Pedro Marques Lopes adora o cheiro a bastonada de manhã

Salvo erro, no último “Eixo do Mal”, com argumentos razoáveis, mesmo para quem possa discordar, Pedro Marques Lopes começou por criticar o acampamento do Rossio, considerando que se trata de ocupação da via pública e acrescentou que se tivesse sido um grupo de ciganos a fazer o mesmo já teria sido expulso. A dada altura, a meia voz, gemendo, deixou escapar o desejo de uma carga policial que limpasse a praça. Se fosse espanhol, estaria decerto a defender o bombardeamento de Madrid.

Face ao argumento da carga, não se percebe por que razão perdeu tempo a usar os dois primeiros. Muito provavelmente, Pedro Marques Lopes votou no PSD na esperança de que tudo o que seja reivindicação possa ter como resposta o bastão, esse símbolo fálico. Se ele mandasse, punha essa esquerdalhada toda no sítio, punha o mal nos eixos. Será que é ele a mandar?

 

Comments

  1. Mas os acampados do Rossio eram de esquerda? Julguei que fossem um agrupamento que nasceu de forma espontânea, meu caro. Não é à toa que PCP e BE se demarcaram do movimento…

    • É verdade, mas do ponto de vista do Pedro Marques Lopes deve ser mais ou menos indiferente. Seja como for, foi muito feio deixar escapar aquela da carga. O resto era, pelo menos, discutível.

  2. As cargas policiais são sempre de evitar. A polícia é a primeira a tentar que as pessoas obedeçam. Claro que nem sempre é fácil, por vezes os ânimos exaltam-se, basta um polícia ser agredido, para a força ser logo utilizada. As cargas mais comuns em Portugal ocorrem no futebol, e desses, confesso que não tenha pena nenhuma. Ainda assim não desejo uma tragédia, que um dia destes acontecerá, e não será a polícia a culpada…

    • Rodrigo Costa says:

      Caro António de Almeida,

      Peço desculpa, mas, desresponsabilizar a polícia, logo à partida, é uma tomada de posição extemporânea;. é um pouco como dizer não haver, entre os polícias, pessoas mal formadas. E há, aos montes —sou pouco suspeito, porque tenho familiares numa das corporações, havendo histórias que nem lhe conto.

      Sobre as “acampadas”, acho-as despropositadas, porque são inconsequentes. Volto a dizer que, chamados, um-a-um, poucos ou nenhuns “acampadores” seriam coerentes, porque é por falta de coerência que o mundo está como está, apesar da responsabilidade que cabe aos políticos e aos homens de “negócios”—sinceramente, isto tem tudo a ver com a manifestação dos “à rasca”, uma espécie de prurido produzido pela acne, não mais do que isso, ou as pessoas estariam a mudar a mentalidade. E não estão. Aqui, no Porto, à Sexta e ao Sábado, à noite, é um montão de carros em cima dos passeios, porque a rapaziada não é capaz de beber um copo de outra maneira. Isto é paradigmático, embora eu compreenda que a juventude é feita disto, mas não se transporte é isto para a cena política, porqu não vislumbro pensamento, de facto, interessado, para não dizer profundo.

      Daqui a uns anos, quando o tempo passar sobre a juventude, veremos alguns destes “velhos” com o rabo do arado e a comportarem-se como aqueles que, agora, contestam —os govenos têm estado repletos de estudantes que foram contestatários, irreverentes, mas só enquanto a idade e o tempo o permitiram. Hoje, muitos deles vivem intranquilos com o comportamento dos filhos, porque, tendo estado no mesmo, estão, agora e de há muito, do outro lado da barricada —por isso é que os podem sustentar e aos seus desvarios.

      Sou, definitivamente, contra a bastonada, porque acredito —quando há tempo e há a vontade e a competência— no diálogo razoável e pedagógico. Tem é que haver tempo, vontade e competência, o que não tem havido. Alguns ou muitos polícias agradecem, porque o que não lhes falta é vontde de molhar o dedo.

      • António Fernando Nabais says:

        Não nego o acne como explicação e renego a bastonada como argumento. Nem mais.

  3. Rodrigo Costa says:

    Pensei que deveria lembrar que a Polícia não existe para fazer cumprir a Lei, mas para fazer cumprir a vontade dos que podem pagar-lhe para que a vontade se cumpra:

    Dou um exemplo:.lembrar-se-ão, possivelmente, dos desmando á porta do BPN, numa altura em que muitos dos clientes “acamparam” e forçaram a entrada nas instalações, onde os ladrões administravam a crise. O que se viu?… A polícia garantindo a integridade física dos que roubaram, investindo, inclusive, contra os lesados.

    Mas vejam, ainda, as divisões provocadas pela luta de classe; polícias contra polícias, em cenas inexplicáveis, que nos levam a questionar quantos daqueles seres humanos pensam.

    Admitindo a discordância nas posições a tomar, a ausência de unanimidade, esperar-se-ia que os discordantes se recusassem a usar a violência contra colegas de trabalho, apesar de tudo se limitar a umas mangueiradas —o que é bastante para estraçalhar a dignidade.

    Já disse, noutro comentário, que não são os ricos nem os governantes que oprimem os pobres; são os pobres que, ao serviço de ricos e de governantes, pressionam os que vivem longe dos privilégios —sem elementos extensores, os poderes não podem; e é da necessidade que os poderes se alimentam.

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