Será que André Ventura os tem no sítio?

André Ventura não gosta do Papa Francisco. É natural. Francisco tem alertado para a ameaça que representam a instigação do ódio e a instrumentalização da fé católica para fins políticos, duas das especialidades de um político que por várias vezes se assumiu como enviado ou escolhido por Deus.

A táctica de autopromoção de Ventura, contudo, obriga-o a não hostilizar o Papa, como de resto não hostiliza padres pedófilos. No entanto, atendendo a que o Papa Francisco afirmou, há dias, que a guerra da Ucrânia está a ser alimentada pelos interesses de vários impérios, e não apenas pelo interesse do império russo, o mínimo que Ventura e os funcionários da sua unipessoal podem fazer, depois da vergonha a que ontem submeteram a Assembleia da República, é convocar nova manifestação para as Jornadas Mundiais da Juventude, acusar Francisco de servir Putin, insultá-lo e insultar todos os que o seguem. Seria giro de ver, se André Ventura os tivesse no sítio.

Fun fact: não tem.

Propor soluções fáceis para problemas difíceis: não é assim que funciona

Não, não é. A castração química não resolve um problema: não resolve a pedofilia. Porquê? Porque nem todos os pedófilos consumam o acto sexual em si, até porque quem pratica a pedofilia tem um problema do foro psicológico que se apresenta como um desvio sexual. Sem querer entrar em pormenores desnecessários, um pedófilo não usa, necessariamente, a penetração como forma de violar alguma criança, pois a pedofilia é mais do que o acto sexual consumado. A castração não retirará o impulso ao pedófilo, que sendo um doente mental, continuará a sê-lo mesmo que castrado. Ou seja: castrar pedófilos não impede pedófilos de o serem, nem tampouco acaba com a pedofilia.

Exemplo: nos países onde existe castração química de pedófilos, continuam a haver crimes de pedofilia.

A solução? Haver mais e melhores redes de captação destas práticas, aposta na prevenção, ensino da sexualidade para que tantos meninos e meninas se saibam defender quando expostas a este nojo, aposta na reabilitação através da aposta na saúde mental. Demora mais, custa mais dinheiro, mas tenho a certeza que será mais eficaz do que propostas avulsas vindas de populistas que, pasmem-se, passam a vida penetrados nas Igrejas (no pun intended).

Propor a castração química de pedófilos como solução mágica para acabar com a pedofilia, seria o mesmo que propor o corte de mãos a quem rouba (o que já foi, aliás, sugerido pelo líder da extrema-direita) ou a lobotomia a quem assassina. Tal como tudo o que rodeia a Igreja, a extrema-direita ainda vive na Idade Média.

Tenho outra ideia: castrar políticos que têm ideias estúpidas.

Para combater o populismo, usemos factos: “Pedofilia: estudos confirmam reincidência baixa”

Acção sexual da Igreja

(Imagem: reprodução/Instagram de Bordalo II)

”Recebidos 512 testemunhos de abuso sexual de menores pela Igreja. Enviados 25 casos para o MP: A comissão independente identificou 4815 vítimas e está a elaborar uma lista dos abusadores que ainda se encontram no ativo para ser entregue à Igreja e ao Ministério Público.

O que isto prova é que a Igreja Católica não passa de uma máfia onde pedófilos e violadores se infiltraram há décadas. O que, convenhamos, já todos tínhamos percebido.

As pessoas mais fervorosamente religiosas, são as pessoas menos Humanas que conheço.

Para não falar das lavagens de dinheiro, dos regimes especiais em relação à fiscalidade, da falta de solidariedade com os pobres e os desvalidos. A Igreja e os seus componentes gozaram e gozam de um tratamento diferenciado e especial em relação ao resto da sociedade. Estão, tal e qual os “nobres” (hoje, os políticos) e a “monarquia” (hoje, os grandes grupos económicos), no topo da pirâmide. Ou seja, nada mudou desde a Idade Média.

Era altura de pensar no porquê de tantos perturbados mentais aderirem à Igreja Católica, desde sempre. Da moralidade dissimulada a tudo isto, a Igreja mostra-se como um antro de sociopatas e psicopatas que governam o mundo há demasiado tempo.

Acção social da Igreja? Sim, no cu de um puto de 12 anos.

