Juventude frustrada

Viver, estudar e trabalhar em Portugal parece um conto de fadas que rapidamente se destrói. Aos custos associados à vida de estudante, para além das propinas, transportes e alimentação, soma-se os preços inflacionados da habitação precária e das residências. Cada vez mais jovens, desistem dos cursos que outrora sonharam porque não têm capacidade para suportar todas as despesas que a vida académica e pessoal acarreta. Aqueles que conseguem terminar, vêem-se num desespero para encontrar estágios profissionais e primeiros empregos, passando, muitas vezes, por arranjar outros biscates, que nada têm haver com o que estudaram, para ganhar alguma migalha e sobreviver. Pergunto: Como é que é possível termos os jovens mais qualificados, e, ao mesmo tempo, termos a maior taxa de desemprego jovem na UE? Como é que é possível que exista tão pouco suporte para aqueles que saem da vida académica e tentam integrar-se no mercado de trabalho?

Nos dias de hoje, assiste-se a uma descrença por parte dos jovens, no que respeita a ter uma vida digna, com grandes estudos e trabalho devidamente remunerado. Já para não falar das pouquíssimas expectativas em sair de casa dos pais antes dos 25 anos, ou mesmo em comprar ou arrendar casa a preços acessíveis. A suposta solução encontrada por muitos é emigrar à procura de melhores condições de vida e salários, deixando Portugal como um país insípido onde os jovens não atingem o potencial que tanto anseiam por falta de apoios. 70% dos jovens desempregados portugueses (entre os 20 e os 34 anos) são os que estão mais predispostos a emigrar para outro país à procura de emprego, comparativamente com os jovens de todos os países da UE, de acordo com um relatório da Eurostat.

Pergunto: até quando continuaremos na cepa torta?

É urgente pensar-se em habitação académica a preços acessíveis para todos e todas, para que ninguém fique de fora ou para trás, nesta fase tão importante da formação. É urgente pensar-se na abolição das propinas, é urgente pensar-se num melhor estabelecimento de contactos entre as universidades e as empresas, para integrar pós universitários no mercado de trabalho. É urgente pensar-se em aumentar o salário mínimo. É urgente pensar-se em reconhecer os jovens e dar-lhes as oportunidades necessárias, para que possam singrar dentro de Portugal e não queiram sair.

O porco e a lama

Uma das maneiras mais claras de ser desonesto consiste em fazer generalizações. Uma pessoa quer dar a sua opinião sobre um assunto, franze um sobrolho experiente e descarrega a sua generalização: os pretos, as mulheres, os ciganos, os homens, os professores, os médicos, os adolescentes, as enfermeiras, as crianças, os jovens de hoje em dia. Dessa descarga nascem injustiças, racismos vários e xenofobias laborais (porque há muita gente com certezas absolutas sobre profissões que nunca exerceu).

Macário Correia afirma que a maioria dos desempregados no Algarve não quer trabalhar. Por uma razão muito simples: Macário Correia conhece todos os desempregados algarvios, o que lhe permite chegar à conclusão de que a maioria não quer trabalhar.

Se Macário Correia não conhecesse todos os desempregados do Algarve, estaria a ser um porco que, ao refocilar na televisão, espalharia lama sobre milhares de algarvios, o que seria inaceitável. Macário Correia não quereria decerto estar ao nível de um católico como Pedro Mota Soares ou de um holandês que reduz tudo a gajas e vinho ou de um alegado jornalista.

De qualquer modo, quero que fique claro: os porcos não são todos iguais.

André Ventura, a voz de toda a direita

Entre muita direita, mesmo a católica, há a ideia de que só está desempregado quem quer ou só é pobre quem não tem mérito para ganhar dinheiro.

O Chega, para viabilizar a geringonça açoriana, impôs a redução dos apoios sociais no arquipélago. Os pobres e/ou os desempregados têm é de se fazer à vida.

Essa mesma direita – que inclui o PS do Manuel Pinho que aconselhava a investir em Portugal, porque temos salários baixos – está sempre a gritar que é preciso criar uma legislação laboral mais flexível, que é preciso poder despedir mais facilmente.

André Ventura vem, agora, com a ideia de que é preciso pôr essa malta do Rendimento Social de Inserção (RSI) a trabalhar, continuando a pagar-lhes o mesmo.

