Qual é o problema?

antero henriques pinto costa andre villas boas

Consta que o dono do Chelsea paga ao F. C. Porto os 15 milhões da rescisão do contrato com André Villas-Boas. Quem tem dinheiro tem vícios.

Não consta mais nada excepto a euforia dos adversários com uma eventualidade, aliás prevista e sabida desde sempre. Se André achar que 4 milhões, já, valem o que muito mais clubes lhe pagariam para o ano, problema dele. Com 15 milhões no bolso o Porto até pode ir buscar um treinador à concorrência nacional (e no caso do Sporting, até nem era mal pensado).

Os dragões são animais tranquilos, calmos, que cospem fogo na hora certa. Se Pinto da Costa ou Antero Henriques fossem para outro clube qualquer, ficava preocupado. Assim, quanto muito perde-se um jogo com o Barcelona. O resto é rotina, de quem não tem o mesmo dinheiro mas tem outro vício: o de ganhar.

Lurdes Rodrigues e a prevaricação de titular de cargo político: uma tirada à Vale e Azevedo

O sótão da educação

Depois desta notícia de 2009,

Trabalho de João Pedroso é quase só fotocópias de diplomas legais

Os caixotes de papelão que guardam as pastas encontram-se no chão de uma sala poeirenta, vazia e fechada à chave, do 5.º andar do ministério, encostados a uma parede, sem qualquer uso ou préstimo.

eis que passados dois anos, o Ministério Público acusa Maria de Lurdes Rodrigues,  Maria José Matos Morgado, João da Silva Batista e João António Fernandes Pedroso, todos por co-autoria do crime de prevaricação de titular de cargo político.

Dado o timing,  é caso para dizer que foi uma tirada à Vale e Azevedo.

 
Adenda
O que é  “prevaricação de titular de cargo político”? [Read more…]

Pilar-José-Saramago

Eu gosto dos livros de Saramago. Regra geral: são bem escritos, imaginativos e bem estruturados. Têm, contudo, dois defeitos notáveis: são ideologicamente repetitivos e francamente pobres em imagens (simbólicas). Ou seja, quer os romances quer os ensaios de José Saramago não são eruditos e talvez seja esse um dos componentes principais da fórmula do seu sucesso. De resto a maioria das pessoas que disser que adora Saramago, pode ter lido antes a National Geographic, 2 Paulos Coelho e, eventualmente, António Lobo Antunes. Compará-lo a Jorge Luís Borges, por exemplo, – autor que o supera largamente em estilo, erudição e gramática – é inútil. Não se comparam estrelas de grandezas tão diferentes. Mesmo apesar de cada um ter tido uma fiel guardadora. Mas, e daí, também não se pode comparar a simplicidade de Maria Kodama, com a boçal extravagância de Pilar del Rio…

Um outro aspecto do seu sucesso foi ter ganho o Prémio Nobel, atribuído, não pelo valor da obra em si, como sabemos, mas pela ideologia do autor e das suas palavras. Saramago foi um cínico. Cínico dos cínicos, príncipe dos cínicos. Não acreditava em Deus, nem na virgem, nem nos anjos e santos, não acreditava nas religiões, mas acreditava menos ainda nos Homens, na humanidade em geral. Depois de ter sido nobelitado, tornou-se semi-deus no mundo e deus no seu país que entretanto tinha abandonado (juntamente com o português, que castelhanizou). Acreditava em si e na Pilar, às vezes.

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Fernando Nobre chumbado duas vezes para Presidente da AR

Há sempre uma primeira vez para tudo e Fernando Nobre é o primeiro nome a ser chumbado duas vezes consecutivas para Presidente da Assembleia da República.

Neste momento em que escrevo ainda não se sabe como irá o PSD descalçar esta bota, ou Nobre retira a candidatura e o PSD apresenta outro nome, ou a humilhação pode agravar-se.

Duas teimosias juntas – a da posição e a da oposição – em torno de um assunto que costuma ser relativamente consensual. Ou, como dizia um ex-político de pouco saudosa memória, quem se mete com o PS, leva (onde diz PS leia-se o nome de cada partido). E Nobre “meteu-se”, nas presidenciais. Agora leva. Dois chumbos, para começar.

ADENDA: o PSD acaba de retirar a candidatura de Fernando Nobre. Nova votação será efectuada amanhã desconhecendo-se, ainda, qual o candidato a ser apresentado. Decididamente, e depois de mais esta derrota, Fernando Nobre é politicamente muito inábil. A dita “sociedade civil”, da qual Nobre se afirma originário, merecia melhor.

Modesta sugestão a Nuno Crato para resolver o problema das Novas Oportunidades

Por muito que tenha criticado, com conhecimento profissional de causa, o funcionamento dos processos de RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências), sobretudo o facto de funcionarem com a pressão das metas, discretamente convidando à aceitação da fraude, nada tenho contra a ideia, muito pelo contrário: há adultos que adquiriram competências ao longo da vida, e que as merecem ver reconhecidas e certificadas.

O problema não esteve aí, nem nos referenciais que servem de guião para os processos de RVCC (criticáveis, mas no geral aceitáveis). Esteve sim no objectivo claro do socratismo: certificar a todo o custo, daí obtendo ganhos eleitorais e estatísticos.

As primeiras vítimas foram precisamente os adultos que mereciam um diploma, e ficaram com um pedaço de papel ridicularizado socialmente, com utilidade quase exclusiva para concursos internos na função pública.

