A Divina Razão.

Uma das coisas a que já me habituei, como católico, foi a ser discriminado. Hoje, ser católico é estar do lado errado da bancada, junto da equipa perdedora. Ser moderno é ser ateu, de Esquerda, totalmente liberal (em todos os sentidos do termo), amoral e amigo dos animais.
Primeiro vem a condescendência: como é possível que alguém se deixe enganar pela religião? Indivíduos cultos e inteligentes não veneram santos, nem adoram deuses. Deixam-se estimular pela Razão. Este super-homem racional, pretensamente asséptico no tocante ao ódio e à paixão é o primeiro a atirar as pedras. Dificilmente parará para pensar antes de disparar.
Depois vem o alvo Igreja. Ateus, agnósticos ou simplesmente ignorantes sabem tudo sobre a Igreja, mesmo sem serem crentes ou praticantes. Sabem tudo sobre o múnus dos sacerdotes e os fins das suas acções, alcançam mais longe no tocante  a liturgia e teologia. Se vêem ouro gritam logo: luxo! Se vêem padres gritam logo: pedofilia! Para eles britava-se as pedras das igrejas, derretia-se o ouro das alfaias e vendiam-se as obras de arte. O tecto da capela Sistina recortado para decorar museus ou habitações particulares ou a Pietá de Miguel Ângelo convertida em estátua de jardim. Com o produto da venda alimentava-se a fome no mundo inteiro, por um dia. E no dia seguinte, sem comida, nem arte, voltavam à carga. Porque o objectivo desta gente não é que a Igreja mude, tão-somente que desapareça. [Read more…]

A Imprensa Regional.

Para promover os desígnios pessoais e colectivos de certos edis e edilidades existe a imprensa regional. Longe dos tempos em que servia a quezília política e ideológica, anunciava abertura de novas mercearias ou publicitava as carreiras de vapor para o Brasil ou os comboios para França, o pequeno jornalismo serve hoje de bandeja o longo rol de obras paroquiais e municipais. A mentalidade ainda é semelhante à que imperava durante essa longa noite radiofónica chamada Estado Novo: o jornalista local é uma extensão do funcionalismo , agora munido de gabinetes de comunicação que preparam as notícias. Estas não diferem muito, em teor e assuntos, do tempo da Segunda República (1926-1974), quando os senhores dos velhos municípios liberais (escudados em anacrónicos pretensos direitos medievais) se ufanavam de, com pompa e circunstância, inaugurar fontanários, caminhos rurais ou casas do povo. Hoje são rotundas, parques de merenda e auditórios, como se a cada concelho coubesse a necessidade de equipar-se segundo um pequeno país. No fundo não temos municípios mas antes 308 principados do “tipo Andorra” cada um com a sua biblioteca, o seu auditório, tribunal e complexos desportivos que poucos usam porque as muitas estradas levaram os habitantes a procurar outras paragens. No meio desta esquizofrenia urbanística estão, portanto, os jornais locais. [Read more…]