Não sei se isto é próprio da esquerda, mas acredito que, num país civilizado, é assim: o trabalho implica salário e não esmola ou subsídio. Há trabalho para se fazer? Pague-se um salário.

É verdade que o Estado é um dos patrões que mais se alimentam de vários embustes, como o de não abrir vagas necessárias na Função Pública, impondo a precariedade – basta ver os milhares de professores que trabalham há anos sem vínculo, o que mostra que são necessários ao funcionamento de um sistema que só lhes quer pagar o mínimo possível, uma espécie de trabalhadores à jorna, carne para canhão. O inaceitável praticado por uns não torna aceitável qualquer inaceitável.

Ventura não diz as verdades, mas diz aquilo que muita gente de direita gosta de ouvir e nem sempre tem coragem para dizer, por saber que é eticamente vergonhoso. A subida do Chega faz-se à custa, aliás, desta gente que não gosta de sociedade e que prefere a selva, aquela em que apenas sobrevivem os mais fortes. Ventura é só um PSD que perdeu a vergonha.

Covid-19 – apoios governamentais às empresas e protecção dos direitos dos trabalhadores

Ricardo Paes Mamede

Estive em reunião durante a manhã e ainda não tive tempo para analisar em detalhe as medidas anunciadas pelos ministros das Finanças e da Economia. Mas uma dúvida me surge desde já. Será possível que o governo não preveja nenhumas condições para as empresas que vão ter acesso aos apoios financeiros? Em particular, quem recebe apoios não tem de assumir compromissos quanto ao não despedimento dos trabalhadores?

Note-se que há vários motivos para os Estados apoiarem as empresas numa situação destas, uma delas é minimizar os despedimentos motivados por falta de liquidez. Se as empresas vão receber apoios sem terem de se comprometer com o pagamento de salários e o não despedimento de trabalhadores, já se está a ver o que vai acontecer: muitos oportunistas (e há-os aqui como em qualquer lado) vão pedir apoios, despedir trabalhadores e declarar falência de seguida. Para a sociedade como um todo o que teremos é mais desemprego e mais dívida pública. [Read more…]

Reforma da Previdência é Golpe no Trabalhadores Brasileiros

O Brasil segue a passos largos em direção ao abismo, com a batuta de um presidente ignorante. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) atualizou o montante de dívidas de empresas com a Previdência. As empresas que patrocinam as mídias, devem 935 bilhões (quase R$ 1 trilhão) a previdência. É por isso que todos os dias eles defendem a tal reforma em todos os veículos de comunicação. O problema do suposto “deficit” na previdência, vai para a conta de milhares de brasileiros.

Enquanto isso o boçal Jair questiona os dados do IBGE que discute o aumento de índice desemprego.  O Chergista Duke traduziu a situação de mais de 13 milhões de desempregados no país.

 

 

 

 

JM Branco: “Não vemos malta do povão, da ferrugem”

José Mário Branco no Jornal i sobre o Bloco:

Burguês?
Com certeza. Não vemos malta do povão, da ferrugem. É preciso procurar muito bem um operário do Bloco.

Os precários e os desempregados, dois dos principais setores da sociedade que mais sofrem, são um mar de gente no Bloco, quer entre os simpatizantes quer entre os aderentes. Enchem o Bloco de baixo para cima. Entre os quadros eleitos do Bloco, mesmo entre os mais mediáticos, a precariedade laboral é praticamente a regra. Quem conhece bem o Bloco, quem frequenta as suas concelhias da pequena à grande cidade sabe que desempregados e precários é mato.

Não, o Bloco não tem tantos operários como o PCP, é verdade. Mas o Bloco está muito mais implantado entre os setores da pobreza mais profunda do país. Alguns destes setores, o PCP tem vergonha de representar (este bitaite do J.M, Branco é muito colado ao que ouvimos do PCP quando critica o Bloco), como os beneficiários do RSI, as etnias minoritárias e os que nada têm e nada recebem (que não são assim tão poucos). O Comité Central do PCP tem muitos preconceitos sobre estes setores, muitos militantes até revelam em conversas informais que se tratam de malandros, ouvem-se mesmo comentários racistas. Mas o mais chato é que estes setores não são nada práticos para o PCP, não entram bem nas caixinhas controladas pelo Comité Central, nos sindicatos e nas organizações profissionais com e sem ferrugem. [Read more…]

Desemprego recorde no Brasil

O IBGE divulgou nessa sexta-feira, 27, novos dados sobre situação dos desempregados no Brasil. O resultado é o novo recorde de número de desempregados.

