Deixem as mulheres e os homens biológicos em paz

Um dos temas mais delicados da actualidade, e por isso, a meu ver, urgente discutir, é a batalha dos géneros, que se insere num conflito macro ao qual se convencionou chamar Guerra Cultural.

Fala-se dessa Guerra Cultural como se ela fosse um produto dos nossos dias. Mas ela existe desde sempre, de cada vez que um grupo ou minoria se levantou para mudar o status quo e bateu de frente com a ruling elite. São necessariamente radicais, porque – literalmente – propõem mudanças profundas. E encaradas de forma igualmente hostil pelo poder vigente, falemos da emancipação das mulheres, da abolição da escravatura ou dos direitos LGBT.

No caso concreto do género, o nível de radicalização, sobretudo à esquerda, atingiu um patamar tal que entramos no domínio da pós-verdade e da negação da ciência, algo que se reflecte em algo que a mim me preocupa que é a tentativa de suprimir o conceito biológico de homem e mulher, como se tal fosse matéria de ideologia. [Read more…]

David não é Ron Jeremy

Nem só de wokes alienados se faz a imbecil cultura do cancelamento. Nos EUA – where else? – um puritano evangélico entendeu que apresentar uma imagem do David de Michelangelo nas aulas dedicadas ao Renascentismo era expor o seu filho a pornografia.

Sim, pornografia. Para este indivíduo, a pila de pedra do David equivale a uma suruba suada com esperma por todo o lado.

Ou vocês acham que os fundamentalistas religiosos são melhores que os fundamentalistas que querem “higienizar” a semântica?

É tudo malta muito virtuosa.
E estúpida.

Quem se lixou foi a directora da escola – privada – que acabou no olho da rua.

A guerra cultural em curso tem tanto de patética como de perigosa. E ambos os lados da contenda são igualmente dementes.

E inimigos da democracia.