Quando Paulo Bento veio substituir a nada saudosa personagem que anteriormente ocupava a cadeira de seleccionador nacional, torci o nariz. Confesso que, se dependesse de mim, Paulo Bento não seria o actual treinador da selecção.
Enganei-me. Estava demasiado habituado à figura de Paulo Bento treinador do Sporting, belicoso, excessivamente interventivo, semeador de discórdias. Mas Paulo Bento, seleccionador nacional, mostrou ser o homem certo para o lugar, distendido, arredado dos focos mediáticos, com uma panóplia de bons jogadores à sua disposição com quem não tem que lidar no dia-a-dia, sem medo de errar a cada passo e, por isso, proibir-se de ousar.
Paulo Bento pegou num lote de jogadores descrentes e derrotados, e levou-os ao primeiro lugar do seu grupo de apuramento. Devolveu-lhes alegria, criou uma equipa, livrou-se de jogadores de segunda linha, e, ao contrário da triste personagem precedente, pô-la a jogar de acordo com o talento prometido pela soma das partes.
Moral da história em véspera de eleições: uma boa vassourada é muitas vezes necessária. A Federação Portuguesa de Futebol teve, nesse cenário, muito mais sorte do que o povo português e podia escolher um entre dezenas de treinadores nacionais e estrangeiros. O povo português, pelo seu lado, só tem dois treinadores efectivamente candidatos a treinar o país. Se uma vassourada é bem-vinda, a possibilidade de escolha é demasiado curta. Por mim, o treinador que aí vem também não se sentaria na cadeirinha do poder. Desta vez temo não me enganar.
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