O número de desempregados no país aumentou em 1,379 milhão de pessoas, o que representa uma alta de 11,2%. Temos quase 14 milhões de pessoas desempregadas. Ainda segundão o IBGE, o número de desocupados é o maior desde julho, quando também ficou em 90,6.

A velha forma de governar da direita golpista brasileira: pobreza, miséria, desemprego parabéns aos envolvidos.

Da série “O aumento do SMN que nos há-de lançar no abismo”

Taxa de desemprego cai para 8,9% da população activa, o valor mais baixo desde Novembro de 2008. Entre outras coisas.

8,8%

Foto: Lusa@Dinheiro Vivo

é o valor em que se fixou a taxa de desemprego no 2º trimestre de 2017. Falamos de um recuo na casa dos 19% face a período homólogo (10,8%), 13% quando comparado com o primeiro trimestre do ano (10,1%). A catástrofe é tal que, para atenuar a carga negativa desta posta, citarei esse jornal esquerdalho que é o Expresso:

Estes números significam que o crescimento do emprego líquido ultrapassou a redução do desemprego, indicando que se está a ir buscar pessoas à emigração (regresso de emigrantes portugueses ao país) ou à inatividade.

E pronto, agora é esperar pela chegada do Diabo, que segundo informações avançadas pelos papagaios do líder da oposição deve estar mesmo mesmo para chegar. E ter medo, que isto não vai lá com gente de tomates.

É sim senhor, Dr. Passos Coelho

O líder do PSD fez a habitual visita à Ovibeja, terra de perigosos comunistas, e aproveitou os seus cinco minutos de imprensa para dizer ao país que o mérito pela descida do desemprego é das reformas laborais implementadas pelo seu executivo. E desta vez, honra lhe seja feita, o Dr. Passos Coelho até tem alguma razão. Só em não-piegas que naqueles anos abandonaram o país, o governo liderado por Passos Coelho conseguiu a proeza de reduzir significativamente os números dos centros de emprego. Dos centros de emprego e da população jovem, fértil, activa e licenciada, alegadamente a melhor preparada de sempre. Tem toda a razão, o senhor deputado. Ainda no outro dia, o seu colega Carlos Abreu Amorim fez questão de recuperar esse grande feito. Saudades daqueles tempos de boa engenharia.

Foto: Nuno Ferreira Santos@Público

 

Catástrofe no mercado laboral

bate novo recorde em Março. O drama.

Caos instalado nos centros de emprego

uma

Num passado não muito distante, dados como aqueles que a imprensa ontem revelou sobre o desemprego, com aquela timidez que vem marcando a era da Geringonça, teriam enchido capas de jornais durante vários dias. Porém, na ausência de manchetes bombásticas e publicações patrocinadas no Facebook, teremos que nos contentar com meros factos: seria necessário recuar ao final da década de 80 para assistir a uma sequência de quatro meses em que o número de inscritos nos centros de emprego não parou de diminuir. Nada mais nada menos que 28 anos[Read more…]

Indignações selectivas da clique neoliberalóide

JSH

Não é amnésia Jorge. É mesmo aquela cara de pau a que muitos destes tipos já nos habituaram. E não se resume a esta situação, que como o teu post explica, e bem, não melhorou com a extinção dos Serviços Florestais levada a cabo pela clique neoliberalóide de Pedro Passos Coelho.

Mas se vamos falar sobre notícias que poderiam ser capa há um ano atrás e sobre o efeito que teriam, que dizer dos números do desemprego, que no primeiro semestre recuaram para níveis de 2009 e que no trimestre passado desceram para o valor mais baixo dos últimos cinco anos? Quantas capas teriam o Sol, o I ou o Correio da Manha dedicado ao tema e quão inchado estaria o peito dos distintos deputados? E o que dizem eles agora? Nada.  [Read more…]

Da série “Temei! O fim está próximo”

Taxa de desemprego mantém-se inalterada em Junho, apesar do aumento ligeiro de pessoas a trabalhar. E o fim do mundo que teima em não chegar…

Dia de luto para a direita radical: número de inscritos nos centros de emprego recua para valores de 2009

