Remendos públicos de combate ao desemprego

Desemprego Subsídio

Não deixa por isso de ser curioso, e até revoltante, que os partidos da esquerda venham agora em uníssono criticar a criação de emprego através de estágios, empregos subsidiados ou a aposta em formação de desempregados, só porque são uma importante componente da baixa do número de desempregados. [Duarte Marques@Expresso]

Não Duarte: revoltante é o governo anunciar o milagre do emprego quando este assenta essencialmente em estágios, empregos subsidiados ou formação de desempregados cuja variável comum é a precariedade. Revoltante é saber que estas políticas não passam de remendos que não garantem colocação no mercado de trabalho. Revoltante é ver um governo apostado em privatizar o país, em avançar com mais despedimentos na função pública e diminuir o papel do Estado na economia para depois implementar programas através dos quais financia até 80% dos salários dos desempregados contratados pelas PME’s. Revoltante é o calculismo de programas como o Reactivar, baseados em remunerações baixas e com a duração de apenas 6 meses, cujo término coincide com as Legislativas em Outubro. Revoltante é a constante manipulação dos números do desemprego com fins meramente eleitoralistas. Não confunda remendos com políticas públicas de combate ao desemprego senhor deputado. Não sei o que lhe ensinaram em Castelo de Vide mas não são a mesma coisa.

Sai mais uma fornada de estágios para mascarar os números do desemprego

Desemprego

Enquanto as tropas do PaF acenam com o milagre da recuperação do emprego, a realidade, essa malvada, insiste em deitar por terra as mais variadas tentativas de manipulação do departamento de engenharia política do desemprego. Depois das notícias da passada semana, o Publico revelou ontem novos números que deitam por terra a propaganda laranja-azul. Sócrates prometeu 150 mil empregos, Passos Coelho destruiu o dobro: 298 mil empregos desapareceram no espaço de 4 anos. Notável.

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Os estágios algo complicados

Gonçalo Castilho dos Santos dedica-se agora à  fé, a Lusa à incompetência habitual.

O PEPAC era um programa que visava proporcionar 5000 estágios a jovens licenciados. Estava tão bem organizado que só 2500 foram colocados. Parece anedota mas não é. Basta passar pelos blogue Porque Estágios Parecem Algo Complicado para entender que houve trapalhada da grossa.

E que faz a Lusa? ouve o actor que representa neste governo o papel de Secretário de Estado da Administração Pública, o qual

admitiu que o número fica “aquém” das expectativas para o programa, fruto do próprio funcionamento do sistema, mas disse acreditar que nos próximos dias haverá ainda “várias centenas” de jovens a aceitar os convites endereçados.

Ou seja: o sistema não funcionou, e passamos para a fé. Ele acredita. Eu tenho a certeza absoluta que só neste governo teria lugar acima das suas capacidades intelectuais, que o habilitam eventualmente para um estágio na área dos serviços de limpeza, e mesmo assim acho que estou a facilitar.

1300 estágios para licenciados em Direito

Foi anunciada a criação por parte do Governo de 5000 estágios, sendo 1300 para licenciados em Direito.

Face a isto, a Presidente da Associação Nacional dos Jovens Advogados, Joana Pascoal, veio defender a tese que esta é a prova de que não há Advogados a mais.

Sobre o número execessivo de Advogados já escrevi no Aventar, e recordo sumariamente:

“- Em 1991, a totalidade de cursos de Direito em Portugal “produzia” cerca de 1.500 licenciados por ano, sendo que a partir de 1994 passou para cerca de 2.000 por ano. Destes, em média, cerca de 82% inscreveram-se como Advogados (após conclusão do respectivo estágio).

– Em 2003, havia cerca de 20.000 advogados inscritos na Ordem dos Advogados (doravante OA).

Hoje, existem cerca de 31.000, dos quais cerca de 27.000 exercem, sendo cerca de metade, jovens advogados (com inscrição na OA há menos de 10 anos). Uma racio de um advogado para cada 350 habitantes (na Áustria será um para cada 4.200, na França um para cada 1.800).”

A decisão do Governo, prende-se com a preocupação de fazer baixar o número de licenciados inactivos, sem saída profissional ou sequer ocupação. Porque primeiro licencia-se sem limites e depois é que se vai arranjar modo de ocupar todos os doutores e engenheiros que este Governo tanto gosta agitar como grande bandeira.

Trata-se de remendar, e mal, políticas de ensino desadequadas do mercado de trabalho, com especial relevo para a proliferação de licenciaturas em Direito. Bem como baixar, estatisticamente, as racios de desemprego e de inactividade de milhares de licenciados em Portugal. Tanto mais que é sabido o crescente número de jovens licenciados que nem sequer o primeiro emprego conseguem conquistar.

O que está em causa é ocupar e dar alguma saída a licenciados em Direito, não é dar empregos a Advogados.

Uma coisa é haver – e há, certamente – carência de Juristas seja na Administração Pública seja nas empresas privadas. Outra coisa é que se confunda ser Jurista com ser Advogado.

Quando não se sabe, ou não se quer ver, a diferença, algo está muito mal.