Da Prodigalidade Divina

Jesus2 (1)O excerto que a seguir reproduzo vale por todas as minhas aspirações humanísticas, por todos os meus erros, juízos indevidos, e talvez resuma um dia o que tenha sido minha vida. Há uma grande indiferença e até hostilidade para com a tradição judaico-cristã, mas devo reforçar a profunda felicidade que há para mim em viver impregnadamente os valores e a cultura dos Evangelhos, Caudal de Vida desaguado pelos Textos Sagrados do Antigo Testamento. Especialmente para quantos não cortam Poesia às fatias, a reconhecem em qualquer recanto e aderem a ela porque ao Belo e ao Sublime nunca se resiste, pois não há sofismas nem preconceitos perante o Belo, façam todos muito bom proveito, se conseguirem:

«Ele, que não nasceu da raça humana, nem do desejo humano, nem da vontade humana, mas do próprio Deus, um belo dia juntou tudo e foi-Se embora com a sua herança e o seu título de Filho. Foi para um país remoto… para uma terra longínqua… onde Se tornou como os seres humanos, nada mais. O seu próprio povo não O aceitou e a sua primeira cama foi uma cama de palha! Cresceu entre nós como uma raiz em terra árida, foi desprezado, foi o mais insignificante dos homens, perante o qual se tapa o rosto. Muito depressa conheceu o exílio, a hostilidade, a solidão… Depois de ter gasto tudo levando uma vida de abundância: o seu valor, a sua paz, a sua luz, a sua verdade, a sua vida… todos os tesouros do conhecimento e da sabedoria e o mistério oculto mantido em segredo desde tempos imemoriais; depois de Se ter perdido entre os filhos da casa de Israel; depois de ter dedicado o seu tempo aos doentes (e não aos ricos), aos pecadores (e não os justos), e até às prostitutas, prometendo-lhes que entrariam no reino do seu Pai; depois de ter sido apelidado de glutão e bebedor, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores – a samaritana, o possesso, o blasfemo; após ter dado tudo, até o seu corpo e o seu sangue; após ter experimentado Ele próprio a dor, a angústia e a inquietação d’alma; após ter tocado o fundo do desespero com que Se revestiu voluntariamente ao sentir-Se abandonado pelo Pai, longe da fonte que mana água de vida, gritou da cruz onde estava crucificado: ‘Tenho sede’. Ficou estendido, descansando, no pó e na sombra da morte. E ali, ao terceiro dia, ergueu-Se das profundezas do inferno aonde havia descido, carregado com os pecados e tristezas de todos nós. E de pé, erguido, gritou: ‘Sim, vou ter com o meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus’. E subiu de novo ao céu. Então, no silêncio, ao ver o seu Filho e os outros seus filhos, o Pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Trazei a melhor túnica e vesti-Lha; ponde-Lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; comamos e façamos festa! Porque os meus filhos que, como sabeis, estavam mortos, voltaram à vida; estavam perdidos e voltaram a encontrar-se! o meu Filho pródigo trouxe-os de volta!’. Então todos começaram a festejar, vestidos de longas túnicas, lavadas no sangue do Cordeiro».

Pierre Marie (Irmão), «Les fils prodigues et le fils prodigue», Sources Vives 13,
Communion de Jerusalem, Paris (Março 87), p. 87-93.

Comments

  1. No Paquistão, no Egipto, na Síria: Assassínios, queimas de crentes (vivos), violações, raptos, tortura, destruição de igrejas, cobrança da ‘taxa de infiéis’ (a famosa jizya), tentativas de incriminação em crimes de blasfémia, são alguns dos problemas que as comunidades cristãs encontram. Aconselho site http://rescuechristians.org/

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