IEFP

Até pode ser uma questão sazonal, um esquema qualquer de engenharia política ou um programa de estágios manhosos oculto, daqueles que o governo PSD/CDS-PP usava para aldrabar os números do desemprego. Pode ser tudo junto. A diferença, é que enquanto durou o quase crime da caranguejola, qualquer notícia que desse conta de uma descida tão significativa do número de inscritos nos centros de emprego, principalmente quando os números nos chegam do IEFP e são apresentados como os mais baixos desde 2009, teria enchido capas e inundado as redes sociais da imprensa ao serviço do velho regime. Por algum motivo, só deu para este quadradinho e para umas poucas peças, tímidas e quase sem destaque nenhum. No ministério da propaganda, impera o silêncio. Alguém lhes dê um flute para acalmar os nervos.

Recorte encontrado na infame página d’Os Truques da Imprensa Portuguesa

Fim da linha para o embuste passista do desemprego

Já muito se falou por cá sobre a manipulação dos números do desemprego levada a cabo pelo anterior governo. O vídeo do professor José Reis para a Geringonça clarifica, com maior detalhe, os contornos de um dos maiores embustes da liderança Passos/Portas, um embuste agora totalmente exposto e que apenas gerou mais precariedade e cujas repercussões serão sentidas durante muito tempo. Assim se arrasa a propaganda da direita parlamentar.

Recortes de uma chacina laboral (2011-2015)

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Aparentemente, Pedro Passos Coelho não encontra motivos para celebrar o Dia do Trabalhador. Segundo o ex-primeiro-ministro que espezinhou direitos laborais e que se esforçou arduamente por precarizar e transformar o mercado laboral num oásis de mão-de-obra barata para abutres, a situação do emprego em Portugal é preocupante, isto apesar da tímida redução do desemprego registada em Março que, há uns meses atrás, seria motivo para fogo-de-artifício e bandas a tocar na São Caetano.  [Read more…]

O predador que fala

Se eu fosse um desempregado a morrer de fome, tenho a certeza absoluta de que preferiria um emprego mal pago à morte por inanição, porque o mau, como é evidente, será sempre melhor do que o péssimo.

Não se pode condenar, portanto, o indivíduo que, diante das circunstâncias, opta por uma vida um pouco menos miserável, se é isso que a vida ou o país ou os dois têm para lhe oferecer.

Contudo, enquanto, num país, houver um único cidadão que esteja limitado a escolher entre a frigideira e o fogo, é o país que está a falhar. Se essa situação se multiplica, estamos a falar de um país falhado.

Há uns anos, escrevi sobre enfermeiras que trabalharam a troco de comida (houve quem chamasse a isso empreendedorismo); mais recentemente, espantei-me com o empreendedorismo da exploração de outros enfermeiros; pelo meio, comentei os elogios dirigidos a um menino muito empreendedor.

António Saraiva, ao defender que é preferível a precariedade ao desemprego, confirma o seu papel de macho alfa no bando de bestas quadradas que chamarão empreendedorismo ao acto de tentar encontrar comida no meio do lixo.

Um território dominado por predadores desta estirpe será sempre uma selva. Sociedade e civilização são conceitos diferentes.

#ConselhosdoPassos: o desemprego é uma oportunidade

Sim miserável: o desemprego é uma oportunidade. Não tens como pagar as contas? Não sabes o que comer amanhã? Não podes pagar cuidados de saúde? O banco quer despejar-te? Não sejas piegas e agarra lá essa oportunidade que é ser desempregado. Mau seria se o primeiro-ministro andasse a sugerir aos portugueses que deixassem de fumar ou que passassem a fazer mais uso dos transportes públicos. Isso é coisa de esquerdalhada subsídio-dependente que não quer empreender.

via Tretas.org

Sobre a Desigualdade num Mundo Globalizado

Stiglitz foto

Foto: Jen Osborne

Joseph E. Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001 e ex- economista-chefe do Banco Mundial é um dos mais reconhecidos autores em matéria de desigualdade e uma das vozes mais críticas em relação à globalização comercial e financeira.
Excerto de uma entrevista a Joseph E. Stiglitz publicada na edição de 22.09.15 no jornal alemão der Freitag:
(…)
Stiglitz: Em todo o caso, é mais do que claro que o programa de reformas acordado com a Troika vai agudizar ainda mais a recessão no país (Grécia).
Jornalista: O ministro das Finanças Wolfgang Schäuble responder-lhe-ia: Veja a Espanha, Portugal ou a Irlanda: nestes países voltou a haver crescimento e o mercado de trabalho está a recuperar.