Agora não vai ser fácil recuperar a credibilidade destes processos, e continuá-los como sempre deveriam ter sido.  Armado em alfaiate, vejo duas medidas possíveis. A primeira é simples: aumentar a idade mínima para pelo menos 30 anos. A segunda passaria por transformar as Sessões de Júri em verdadeiros Júris, adaptando o modelo francês: em cada distrito um júri, trabalhando a tempo inteiro, e com capacidade de ler os porta-folhas, e submeter o adultos às questões que entenda necessárias para se assegurar da sua autenticidade. [Read more…]

A ética nos negócios

Em entrevista concedida a 17/06/2011 ao jornal regional de S. João da Madeira, a propósito de uma conferência ali por mim proferida a 18/06/2011 sob o título “A Ética nos Negócios”:

Qual é a principal mensagem que vem trazer a S. João da Madeira?

– Clamar pela probidade, pela lealdade, nas relações entretecidas na esfera negocial.

Em homenagem à dignidade do cidadão-consumidor, vilipendiada em geral.

«A Ética no Mundo dos Negócios» como se pode definir este tema?

– Pela negativa, com David Rockefeller que afirmava categoricamente que “o negócio do negócio é o negócio, não a ética”…

Ou pela positiva, como o pretendia o Nobel da Economia John Hicks, que reconhecia com veemência que “quem paga o salário dos trabalhadores não é o governo, os sindicatos tão pouco as empresas: quem os paga são os consumidores”.

Daí conclua-se que se, como dizem os franceses, “o Cliente é Rei”, então que o tratem com a dignidade que o merece…

Que valor atribui a esta iniciativa do Rotary Club de S. João da Madeira ?

– Suma relevância. Nobres os espíritos que se preocupam com aspectos da maior importância para as relações sociais. O Governador Armindo Carolino, do Distrito 1970 do Rotary Portugal, tem essa sensibilidade, o que o enaltece sobremodo.

Os empresários conhecem e respeitam as leis? [Read more…]

André Villas Boas, treinador do Chelsea

André Villas-Boas, o treinador que estava na sua cadeira de sonho, acordou e criou um pesadelo a Pinto da Costa que, apesar do 15 milhões que o FCP vai receber, sonhava lânguidamente, ele próprio, com o portismo do Andrezinho:

Pinto da Costa usou da mesma argumentação para dizer que “André Villas-Boas é inegociável”, acrescentando, porém, um outro pormenor. “Se Villas-Boas não fosse portista, se não tivesse dito no início da época que estava sentado no seu lugar de sonho, então estaria convencido de que sairia. Até porque tem uma cláusula de 15 milhões de euros, que qualquer grande clube europeu pode atingir”, sublinhou.

Ora, não tendo durado muito o portismo do menino André, veremos o tempo que dura o seu abramovichismo. E quem vai ter pesadelos desta vez, o russo imperial que despediu Mourinho ou o fidalgo da Foz que segue as pisadas do setubalense?

Uma coisa é certa, para já Pinto da Costa tem um problema bicudo para resolver. E, se quiser um treinador que dure alguns anos na cadeira de sonho, talvez deva procurar alguém que seja menos portista desde pequenino.

Os professores vigilantes não podem estar sentados durante o exame

O Ministério da Educação elaborou um documento com instruções para a realização dos exames nacionais 2011. Apesar das suas 71 páginas serem uma ode à burocracia, um Agrupamento de Exames da zona da Lisboa achou que ainda não se tinha ido longe o suficiente. Por isso, decidiu “resumir” o documento original para “apenas” 35 páginas mas com a particularidade de acrescentar o que se segue:

Recomendações do Agrupamento de Exames
Os professores vigilantes não podem :
1. Estar sentados
2. Ler
3. Conversar
4. Estar fora da sala de exame

Os professores vigilantes não podem estar sentados durante o exame?! Mas terá esta gente ensandecido com esta recomendação em forma de ordem (note-se no uso de “não podem” em vez de “não devem”)? Duas horas e meia em pé, e sem se transformar a sala de aula num espaço de marcha, não é pera doce. Para mim, pelo menos, não seria, graças a uns brindes com que a vida presenteou a minha coluna. Uma coisa me parece certa, quando aparentar que a burocracia chegou ao expoente máximo, alguém ainda terá um “e se…” para propor mais uma ou outra regra.

a cultura e a sua lógica

 

Mozart Serenatta Noturna k.239 Marcia (1-3)

               Muda o governo,mudam os hábiotos, mud a a educação. Vejaos como                A questão está em entender o amor, já definido ao começo, e ver as bases religiosas que desenvolvem a psicanálise, como prometi referir. Toda criança procura que o seu pai seja quem comande, não perca a omnipotência. O totem faz parte dessa autoridade. Aí é bem tempo de definir o conceito de omnipotência e de totem, e o melhor, mais uma vez, é o estudante de Wundt, Freud, que diz baseado no seu professor: “In the first place, the totem is the common ancestor of the clan; at the same time it is their guardian spirit and helper, which sends them oracles and, if dangerous to others, recognises and spares its own children”[1]. Mas, um totem é também a forma de organizar as relações individuais das pessoas, definir o conceito polinésio de proibição ou tapu ou tabu, pelo que Wundt, Frazer, Durkheim e Freud, salientam uma segunda parte: “It is as a rule an animal (whether edible and harmless or dangerous and feared) and more rarely a plant or a natural phenomenon (such as rain or water), which stands in a peculiar relation to the whole clan”.[2]No entanto, Freud salienta, no [Read more…]

O BE errou

Quando o BE decidiu não “falar” com a troika disse aqui que era um erro. Lembro-me de, nessa altura, haver quem me garantisse estar eu errado e não o BE, e de me atirarem com as razões invocadas pelo Bloco de Esquerda (e ainda mais algumas) em mails e conversas com pessoas conhecidas.

Gostaria de saber o que dizem os mesmos agora. Sou eu que continuo errado?