Os dados*

Vítimas (52,7% são homens; 42,2% são mulheres; actualmente têm em média 52 anos e 20% têm 40 anos);

Abusadores (97% são homens; 77% são padres no caso dos rapazes abusados);

Locais de abuso (23% em seminários; 18,8% em igrejas; 14,3% em confessionários; 12,9% em casas paroquiais; 6,9% em escolas católicas);

Tipos de abuso (predominam a manipulação de órgãos genitais, masturbação, sexo oral e anal infligido às vítimas);

Frequência (52,2% em mais do que uma ocasião; 27,5% durante mais de um ano);

Pós-abuso (77% das vítimas nunca apresentou queixa à Igreja; 52% só mais tarde revelaram os abusos; 43% revelaram apenas agora à Comissão Independente).

*informação retirada de Agência Lusa

Obscenidades abençoadas por um Deus que não vem na Bíblia

O caso do momento vai muito para lá do despesismo e das jogadas políticas que envolve. Para lá das decisões do governo, da cumplicidade do presidente da República, dos ajustes directos da CM Lisboa e da inevitável Mota-Engil. Para lá da obscenidade do valor envolvido.

Este é, sobretudo, um caso que põe a nu a hipocrisia de uma instituição privilegiada, que não paga os impostos devidos, se é que paga alguns, apesar da sua incalculável fortuna e vasto património, e da meia-verdade que é a laicidade de um Estado que mantém um acordo como a Concordata.

A Igreja Católica, por tudo o que apregoa, deveria ser a primeira a ficar escandalizada com os cinco milhões investidos num palco, numa altura em que a pobreza atinge níveis assustadores. Católico que preze a sua fé e os princípios bíblicos que a norteiam deveria ser ferozmente contra este gasto. Quantas bocas famintas se poderiam alimentar com cinco milhões de euros? [Read more…]

Jornadas Mundiais da Juventude: a mentira que urge desmascarar

É preciso desmontar uma mentira que, por ser repetida muitas vezes, corre o risco de passar a ser verdade: o evento acontecerá de qualquer forma. Com ou sem investimento exorbitante. Com palco de 5 milhões ou contentores.

Nas edições anteriores (Panamá, Rio de Janeiro, Madrid) das Jornadas Mundiais da Juventude não houve comparação possível com o nível de ostentação que se planeia para Portugal. E o evento aconteceu na mesma.

Mas há quem agite o papão do retorno económico. Outra aldrabice, de um longo rol de aldrabices, que impõe um conjunto de perguntas: [Read more…]

Paulo Portas, as Jornadas da Juventude e a Mota-Engil entram num bar…

Tem-se falado muito no preço exorbitante do palco das Jornadas da Juventude e muito pouco no facto de Paulo Portas ter chegado ao conselho de administração da Mota-Engil uma semana antes da assinatura do ajuste directo de 4,2 milhões para a construção do mesmo. Não quero com isto dizer que os dois acontecimentos estejam relacionados, até porque se há conselho de administração que aposta na diversidade partidária é o da Mota-Engil, mas que é uma coincidência engraçada, lá isso é. Só faltava aparecer o outro a dizer que o Portas tinha posto o Moedas a funcionar.

Oremos.

Ventura, o vendilhão do templo

André Ventura fez anos e aproveitou a data para uma acção de propaganda no interior de uma igreja, onde encenou esta fotografia para instrumentalizar politicamente a religião e a fé cristã. Jesus teria partido a banca deste vendilhão ao meio.

Marcelo, o sobrevivente

Marcelo Rebelo de Sousa não comete erros, salvo raríssimas excepções. Porque Marcelo é calculista, planeia e antecipa, e joga o jogo como poucos, na política e na imprensa.

Marcelo é de outro campeonato. Tanto que destruiu a concorrência na corrida à Belém, num momento de crise existencial à direita, com o apoio do primeiro-ministro e presidente do partido com o qual o seu PSD disputa o controle do Estado.

Esta semana, porém, assistimos a uma dessas raríssimas excepções. E não, não estou a tentar desculpar Marcelo. As declarações do presidente são hediondas e inaceitáveis. E não acho que Marcelo o tenha feito inadvertidamente. Acho que foi calculado, com o objectivo de minimizar o horror que aqueles números representam. Foi um frete do presidente da República de um Estado laico à hierarquia da Igreja Católica. Só que correu mal, obrigando Marcelo a recorrer ao seu amplo repertório de desculpas esfarrapadas.