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O inútil

O vizinho que ficou desempregado há dois anos faz umas horitas nas lojas da rua. Meia hora na sapataria, três quartos de hora no parque de estacionamento, duas horinhas na loja ortopédica. O suficiente para que os donos, que já não têm dinheiro para contratar empregados, possam dar um saltinho às finanças, ao banco, a tratar daquele assunto que tem de ser em horário de expediente. Ele faz tudo sem ligar nenhuma a nada. Não está para vender nem para dar explicações. É só mesmo dizer que o patrão vem já, que é melhor passar depois, e garantir que ninguém deita a mão a nada. Aceita cartas e encomendas, atende o telefone para dizer que o patrão vai estar da parte da tarde. Mais do que isso não é com ele.

Assim que fica livre, vai sentar-se na cadeira de rodas que está todo o dia em exposição à porta da loja ortopédica. A cadeira está protegida por um plástico que já começou a rasgar-se, mas o dono da loja sente-se em dívida e não diz nada. Sentado na cadeira, a olhar o mundo a passar, aí é que ele se sente bem. Se pudesse dedicar-se a isso na vida… [Read more…]

Não voto Nuno Crato (II)

IMG_20140926_110431Nuno Crato foi um dos mais competentes Ministros de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. E, tal apreciação, é de fácil validação –  que Ministro despediu mais gente?

Quem foi o Ministro que conseguiu ser mais eficaz a exterminar trabalhadores da Função Pública? Acertou!

Nuno Crato.

O primeiro ano lectivo preparado pelo sr. do plano inclinado foi o de 2011/2012. Ora, nas Escolas Públicas portuguesas no ano anterior tinham trabalhado 162625 docentes (os números são do próprio MEC). Em 2013/2014, o último ano com número conhecidos estiveram a leccionar 141850. Em dois anos 20775 trabalhadores despedidos. Conhecem alguma empresa em que isto fosse possível?

A esta hora, estará a pensar na profunda demagogia deste texto porque não estou a considerar a descida no número de alunos. No mesmo período o número de alunos nas Escolas Públicas desceu 6,24 % enquanto o despedimento atingiu 12, 77%.

Não foi a natalidade que despediu professores. Foram duas convicções:

  • para Nuno Crato,  menos escola pública é suficiente para formar os portugueses, porque isso de ser Doutor é apenas para alguns;
  • a Escola Privada deve ser apoiada e receber mais dinheiro porque os patrões dos privados são nossos amigos.

Nunca, como nesta legislatura se assistiu ao desinvestimento na Escola Pública.

Nunca, como com Nuno Crato, o dinheiro passou da Escola Pública, de todos nós, para a Escola Privada, que é, apenas de alguns.

Pela Escola Pública, dia 4 não voto em Nuno Crato.

#naovotonunocrato

Remendos públicos de combate ao desemprego

Desemprego Subsídio

Não deixa por isso de ser curioso, e até revoltante, que os partidos da esquerda venham agora em uníssono criticar a criação de emprego através de estágios, empregos subsidiados ou a aposta em formação de desempregados, só porque são uma importante componente da baixa do número de desempregados. [Duarte Marques@Expresso]

Não Duarte: revoltante é o governo anunciar o milagre do emprego quando este assenta essencialmente em estágios, empregos subsidiados ou formação de desempregados cuja variável comum é a precariedade. Revoltante é saber que estas políticas não passam de remendos que não garantem colocação no mercado de trabalho. Revoltante é ver um governo apostado em privatizar o país, em avançar com mais despedimentos na função pública e diminuir o papel do Estado na economia para depois implementar programas através dos quais financia até 80% dos salários dos desempregados contratados pelas PME’s. Revoltante é o calculismo de programas como o Reactivar, baseados em remunerações baixas e com a duração de apenas 6 meses, cujo término coincide com as Legislativas em Outubro. Revoltante é a constante manipulação dos números do desemprego com fins meramente eleitoralistas. Não confunda remendos com políticas públicas de combate ao desemprego senhor deputado. Não sei o que lhe ensinaram em Castelo de Vide mas não são a mesma coisa.

