lhe em uníssono: “mas, mas, mas, mas… qual é a pressa, qual é a pressa?”. Passos e Portas desenroscam e extraem as respectivas línguas, enroscando no seu lugar duas gordas e luzidias lesmas. Passos experimenta a sua, a rappar em loop: “flato lento em água mole bate mais que rock’n’roll, flato mole em água benta tanto dá que arrebenta”, enquanto Portas vai cantando, com swing: “agora não, que estou em indie gestão; agora não, que estou em indie gestão”. Nisto aparece, a arrastar-se sinuosamente, como um réptil, uma pequena banana madeirense. “É uma canção de engonhaaaaaar, tanto sono, vou dormiiiiiiiiiir, tão bela como as dentolas de uma vaquinha a sorriiiiiiiiiir”. Os médicos, que assistiram a tudo, concordam: “Meninos, afinal, a nossa Constituição é mesmo inconstitucional! Como permitiu que estes malucos sequestrassem Portugal?”. A história termina com um certo boneco do Bordalo a distribuir Pedrada e Paulada às personagens correspondentes. E aos médicos delas carenciados, folhas de beladona q.b….

Propaganda e Publicidade

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“Nove de cada dez estrelas usam Lux”, proclamava um velho anúncio, evidenciando o objectivo da publicidade: obter dos destinatários determinados comportamentos, independentemente de qualquer informação objectiva sobre o produto que quer divulgar. Esta é apenas uma das muitas técnicas publicitárias – fazendo os sujeitos acreditar que, usando um determinado produto, neste caso um sabonete, participam de um universo mitificado como o das estrelas de cinema – de tantas que, mais ou menos explicitamente, mais ou menos subliminarmente, nos fustigam a paciência e em nós procuram aquele bocadinho totó que, em maior ou menor grau, pensam haver em todos nós.
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Medina Carreira outro amiguinho de Relvas

Escrevemos aqui sobre o beija-mão de altas personalidades do PSD e do PS a Miguel Relvas durante a apresentação do seu novo livro. Mas não nos podemos esquecer da tirada deste passarão num momento épico das suas homilias na TVI quando a boca o traiu, ao ser pressionado pelo Professor Carlos Fiolhais:

Prof. Carlos Fiolhais: o diploma do “doutor” Relvas não vale nada.

Medina Carreira: o quê?

Prof. Carlos Fiolhais: … do “doutor” Relvas, o diploma não vale nada.

Medina Carreira: Nunca falei com ele, não sei…

Com a preciosa ajuda do João José Cardoso

Miguel Relvas, Paula Teixeira da Cruz e o PS dos Negócios

Não, não estamos em Palermo, Nápoles ou numa ditadura do terceiro mundo. Estamos nesse portugalito onde a Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, não perde a apresentação do livro de Miguel Relvas, o mesmo Relvas que está no centro da investigação do Gabinete da Luta Anti-fraude da União Europeia (OLAF) sobre o financiamento da empresa Tecnoforma através de fundos comunitários em 2004, quando Passos Coelho era gestor da Tecnoforma e o próprio Miguel Relvas, então secretário de Estado da Administração Local, adjudicou 1,2 milhões de euros à mesma Tecnoforma para a formação de funcionários de aeródromos. O Miguelito de costas quentes, estava radiante na apresentação. Parecia um puto perdoado pela mãe depois de partir a cristaleira.

Se tivéssemos um presidente a sério isto seria motivo para demitir a Ministra, mas não sejamos demasiado exigentes.

Aliás a lista de presenças durante a apresentação do livro de Relvas foi muito esclarecedora: Maria Luís Albuquerque, Durão Barroso, Passos Coelho, Luís Marques Guedes, vários secretários de Estado, Fernando Seara (que também não perdeu a apresentação do livro de Domingos Névoa), Marco António Costa, o empresário José Maria Ricciardi e o PS dos Negócios (tal como o definiu Seguro) representado por Jorge Coelho. Se Nuno Crato também comparecesse, Relvas conseguiria o jackpot da falta de decoro.

A grande questão é: o que sabe Relvas para ter ascendente sobre toda esta constelação? Quando a coisa tem esta dimensão o mais provável são questões de financiamento do partido e/ou de campanhas eleitorais. Nah, estou a reinar, votem outra vez nos mesmos, força!

Os amigos de Relvas

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Quando se traça a geografia política dos amigos de Miguel Relvas é impossível ficar indiferente à amplitude da máquina de influências que Relvas montou. Já conhecíamos o poder que continua a deter sobre Passos Coelho e Paulo Pereira Coelho, ambos envolvidos no caso Tecnoforma que está a ser investigado pelo OLAF (Gabinete da Luta Antifraude da União Europeia). Hoje, Durão Barroso assume a filiação ao grupo exclusivo dos amigos de Miguel Relvas apresentando o seu novo livro, no qual Aznar assina o prefácio. Este é o mesmo Durão Barroso que em Abril do passado ano lamentou que o ensino em Portugal perdeu exigência, como é sabido Relvas é a encarnação suprema da exigência do ensino nacional. Mas este é certamente um irrelevante detalhe comparado com o serviço que um ex-presidente da comissão irá prestar a uma pessoa que está a ser investigada por múltiplas fraudes curriculares e é suspeito de beneficiar a Tecnoforma quando foi Secretário de Estado da Administração Local. O ex-político mais descredibilizado do país demonstra assim ter um poder notável sobre o nosso primeiro-ministro e o ex-Presidente da Comissão Europeia. Espero que a Procuradoria Geral da República se interesse por esta questão e sobretudo que comunique muito com o OLAF.

Em Abril, Rodrigo Rato, vice-presidente do governo de Aznar, começou a ser investigado por fraude fiscal. Afinal faz todo o sentido o prefácio de Aznar ao livro de Relvas.

Adaptação de artigo publicado no diário As Beiras a 11/06/2015.

Admissão de culpa

6.egas[1]

 Foto (http://cativarparaaprender.blogspot.pt/2012/05/uma-questao-de-honra.html)

Tenho consciência, não estou esquecido, conheço a Lei, fui notificado várias vezes. Infelizmente, devido à política seguida pelo Governo nos últimos 4 anos, não tenho é dinheiro!

Versão integral publicada originalmente em: http://wp.me/p29WGc-AU