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André Ventura, o castrador químico que quer compreensão para décadas de pedofilia abafada pela Igreja Católica

A unipessoal “anti-sistema” do ex-PSD pede compreensão para o maior escândalo de pedofilia nacional da história deste país. Para os restantes pedófilos há histerismo, ódio, castração e prisão perpétua.

Ventura é o produto acabado do sistema: no futebol é lacaio de Vieira, na Igreja tolera pedófilos, na política serve a elite.

Os talibans de Varsóvia e o futuro da democracia

O governo polaco quer impor penas de prisão até dois anos para quem for apanhado a blasfemar. Isso mesmo: quem fizer piadas sobre a Igreja Católica vai dentro. Aquela vibe sharia. E a União Europeia, que se apresenta hoje como o último reduto de liberdade e democracia, continua a revelar uma tolerância preocupante com estas manifestações de despotismo e fundamentalismo religioso, sem impor qualquer tipo de consequência à deriva autoritária que é contrária aos seus princípios fundadores. Tal como acontece com Orbán, que há dias fez um discurso tão racista, tão xenófobo que uma colaboradora de longa data se demitiu e acusou o PM húngaro de usar um discurso que não se distingue do nazi.

É mais um teste de resistência às democracias liberais, num momento de profunda fragilidade, de guerra e de provável mudança radical no status quo internacional. Os estragos que o nacionalismo protofascista causou nos últimos anos, e em particular nos últimos meses, da tentativa de golpe de Estado nos EUA à invasão da Ucrânia, poderão facilmente atirar-nos para uma distopia orwelliana, que de resto já se começa a desenhar do outro lado do Atlântico, onde uma guerra cultural e ideológica ameaça o equilíbrio de forças do concerto das nações.

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Marcelo, Cavaco, o BES e a pedofilia na Igreja Católica

Marcelo Rebelo de Sousa a dizer que não tem razões para achar que D. José Policarpo e D. Manuel Clemente tentaram ocultar crimes de pedofilia corre o risco de ser o novo Cavaco Novo a dizer que não vê razões para não confiar na solidez do BES, dias antes da queda do grupo.

O Putin da RFM


Lembro-me de uma polémica com a Rádio Renascença lá para os finais dos anos 80 do século passado (não, antes que me perguntem, ainda não tenho 100 anos).
Descobriu-se, nessa altura, que a emissora católica tinha uma lista de músicas proibidas, porque contrárias à Fé católica. Como o «Menino do Bairro Negro» do Zeca (Frase fatal: «Bairro negro / Onde não há pão / Não há sossego»); «Cálice» do Chico Buarque (Frase fatal: «Pai / Afasta de mim esse cálice (Pai) / De vinho tinto de sangue»); ou o «Vídeo Maria» dos GNR (Frase fatal: «Por parecer latina/ Suponho que o nome dela é Maria / É casta, eu sei, se é virgem ou não / Depende da tua fantasia»).
Recordo, a propósito, a forma ousada como o PSR, nos Tempos de Antena para as Legislativas, através da voz de António Macedo, emitia essas músicas precisamente na Renascença, acompanhada das denúncias ao comportamento da Emissora.
Décadas depois, a RFM, chancela da Renascença para um público mais jovem, refinou o lápis azul da censura. Agora, censuram também as músicas estrangeiras mas de forma subtil. Quando chega a altura do palavrão, ouve-se um silêncio tão rápido que só dá pela putinice quem estiver atento e conhecer bem a música. [Read more…]

Vaticano criminaliza abusos sexuais em menores e adultos

Após ter criminalizado actos de pedofolia praticados por membros da Igreja, o Papa Francisco aprova a criminalização por abusos sexuais e assédio em sede do Direito Canónico, onde engloba o assédio sexual, a exploração menores para a pornografia, bem como as práticas que identifica como próprias de “predadores sexuais” adultos.
Pela primeira vez o Vaticano reconhece oficialmente o comportamento de “predadores sexuais” como criminoso.

