Numa de ciência e poesia

(Poema de Ofélia Bomba, minha colega, não de cardiologia mas de psiquiatria) 

O ninho

É do azul que parto

Para o percurso único da poesia

Do azul do mar imenso

Do azul intenso

Que banha o meu país

E a minha fantasia

E segue solitário até ao infinito.

Passo pelo roxo da saudade

Nos lírios imortais de Van Gogh

Mistura de óleo e eternidade

De espanto e grito.

Passo, depois, no amarelo vivo

Dos girassóis de Julho em Portugal

E brindo à vida, ao amor cativo

Único, intemporal.

Navego no vermelho. Lume e fogo

Aurora boreal do meu percurso

Em que me perco e quase afogo

E desço à terra, ao castanho baço

Força telúrica a lembrar o curso

Do passado e do presente, num abraço.

Continuo no preto. Tinta-da-china.

Ou numa nuvem carregada de água

Na viuvez duma tarde chuvosa.

Liberto-me no branco em que assisto

À neve, à cal, aos vestidos de noiva

À bata da escola de menina

E paro p’ra pensar. Duvidosa.

Que importa se o teu olhar

É verde ou dourado

Bordado de sol ou de luar

Que importa se o teu sorriso

É um poente

Tinto de promessas quase a naufragar.

Se este poema é um caminho

Tecido de arco-íris e de asas

Onde me aventuro e ouso

E todas as cores do mundo

São o ninho

Em que eu repouso.

O Teatro Sá da Bandeira

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O TEATRO VAI SER HOTEL?

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O Teatro Sá da Bandeira, a sala de espectáculos mais antiga de Portugal (a inauguração remonta a 1877) está à venda há mais de cinco anos e ninguém o tem querido. O preço, dizem, tem sido impeditivo para a sua venda.

Até que agora apareceu um interessado. Não na sala de espectáculos, mas no edifício, e, ao que parece, quer transformá-lo num hotel.

O PDM do Porto, diz que defende os imóveis de interesse municipal, pelo que a transformação do teatro em hotel, estaria prejudicada por estar protegido por lei.

O Teatro, que de vez em quando ainda abre as portas ao público, terá de ser preservado enquanto tal. Não há por aí nenhum movimento de cidadãos que, a exemplo de outros casos (por exemplo o Coliseu do Porto), obrigue o Teatro Sá da Bandeira a não desaparecer?

Mas, outros assim estiveram (protegidos pela lei e esquecidos dos cidadãos do Porto), e vão a caminho de hotéis de 2 ou 3 estrelas (Cine-teatro Águia D’ouro), pelo que a protecção feita pela lei, pode vir a seu dada como nula, por superiores interesses económicos dos proprietários, e por ninguém querer fazer seja o que for pela sua reabilitação.

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