De uma conta a outra

(Como me escasseia o tempo para posts, peço a gentileza de eceitarem, uma vez ou outra, um post de um dos meus filhos, Marcos Cruz)

DE UMA CONTA A OUTRA

As suas contas cada um que as carregue, mas há contas sem ponta por onde se lhes pegue. Se eu pudesse pagá-la em simpatia, pois nada me importaria, só que além de eu saber que ninguém a aceitaria, sei também que não ma devolveria. Faria dela refém, e com ela ficaria, quem de mim não recebesse, a mal ou a bem, tudo quanto lhe cabia. Eu, por mais voltas que desse, só novamente a veria quando me resolvesse a pôr as contas em dia. Mas se, de repente, me saísse a lotaria, toda aquela gente me perdoaria a dívida pendente, esperando que tal simpatia, por ser de categoria, me enchesse de gratidão, a ponto de abrir a mão e, literalmente, tornar a conta corrente. Então, se eu aumentasse a quantia e, por juros de não-cobrança, lhes desse mais do que devia, até mostrar cagança poderia, que à santidade o meu bom nome subiria. Na verdade, assim é a nossa Bolsa de Valores: uma valsa de cobrados e cobradores. Quem melhor a dança é quem não tem amores para além da finança. É uma fidelidade cómica, mas dela vive o fiel da balança económica. A nós, pecadores, não nos resta outra saída senão amar a balança da vida, esperando que seja devida a frase que desde criança por todos nós é ouvida: ‘Enquanto há vida, há esperança!’.

O capitalismo é reformável?

Copenhaga levanta muitas questões, uma delas é esta. A que título as geraçõess vindouras e os povos que ainda não alcançaram o bem estar, estarão preocupados com este sistema, que se mostra injusto, poluente, mas o único que cria riqueza acumulável?

O que se vê é que as gerações jovens consomem muito mais do que a minha geração, o que não impede que todos estejam a favor do ambiente, contra a destruição do planeta.

A verdade é que, ou há alguem capaz de renunciar ao consumo, a este nível de consumo, ou então a saída é o sistema, destruindo, ser capaz de inventar formulas e conceitos que só o desenvolvimento da tecnologia e da ciência permitem. Acabamos com o desenvolvimento assente no petróleo, por esgotamento deste, mas a tecnologia das pilhas, por exemplo, permite manter o modo de vida com vantagens ambientais. Mas antes da existência das pilhas ninguem acredite que os automóveis vão deixar de entrar todos os dias na cidade.

Aqui não funciona o altruísmo nem a solidariedade, funciona o consumo e o bem estar, por isso, não vale a pena fazer de conta que o problema é do sistema.

Mas, por outro lado, coloca-se a questão. Mas, então, o capitalismo é a fase final do desenvolvimento da Humanidade? Está tudo inventado com o capitalismo? Não há formulas alternativas mais justas e mais equilibradas social e sustentavelmente?

O que está á frente dos nossos olhos em Copenhaga, como já todos perceberam, é os países que estão acomodados a guardar o seu quinhão, e os países em vias de desenvolvimento a precisarem de poluir mais para chegarem aos níveis de bem estar que a sua população exige!

E a verdade é que não se vê alternativa, a não ser talvez, o bom senso! Nós todos, os que poluem mais deixar de poluir tanto, para que outros possam poluir um bocado. É isto, uma saída sustentável? Não é! A população que espera a sua vez é muito mais numerosa que a que goza previlégios de bem estar. É a tecnologia e a ciência que irão abrir novos caminhos sustentáveis e menos poluentes?

Ao fim de todos estes anos de procura de novos sistemas de produção e repartição, onde estão as alternativas?