Muito haverá ainda para fazer, uma vez que ainda nada é dito sobre a obrigação de denúncia às autoridades laicas de quem pratica esses crimes, mas é um passo importante para o reconhecimento de décadas de abusos sexuais dentro da Igreja.
Convém congratular a organização “Sodalitium Christianae Vitae”, sediado no Peru, que se dedica a averiguar queixas sobre alegados abusos físicos, psicológicos e sexuais tanto de menores como de adultos, por muito ter contribuído para este importante passo.
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André Ventura, o português “de bem” que profanou uma missa fúnebre para fazer propaganda eleitoral

Esmiuçar o percurso e o modus operandi fundamentalista de André Ventura é uma missão quase impossível, na medida em que as ventiras, menturas e andrebices se sucedem, as ameaças à democracia são uma constante, o discurso renova-se diariamente de novos chavões absurdos e fanáticos, e a lavagem cerebral que a máquina de propaganda do Chega tenta impor ao país é incessante e de recursos quase ilimitados. Ser financiado pela elite do sistema tem as suas vantagens.

Podemos falar de inúmeros casos, das assinaturas falsas entregues ao Tribunal Constitucional ao programa que prevê o desmantelamento do Estado Social, passando pelas ligações a criminosos, a militantes de organizações violentas, com provas dadas em espancamentos e até assassinatos de ódio, ou à elite financeira e económica, apesar da anedótica narrativa anti-sistema e anti-elites, onde não faltam as ligações ao caso BES, aos Panamá Papers ou a contratos públicos de milhões de euros com o Estado, via ajuste directo. Podemos falar no estilo decalcado do terrorista que ontem cessou funções na Casa Branca, na hostilização de jornalistas, com viaturas vandalizadas à mistura, na normalização do ódio, do racismo, da xenofobia ou da retórica reles, grosseira e ordinária, reveladora de um André Ventura com distúrbios de personalidade, que num dia afirma que o insulto é a arma dos fracos, para no outro dia chamar “avô bêbado” a Jerónimo de Sousa ou boneca insuflável a Marisa Matias. Podemos ficar horas nisto, revistar o cigano que não é cigano, a promessa da não-acumulação de funções, a ligação a fundamentalistas evangélicos, o clima de medo, intimidação e lei da rolha no seio do seu partido ou a validação do discurso anti-científico e negacionista da pandemia ou das alterações climáticas. [Read more…]

Deixem as crianças em paz

V

Recorte: Visão, via Uma Página Numa Rede Social

Depois de meses (anos?) de furiosa perseguição de uma certa direita a qualquer tipo de iniciativa relacionada com igualdade de género nos recintos escolares, que, asseguram, estão tomados pelo marxismo cultural – o que me leva a crer que esta nova direita vive fechada numa bolha na capital, sem nunca ter colocado os pés numa escola do norte do pais, privada ou pública, onde a ligação com a igreja, directa e indirecta, é a regra, não a excepção – eis que nos deparamos com um episódio peculiar.

Uma reportagem da jornalista Teresa Campos, publicada ontem na revista Visão, conta-nos a história de Sónia Alves, mãe de uma criança de seis anos que frequenta uma escola pública no concelho do Seixal, onde as visitas de um padre, para falar com os alunos, durante o período lectivo, são normais. Numa dessas visitas, o referido padre terá dito aos alunos, crianças de seis anos de idade, que quem não frequenta a cataquese irá para o Inferno quando morrer. [Read more…]

Tell No One

O documentário independente pelos irmãos Tomasz e Marek Sekielski. Sobre a ICAR na Polónia.

Este documentário já conta com mais de 12 milhões de visualizações nos últimos três dias (página IMDB). O documentário foi financiado on-line. É neste momento história de destaque na imprensa polaca. O documentário apresenta várias vítimas de padres pedófilos, o que parece ser hábito.

(Em polaco, legendado em inglês, espanhol e noutros idiomas.)

Padres polacos queimam livros da saga Harry Potter

“Onde se queimam livros, acaba-se a queimar pessoas.” Heinrich Heine

Pedofilia, mas da menos chocante

O bispo do Porto, D. Manuel Linda, afirma, em entrevista ao Público (edição de hoje), quando questionado sobre os casos de pedofilia na Igreja e, em concreto, da Igreja portuguesa, o seguinte:

Aqueles dois casos – o da Madeira, com o célebre padre Frederico, e, recentemente, o caso da Guarda -, tudo leva a crer que não tenham tido aquela dimensão de gravidade de que estamos habituados a ouvir falar quando falamos de pedofilia. Talvez tenha havido alguma intimidade, mas não uma intimidade daquelas mais chocantes.

