Nem só de wokes alienados se faz a imbecil cultura do cancelamento. Nos EUA – where else? – um puritano evangélico entendeu que apresentar uma imagem do David de Michelangelo nas aulas dedicadas ao Renascentismo era expor o seu filho a pornografia.
Sim, pornografia. Para este indivíduo, a pila de pedra do David equivale a uma suruba suada com esperma por todo o lado.
Ou vocês acham que os fundamentalistas religiosos são melhores que os fundamentalistas que querem “higienizar” a semântica?
É tudo malta muito virtuosa.
E estúpida.
Quem se lixou foi a directora da escola – privada – que acabou no olho da rua.
A guerra cultural em curso tem tanto de patética como de perigosa. E ambos os lados da contenda são igualmente dementes.
E inimigos da democracia.
Os movimentos liberais que emanam da Academia são uma cópia exacta dos puritanos conservadores dos anos 80 apoiados pelos Reagan. Censura, virtude, moralidade.
Como a Europa continua a importar estas trampas é que surpreende.
Os movimentos liberais
“liberais” no sentido americano (=esquerdistas). No sentido europeu, são fortemente anti-liberais.
Auto-intitulados liberais. Que de liberais pouco têm.
Mas como isto da posição política é determinada por uma classe estabelecida, à imagem das Moodys, liberais sejam.
Até o pão, povo, paz e liberdade é anti-liberal hoje em dia.
É assim:
– A cambada esquerdalha, ignorante e presunçosa, sente-se qualificada para definir o futuro e, para suporte do seu alegado génio, reescreve o passado e ficciona o presente; tem por uso praticar o apostolado do cancelamento sobre tudo e todos que alcançam.
– A cambada conservadora, quando ignorante e bloqueada dos cornos, agarra-se a um qualquer texto do passado e di-lo código eterno: privilegiam comunidades fechadas nas quais o liberalismo é excluído e o seu apostolado é dirigido à feitura de leis e à conversão.
O liberalismo nada tem a ver com os dogmáticos acima.
Dizer que os descobrimentos fizeram do Putin um menino de coro é reinterpretar a história, dizer que a economia sempre foi dívida do estado é redescobrir a história à medida que há novas evidências, e dizer que o botas era um homem sério a segurar um império florescente é reescrever a história. Tente acompanhar, sei que consegue.
Exatamente. Muito bem.
Exactamente e muito bem, o quê?
o seu comentário, jgmenos
Comovente troca de galhardetes…
entre liberalescos… Um de tendência salazaresca e outro mais pintesco-cotrinesco.
Lavoura, questionei-me se teria decifrado algum sentido no texto do Marques, daí a confusão!
Pois…”cambada conservadora”?
Refere-se aquela malta salazaresca saudosa das apreensões de livros, da proibição de canções e filmes e dos cortes da censura nos que ainda “passavam”?
A título de exemplo, passa-se aqui o relatório da Saudosa Censura sobre o filme “Le Diable au Corps” (Claude Autant-Lara, 1947):
“O relatório do filme Le diable au corps foi assinado pelo vogal Afonso do Paço, que propôs a proibição do filme e assinalou as imagens a eliminar em caso de aprovação:
Beijos de sofreguidão, preliminares do adultério e diálogo sobre as sensações da noite passada, serão para reduzir e eliminar no caso de aprovação do filme.
No final o relatório o vogal expôs os principais motivos da proposta de proibição:
Pretendemos hoje educar a nossa juventude em princípios de sã moral e nesta ordem de ideias não há necessidade de lhes meter o diabo no corpo, apresentando em taça dourada escola tão completa de doutrina e usanças que as leis e a estrutura moral do nosso país condenam. (ANTT- Relatório de censura ao filme Le diable au corps)”.
Na era salazaresca, pelo Menos, não se viam as poucas vergonhas de hoje! Qualquer coisinha de nudez acima do tornozelo era logo cortada!
A propósito: quando é que vestem aquela coisa do “Desterrado” que está lá no Museu Soares dos Reis? Aquilo exibe-se assim? Que pouca vergonha!
Quanto muito, podiam aproveitar aquilo para candeeiro,. Punham-lhe uma lâmpada na cabeça e outra pendurada nos guindins! Mas forte, para encandear!
Sempre a armares-te em parvo!
A censura foi uma péssima ideia!
Ocultou a multidão de cretinos, coirões e agentes soviéticos que foram as novidades do 25A, e que até aí tinham andado na sombra.
Levou anos a saber-se avaliar correctamente os da tua laia, o que de outro modo não lhes teria dado tamno caminho.
Pois…
Mais uma na “muche”!
A cretinagem salazaresca agita-se e tenta passar, provisoriamente, a “liberal”!
(Confere!)
A censura uma “péssima ideia”? Só falta dizer que foi “imposta” ao Oliveira da Cerejeira!
O problema é que…estava escarrapachadinha na Constituição de 1933!(*)
E não nos diga que quem a elaborou foi a Maria de Jesus, nos intervalos do tratamento das galinhas!
(*) Aquela que foi “aprovada” por uma maioria em que até os finados contavam como “sim”…
Não há dúvidas: nunca existiram defuntos tão eloquentes como os portugueses da era salazaresca!..
Quem apresenta provas em como a cruzada anti-trans causa mais problemas às mulheres que outra coisa tem tanta culpa da colonização por Putin, o terrível, como quem quer mandar os pretos para a terra deles, ali nos campos de Odemira.
Amén e viva a descida do IVA.
Moscavide já tem gente suficiente.
A terceira lei de Newton explica que, caso um corpo A aplique uma força sobre um corpo B, o corpo B produzirá sobre A uma força de reacção. As forças de acção e reacção sempre tendem para a mesma intensidade e actuam na mesma direcção, mas em sentidos opostos. De acordo com o que estabelece essa lei, as forças surgem aos pares.
Ou seja, e resumindo: os movimentos do politicamente correcto e “woke” produziram na sociedade movimentos extremistas de sentido contrário. Tendencialmente, é isso que trem acontecido ao longo dos tempos, e por norma leva a conflitos tanto mais violentos quanto maiores são os movimentos gerados.
Ou seja, o extremismo de direita que actualmente prospera tem como origem o extremismo de sinal contrário que começou a prosperar desde o início do século. Os que alimentaram (e ainda hoje alimentam) esses movimentos (vocês sabem do que estou a falar), são os principais responsáveis pelo actual estado de coisas, e pelo que, de pior, ainda estará para vir.
Não, não faço ideia do que está a falar. Quer começar por definir woke e que conflicto violento é que criou, ou ao menos que obra é que baniu e que pessoas não têm direito a existir?