A alta sociedade do Vaticano

Vaticano

Portanto a coisa funciona assim: mulher alguma se pode apresentar perante Sua Santidade vestida de branco. Excepto se for rainha ou princesa católica. Nesse caso, a regra deixa de existir a as sete senhoras elegíveis para este tratamento de excepção são imunes ao diktat da Santa Sé.

Não deixa de ser irónico (e ridículo) que uma religião que pregue a igualdade dos seres humanos tenha uma regra tão estapafúrdia. Tão absurda. Tão discriminatória. Mas tem. No que diz respeito aos trapinhos que cada uma pode usar na presença do Papa, existe a alta sociedade e a ralé. As duas castas da indumentária. [Read more…]

Numa de ciência e poesia

 (Poema de Ofélia Bomba, minha colega, não de cardiologia mas de psiquiatria)

 

O ninho

É do azul que parto

Para o percurso único da poesia

Do azul do mar imenso

Do azul intenso

Que banha o meu país

E a minha fantasia

E segue solitário até ao infinito.

Passo pelo roxo da saudade

Nos lírios imortais de Van Gogh

Mistura de óleo e eternidade

De espanto e grito.

Passo, depois, no amarelo vivo

Dos girassóis de Julho em Portugal

E brindo à vida, ao amor cativo

Único, intemporal.

Navego no vermelho. Lume e fogo

Aurora boreal do meu percurso

Em que me perco e quase afogo

E desço à terra, ao castanho baço

Força telúrica a lembrar o curso

Do passado e do presente, num abraço.

Continuo no preto. Tinta-da-china.

Ou numa nuvem carregada de água

Na viuvez duma tarde chuvosa.

Liberto-me no branco em que assisto

À neve, à cal, aos vestidos de noiva

À bata da escola de menina

E paro p’ra pensar. Duvidosa.

Que importa se o teu olhar

É verde ou dourado

Bordado de sol ou de luar

Que importa se o teu sorriso

É um poente

Tinto de promessas quase a naufragar.

Se este poema é um caminho

Tecido de arco-íris e de asas

Onde me aventuro e ouso

E todas as cores do mundo

São o ninho

Em que eu repouso.

Numa de ciência e poesia

(Poema de Ofélia Bomba, minha colega, não de cardiologia mas de psiquiatria) 

O ninho

É do azul que parto

Para o percurso único da poesia

Do azul do mar imenso

Do azul intenso

Que banha o meu país

E a minha fantasia

E segue solitário até ao infinito.

Passo pelo roxo da saudade

Nos lírios imortais de Van Gogh

Mistura de óleo e eternidade

De espanto e grito.

Passo, depois, no amarelo vivo

Dos girassóis de Julho em Portugal

E brindo à vida, ao amor cativo

Único, intemporal.

Navego no vermelho. Lume e fogo

Aurora boreal do meu percurso

Em que me perco e quase afogo

E desço à terra, ao castanho baço

Força telúrica a lembrar o curso

Do passado e do presente, num abraço.

Continuo no preto. Tinta-da-china.

Ou numa nuvem carregada de água

Na viuvez duma tarde chuvosa.

Liberto-me no branco em que assisto

À neve, à cal, aos vestidos de noiva

À bata da escola de menina

E paro p’ra pensar. Duvidosa.

Que importa se o teu olhar

É verde ou dourado

Bordado de sol ou de luar

Que importa se o teu sorriso

É um poente

Tinto de promessas quase a naufragar.

Se este poema é um caminho

Tecido de arco-íris e de asas

Onde me aventuro e ouso

E todas as cores do mundo

São o ninho

Em que eu repouso.

Alentejanos do mundo

                    (adão cruz) (adão cruz)

Aqui há uns anos, no trajecto do aeroporto de Antuérpia para o hotel, um patarata de um funcionário de uma empresa farmacêutica, divertiu meio autocarro com anedotas de alentejanos e de pretos. Até na Bélgica os alentejanos e os pretos foram chamados à baila para fazer cócegas à mediocridade! Não tive coragem de o mandar abaixo de Braga porque era longe, e hoje estou arrependido.

Eu podia estar calado, mas respeito as pessoas e a verdade, e sinto, apesar de incapaz, uma grande obrigação de as alertar para as lavagens mentais do nosso povo. Enquadram-se neste esquema as anedotas referidas que, a brincar a sério, não têm outra finalidade senão injectar nos cérebros menos atentos, a ideia de que os alentejanos e os negros são estúpidos e malandros, grosseira forma de escamotear a sua consciência política de explorados, que muitos dos portugueses explorados não têm. Pretos, alentejanos, sul-americanos, asiáticos, muçulmanos, os “avessos” do homem, os “paralíticos” do tempo e da inteligência, negra como a pele e magra como a fome! Ou os índios mexicanos de Chiapas, uma espécie de alentejanos lá do sítio, uma enorme fartura de fome para engordar ditaduras de séculos. O que se pretende é fazer crer que os “alentejanos” deste e de outros países são todos umas anedotas, uns malandros e subversivos, que têm de ser metidos na ordem, a fim de que a sua fome continue a ser o sustento da voraz “inteligência” dos finos e dos espertos.

 A minha vivência, a minha profissão e as minhas leituras proporcionaram-me durante décadas, um contacto muito estreito com as diversas gentes, brancas e negras, alentejanas e minhotas, portuguesas e estrangeiras. O suficiente para considerar quem quer que veja a inteligência a preto e branco, amarelo ou mestiço, ou quem quer que alentejane a estupidez, como um infeliz que não atingiu a maturidade mental.