[sublinhado meu]

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Depois admiram-se porque as igrejas estão cada vez mais vazias

A propósito do debate sobre a legalização/despenalização da eutanásia, e correndo o risco de não estar a par de outras imbecilidades proferidas pelas várias figuras públicas que se pronunciaram a propósito do tema, de um e de outro lado da barricada, descobri ontem que o arcebispo de Évora, D. José Alves, comparou a eutanásia ao Holocausto. É lamentável, é patético, chega mesmo a ser insultuoso, mas o fanatismo e a falta de noção do ridículo não escolhem instituições. E a Igreja Católica, apesar do Papa Francisco, é sempre muito forte neste tipo de imbecilidades. Não é preciso desrespeitar a memória das vítimas do Holocausto para fazer política, senhor prelado!

Depois admiram-se que as pessoas se afastam cada vez mais da Igreja.

Quem se mete com a Igreja leva!

A perda da minha fé já tem mais de trinta anos. Saí da Igreja, mas, como é evidente, nem toda a Igreja saiu de mim, como nunca poderá sair de nós, filhos da Bíblia e do catecismo, mesmo que tenhamos saído de casa dos pais. Ou de casa do Pai. Ou mesmo que nunca lá tenhamos entrado, porque a língua, a linguagem e o pensamento, faces da mesma vida, são também muito católicos.

Ao longo destes anos, tenho vivo tranquilamente e tenho tido o privilégio de conhecer muita gente interessante, dentro e fora da Igreja, padres e ateus (só me falta um padre ateu), sportinguistas e portistas, de esquerda e de direita. A Igreja e as suas criações não têm deixado de me deslumbrar, através de actos, palavras e missões, em gestos genuinamente bondosos, textos magníficos ou templos já quase celestes. [Read more…]

Quando os papéis se invertem

via Uma Página Numa Rede Social

Para acabar o dia, e a propósito da troca de presentes entre o Papa Francisco e Trump.
Durante séculos, a Igreja foi considerada um dos maiores entraves à evolução da Ciência. Há mesmo quem diga que o estado actual da ciência poderia estar cerca de cem anos mais avançado, se não tivesse existido a repressão que a Igreja Católica aplicou, na Idade Média, sobre cientistas cujas descobertas contestavam os dogmas teológicos.
Pois bem, avançamos até ao presente e estamos no século XXI. Hoje, vimos a Igreja a posicionar-se ao lado da ciência, quando o Papa Francisco entregou a Trump uma carta de consciencialização para as alterações climáticas resultantes da poluição humana.
Reparem bem no insólito: o líder de um dos países mais avançados do planeta Terra, uma pessoa que deveria ter a capacidade intelectual para compreender a importância deste tema e que tem ao seu dispor recursos científicos quase infinitos, este homem teve de ser chamado à razão por um líder religioso, precisamente, num tema de natureza exclusivamente científica.
Hoje, um sacerdote indicou a um governante que a nossa existência neste planeta está em risco, não por intervenção divina, mas por irresponsabilidade grosseira e ignorância humana.
Dá que pensar, não dá?

Imagem via Osservatore Romano/Handout/Reuters@Exame.com

A Igreja Católica? Estava a protestar contra a manifestações

ICdA

Percebes Jorge? Em 2012, quando o governo amarelo laranja e azul do PSD e do CDS-PP aplicava cortes violentos, não só na Educação como na Saúde ou em salários e pensões, o então cardeal Patriarca D. José Policarpo afirmava que manifestações de rua não resolviam os problemas do país e que eram “uma corrosão da harmonia democrática“. Em suma, o líder da Igreja Católica em Portugal concluía que “não se resolve nada contestando“. Era portanto aqui que estava a Igreja Católica, e não há registo que qualquer um dos actuais líderes, que decidiu por estes dias apoiar a causa dos colégios privados, tivesse contestado as declarações do cardeal. Como não há, com uma ou outra rara excepção de uma ovelha tresmalhada do rebanho do Senhor, qualquer registo de apoio da Conferência Episcopal às diferentes manifestações contra cortes ou contras a delapidação de direitos sociais que aconteceram durante o consulado de Passos Coelho e Paulo Portas. Hipocrisia? Talvez. Mas acima de tudo a agenda política de uma instituição que supostamente não a tem.

