Graças à uniformização ortográfica alegadamente proporcionada pelo chamado acordo ortográfico (AO90), será cada vez mais provável que os turistas brasileiros, ao procurarem a recepção de um hotel em Portugal, deparem com a “receção do hotel“. Efectivamente, por obra e graça do AO90, a palavra em causa passa a ter grafias diferentes: a primeira mantém-se no Brasil, a segunda é novidade em Portugal.
Imagine-se que o turista em causa sabe que Portugal já adoptou o AO90. Imagine-se, ainda, que o mesmo turista, à semelhança de muitas pessoas, iludido por publicidade enganosa, ficou a pensar que portugueses e brasileiros utilizavam, agora, a mesma grafia para todas as palavras. O surpreendido turista poderá imaginar que o hotel ainda não adoptou a nova ortografia ou poderá chegar à conclusão de que, afinal, o chamado acordo ortográfico será, com certeza, ortográfico, mas dificilmente será um acordo.
É claro que a cereja no bolo desta confusão estará visível na chapa que a recepcionista poderá ostentar na lapela: aí poderá ler-se “Fulana. Rececionista“.
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