Síndrome da Ética Retardadamente Selectiva

ana gomesAna Gomes é uma mulher corajosa. Estou sensibilizado. Onde é que ela terá andado recentemente?

Depois de ler as suas declarações, mais uma vez me ocorre que a oposição é onde todos os políticos deveriam estar pois  parece que lhes apura o sentimento de ética. É um fenómeno a que poderíamos chamar de Síndrome da Ética Retardadamente Selectiva e que se caracteriza por uma súbita perda de cegueira para os defeitos daqueles que deixaram de ser oposição. Atinge de forma particularmente violenta os que saíram do poder e tem por efeito secundário amnésia aguda quanto a poucas vergonhas dos seus correligionários. Os pacientes costumam encontrar alívio dos sintomas descansando em cadeiras tipo Parlamentarium Europerium.

E agora leiam lá o que votaram

Bateu todos os recordes de hipocrisia: só depois das eleições o Ministério das Finanças publica um documento onde de forma rápida e acessível todos podem ver o que vem aí.

Cereja em cima do bolo, chamaram-lhe Sistematização das medidas do Programa de Apoio Económico e Financeiro a Portugal até ao final de 2011

Quem chama a isto apoio só merece uma designação, a de mentiroso.

Durante toda a campanha houve um profundo silêncio sobre o verdadeiro programa dos partidos autorizados a governar. Se o memorando, um documento técnico de leitura difícil, foi traduzido tal deve-se ao Aventar.

Apenas BE e PCP tentaram discutir o que aí vem, levando logo em cima com uma dúzia de comentadores encartados e “imparciais”,  disparando dislates sobre estes partidos. Dentro de um  ano, ou menos, com estas medidas Portugal estará a renegociar a dívida, outra ideia de esquerdistas que só dizem mal e não querem governar. Aqui está a demonstração de que a democracia com esta comunicação social é uma treta, e a manipulação uma arma. Para salvar os bancos, nacionais e europeus, você que votou nisto, leia até ao fim, vai ver que lhe sabe mal.

 

(Formato PDF: SI_Medidas_PT – 186.3kB)

A vez dos Estrunfes

estrunfes

Estaline (de vermelho) no meio dos proletas

Já calhou ao Tintin, ao Super-Homem, ainda não calhou ao Sandokan, agora foi a vez de um alucinado fazer uma releitura dos Estrunfes (Strunfs), com Estaline à mistura e valores totalitários, sempre à luz do politicamente correcto.

Eu, que de estalinista não tenho nada, acho que o homem devia ir para a Sibéria trabalhar, já que, pelas preocupações evidenciadas, não deve ter nada para fazer e mostra necessidade de andar ocupado.

E quando tiver lazer a mais vou reler a Carochinha. Entre o dinheiro dela, a gula do João Ratão e o tamanho do caldeirão, deve haver um filão de coisas politicamente incorrectas a explorar.

Ana Gomes mete a boca no trombone

(declarações de Ana Gomes à Antena 1)

Em relação à formação do Executivo, a eurodeputada socialista defende que os meios de comunicação social devem assumir o seu papel de contribuir para a transparência do passado dos políticos, nomeadamente do presidente do CDS-PP, Paulo Portas. Ana Gomes acredita que está em causa a idoneidade e credibilidade pessoais e políticas de Paulo Portas para voltar a desempenhar cargos governamentais e lembra o caso dos submarinos. Ana Gomes vai mais longe e acusa Paulo Portas de ter encetado uma “campanha de desinformação” e de calúnia de dirigentes socialistas, associando-os ao processo Casa Pia. (antena 1)

Ana Gomes tem a rara qualidade de não ter medo, em particular de ser dissonante com o compadrio generalizado entre o que chamamos “classe política”. As acusações que hoje dirigiu a Paulo Portas, e o avisado conselho de não ser este um personagem recomendável para Ministro dos Negócios Estrangeiros, sujeito como pode estar à chantagem das secretas de outros países, são feitas sobre o arame, e sem rede. Sempre tem a coragem que outros não tiveram quando pela calada enlamearam Ferro Rodrigues, já para não falar da atitude do sempre vacilante Jorge Sampaio. Não acredito no sistema judicial que temos, nem tenho que acreditar ou não nas palavras de Ana Gomes. Mas saúdo-as, e apenas lamento uma coisa: esta mulher não passará de deputada europeia. É pena.