Fotomontagem via Acordar Portugal

 

Igreja católica junta-se aos amarelos

2016-05-29 - igreja junta-se aos amarelos

A Igreja Católica vai juntar-se à manifestação de hoje em defesa dos contratos de associação. A Conferência Episcopal Portuguesa referiu ontem ter tomado conhecimento da “grande manifestação” marcada para este domingo “na defesa do direito constitucional da liberdade de ensino”. Nesse sentido, os bispos quiseram “manifestar o apoio a esta e a outras iniciativas” contra os cortes nos contratos de associação. [Ana Bela Ferreira e Carlos Rodrigues Lima, in DN, 29/05/2016]

Só uma pequena questão para suas Eminências Amarelas: onde estavam quando PSD & CDS tomaram medidas que colocaram milhares de professores no desemprego? Já se sabia que a estupidez, contrariamente à inteligência, é ilimitada. Agora podemos juntar a hipocrisia a esta lista.

Marcelo não é Charlie

MRS

pelo menos não era em 1996:

Vejo com preocupação que num canal com serviço público se encontrem mensagens que podem ser consideradas ofensivas de valores partilhados pela maioria dos portugueses e ofensivas de instituições particularmente relevantes como a Igreja Católica.

E que mensagens eram essas? Nada mais nada menos que um sketch humorístico, igual a tantos outros. Seguramente bem menos ofensivo para os católicos do que os cartoons do Charlie Hebdo para os muçulmanos. Por falar em Charlie Hebdo, vejamos o que tem Marcelo, guardião dos valores e defensor da honra católica portuguesa, a dizer sobre o assunto, quase 20 anos depois: [Read more…]

Domspatze: escola coral ou casa dos horrores?

pedofilia-na-igreja

Nos últimos anos, inúmeros escândalos envolvendo vários tipos de abusos a crianças, ocorridos no seio da Igreja Católica, foram tornados públicos. O caso da escola coral de Domspatze, na Alemanha, será, sem grande margem para dúvidas, um dos mais graves. Os números agora apresentados pelo advogado da escola, contratado para investigar o caso, apontam para 231 crianças abusadas entre 1945 e 1990, sujeitas a práticas tão macabras como violações, espancamentos e privação de alimentos. Segundo o maestro Franz Wittenbrink, ex-aluno da escola, imperava em Domspatze um “sistema de punições sádicas ligadas ao prazer sexual“. Porém, os vários sacerdotes identificados como agressores não deverão ser alvo de qualquer punição, uma vez que os crimes já terão prescrito. Tudo na paz do Senhor. Amém.

Afinal ainda existe justiça para católicos no mundo árabe

Tribunal egípcio condena 71 pessoas a perpétua por queimarem igreja cristã” (Expresso)

Santificada beligerância

arms vatican

Por estes dias, o embaixador do Vaticano nas Nações Unidas proferiu interessantes declarações em entrevista ao site católico norte-americano Crux. Sobre a situação dramática e monstruosa a que o Estado Islâmico está a submeter parte do Iraque e da Síria, Silvano Tomasi afirmou que a prioridade será sempre a procura de uma solução pacífica mas que, caso não seja possível – não tenhamos ilusões: não é – “o uso da força será necessário“.

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Morte na fogueira

Estado Islâmico copia a Igreja Católica.

Fundamentalismos católicos apostólicos romanos

Hopkins

(Imagem: Anthony Hopkins, padre exorcista em O Ritual)

Em Valladolid, uma adolescente de 16 anos com problemas de ansiedade e transtorno alimentar foi submetida a 13 exorcismos a pedido dos próprios pais, pedido rapidamente atendido pelo arcebispado que remeteu o caso para o único exorcista autorizado a levar a cabo estes estranhos e anedóticos rituais. Pelo caminho, a jovem submetida a esta prática paranóica e absurda tentou o suicídio. Várias vezes.

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Estou sim? Tribunal do Santo Ofício?

Era para reportar um caso grave de heresia. Podemos acender a fogueira?