A verdade por trás do cartaz do PS

Cartaz PS

Os cartazes da campanha do Partido Socialista têm dado muito que falar. Depois do momento evangelista-seita, tão inspirador para uma nação em apuros à procura de uma luz ao fundo do túnel, a estratégia do partido socialista espetou-se ao comprido com o episódio em que os rostos de funcionários da junta de freguesia socialista de Arroios foram usados para figurar em cartazes que contavam histórias que aparentemente nada tinham que ver com eles. E fico-me pelo “aparentemente” pois confesso que nunca fiquei totalmente esclarecido sobre se o embuste abrangia a totalidade dos cartazes ou apenas a parte. Em todo o caso, um embuste. [Read more…]

Tempos de cinismo

demontar a propaganda - emprego

Vai ser uma campanha eleitoral cínica, está visto. O PSD a chorar lágrimas de crocodilo quanto aos emigrantes e a pretender que não foi o seu ir mais além da troika que afundou o país mais do que de outra forma se afundaria. E o PS a mandar umas larachas, pretendo que nos esqueçamos do que foram os anos loucos de Sócrates.

Mas não haja ilusões. Estas eleições são para avaliar o que o PSD/CDS fez ao país. Não vamos avaliar novamente a governação socialista, por mais que os propagandistas da direita desejem.

Entre os cínicos dos cínicos, conta-se Marques Mendes.

“A matéria do desemprego devia ficar de fora da luta política” [daqui]

Depois de assistirmos ao governo, durante meses e meses, pretender que o país melhorou, recorrendo a truques elementares, este avençado da SIC, pertença do sócio número 1 do PSD, procura virar o bico ao prego, pretendendo que é a oposição que está a usar a desgraça dos outros para fins eleitorais.

No fundo, no fundo, é um mistério o desemprego a baixar sem o emprego aumentar. Ou se calhar não.

IEFP apagou 56,3 mil desempregados por mês desde o início do ano e 60 mil só em Junho

desemprego

O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), tutelado pelo Ministério do Emprego e da Segurança Social, “eliminou dos ficheiros” uma média de 56,3 mil desempregados por mês desde o início do ano; 60 mil em junho, mostra um estudo do economista Eugénio Rosa. Esta “limpeza” permite ao governo anunciar números de desemprego registado muito mais favoráveis, acusa. [d]

O sindicalismo conformado da UGT

Questionado sobre se há aproveitamento político dos números do desemprego, Carlos Silva realçou que “a UGT não entra no processo partidário” e que “não vale a pena esgrimir os números oficiais” [RTP]

O ciclo interminável da manipulação dos números do desemprego

centro de emprego

Foi notícia no final da passada semana que o governo estava furioso com o INE devido a uma actualização que o instituto fez nos números do desemprego relativos ao mês de Maio. É irónico que o governo fique furioso com supostas manipulações destes valores quando se dedica permanentemente às mesmas. Nós por cá temos aventado bastante sobre essas manipulações, do esquema dos estágios à omissão do impacto da emigração, passando pelas alterações nas regras de contabilização do IEFP ou pela recente patranha de Bruno Maçães. É a engenharia política do desemprego em todo o seu esplendor.  [Read more…]

Taxa de desemprego em JUN 2011 foi 12.1%

desemprego 2011

A imagem supra mostra duas coisas. À esquerda pode-se ler o tweet do Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, onde este reclama com o Wall Street Journal quanto aos números do desemprego. À direita está a nudez dos factos, copiados directamente das estatísticas oficiais publicadas pelo INE.

Em primeiro lugar, há a questão do Sec. Estado estar objectivamente a mijar fora do penico, já que, como se constata, a sequência de tweets nada ter a ver com assuntos europeus. Mais um caso em que a boiada usa o assento no estado para promover propaganda partidária.

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Sai mais uma fornada de estágios para mascarar os números do desemprego

Desemprego

Enquanto as tropas do PaF acenam com o milagre da recuperação do emprego, a realidade, essa malvada, insiste em deitar por terra as mais variadas tentativas de manipulação do departamento de engenharia política do desemprego. Depois das notícias da passada semana, o Publico revelou ontem novos números que deitam por terra a propaganda laranja-azul. Sócrates prometeu 150 mil empregos, Passos Coelho destruiu o dobro: 298 mil empregos desapareceram no espaço de 4 anos. Notável.

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