Enquanto foi novo cresceu; envelheceu à pressa, encolhe

Um partido de esquerda faz-se sem elitismos, e desfaz-se ao escorraçar os que cheiram a trabalhador manual. Um partido de esquerda, mesmo sendo na prática uma coligação não assumida de 3 partidos, não sobrevive eternamente aos arranjos das organizações que o formam, substituindo a democracia interna pela cooptação sistemática. Um partido de esquerda pode, e deve, cometer erros, mas tem de os assumir: a arrogância vira-se sempre contra quem a pratica. À esquerda não se pode fazer política por outra razão que não seja a de lutar pelos outros,  e a sistemática produção de “figuras públicas” vindas no nada dá maus resultados, de que o caso Joana Amaral Dias é o exemplo mais hilariante.

Há também erros conjunturais. O apoio a Manuel Alegre foi o maior de todos. A troco de ir buscar alguns (poucos) militantes ao museu do PS, o Bloco apareceu aos olhos de metade dos seus eleitores como um partido igual aos outros. A moção de censura que se lhe seguiu, embora correcta, teve o efeito perverso de reforçar a mesma conclusão. Assumir o erro era mais difícil, mas era a única opção de um partido que fosse mesmo diferente dos outros. Tenho as maiores dúvidas que estes erros sejam assumidos e que se proceda a uma revolução interna. Nem me parece que isso seja importante. O que vem a seguir faz-se nas ruas, e os que construíram esta derrota não vão sair do Portugal sentado, que é a única forma que conhecem de fazer carreira política. Sublinho: carreira política. [Read more…]

A História não é do Povo, nem de Moscovo.

Não existe História asséptica, nem imparcial. Existe coerência, interpretação e bom senso. Infelizmente ainda não possuímos um código deontológico para Historiadores, pelo simples facto de que não existe, também, qualquer instituição que superintenda a escrita da História ou (superintender é capaz de ser inadequado) zele pela boa historiografia em Portugal. O panorama é comum a muitos países, embora em Portugal seja mais confrangedor, dado que a facilidade com que qualquer um toma para si a denominação de historiador, desacredita a boa história, a História com H grande, escrita segundo o método científico que esta disciplina exige. Por outro lado, como a História é pedagogia e a escola tornou-se um laboratório de conceitos fúteis, aplicados a pressupostos de progresso social e meta-social (o que quer que isso seja), o lugar das humanidades foi sendo substituído por «ciências» realmente «verdadeiras», por «números», por «conceitos» galicistas e anglo-saxónicos inventados por alguém, num gabinete esterilizado mas pouco ventilado, lá longe, em Bruxelas. A História tornou-se um adereço difícil de justificar. De tal forma que o Passado se torna, dia após dia, uma montra de clichés que perduram enquanto existirem a wikipédia e os humoristas. [Read more…]

Recado da Comissão Europeia à Alemanha

A linguagem não é esta, mas o conteúdo é o seguinte:

Srs teutónicos,

Sabemos que sois um povo cerebral, amante das ciências precisas, terra de filósofos, falantes de uma língua que nomeia com exactidão, cultores da clareza, exigentes com os pormenores, buscadores de perfeição técnica, maníacos da higiene, demandadores de análise, inimigos da precipitação.

Sabemos que desprezais o improviso, abominais a imprecisão, detestais a desorganização, desvalorizais o desenrascanço, substimais mentalidades diversas, menorizais países pouco rigorosos.

Parai, portanto, de dizer asneiras, de fazer merda e de ser terceiro-mundistas.

Campanha negra na horta

campanha negra e.coli

Primeiros testes negam que rebentos de vegetais estejam na origem do surto de E. coli

Bem Vindos ao Cairo 001

Imaginem uma cidade amarela, cor de areia.
Com  grandes construções em tijolo, arranha-céus à americana, casas rasteiras em adobe,
casinhotas de chapa de zinco e contraplacado de madeira.
Imaginem uma cidade quente, repleta de carros, cheia de gente.
Uma cidade que cheira a coisas. Cheira a tudo.
Uma cidade grande, que não dorme. [Read more…]