Um PS Deprimente e Ultrademagógico

Um PS demagógico com um líder demagogo, um PS ultra-falsificador do passado e do futuro, não vai lá. Seguro passa por alienado ao garantir saídas e soluções de nula exequibilidade, como reverter cortes. O PS não se redime, nem se redefine, nem se purga. Não há Seguro, nem Costa ou outro jacobino qualquer que lhe valha. Ainda bem. Espero que a generalidade dos que se interessam pelo País e votam no mal menor perceba que Portugal, depois de ter tido pouco menos que Ladrões de Bancos à frente da governação, só tem uma hipótese de futuro, uma base sólida de progresso: ir pelo caminho mais duro e pedregoso, optar pelo mais difícil e menos popular, ouvir e acolher o que menos lhe agrada, como o apelo explícito à emigração, por exemplo. Quem prometer paliativos e alívios de curto ou médio prazo, mente. Não há País que sobreviva à carga esmagadora de mentiras do socratismo, do socialismo segurista e do lastro utopista da manhosa Constituição rumo ao socialismo venezuelano-cubano-norte-coreano que nos separa dos Países que realmente progridem e enriquecem, nesta Europa.

A descaramento público-privado de António Mota

Parece que o senhor António Mota, líder de uma das empresas que mais dinheiro absorveu aos portugueses através do esquema clássico dos “assaltos à mão armada” público-privados, deu uma entrevista ao Diário Económico onde afirmou que, se o Estado Português voltar a ter capacidade de investimento, tal será feito através do mesmo método que colocou uma grande quantidade de portugueses na penúria e alguns ex-governantes, nomeadamente da área das obras públicas, nos conselhos de administração de determinadas empresas de onde se destaca a Mota-Engil. Um homem com este nível de certeza sabe do que fala! Afinal de contas, é aos portugueses que “se calhar” falta confiança, na Mota-Engil não só não falta como o histórico apresenta crescimento em épocas de crise. São os exportadores que salvam o país da recessão…

Já sem Jorge Coelho nos seus quadros, um homem que o líder da Mota-Engil contratou pela competência e não pela influência que teria junto do poder político, António Mota foi buscar um experiente gestor empppresarial para o lugar. Mas com o know-how que todos reconhecemos a esta empresa, o chefe do clã Mota  já deve andar no mercado dos ministros das Obras Públicas à procura de um novo e competente futuro CEO que esteja disposto a conceder duas ou três scuts antes do ingresso e, se possível, que use da sua competência para “dialogar” com os seus amigos políticos no activo para que lhes facilitem outra concessão de uma qualquer Lisconte, de preferência sem concurso público. Mas sempre em nome do superior interesse da nação! É como no futebol, sondar uns putos com potencial para serem grandes jogadores daqui a uns anos e no entretanto pô-los a jogar num clube pequeno para ganhar ritmo.

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Propaganda assim e propaganda assado

30A_MIGRANT WORKERS TABLEMuito mais é o que os une que aquilo que os separa, transcrevendo a canção de Rui Veloso/Carlos Tê, é o que se poderia dizer da propaganda deste e do anterior governo. Separa-os a forma, une-os o objectivo.

A forma socrática consistia no registo grandiloquente dos momentos históricos, em paralelo com o incentivo ao ódio a um grupo profissional, os professores. No actual governo, a forma traduz-se na mensagem depressiva da não alternativa, estratégia redutora de qualquer oposição,  aliada ao ataque a toda a função pública. O comum objectivo resume-se à propaganda, a arte da manipulação da informação com o objectivo de influenciar uma audiência, independentemente da realidade.

O último exemplo da propaganda passista é a tese do desemprego estar a baixar em Portugal, recorrendo aos dados publicados pelo Eurostat, o qual usa os dados disponibilizados pelo INE.

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Augúrio de um Orgasmo Verde

Aposto dez tampas de cerveja em como o Sporting Clube de Portugal vai bater o Sport Lisboa e Benfica. Sente-se no ar o aroma a goleada. Ganhar por dois ao Sport Lisboa e Benfica já o seria. Jardim conhece Jesus. Conhecer Jesus representa mais de meia táctica e três quartos de estratégia. A garotada verde sabe que terá pela frente uma equipa temente de si mesma e fragilizada. A casa sportinguista está a ser varrida, arrumada e arejada, ao contrário da sport-lisboa-e-benfiquista, a gastar balúrdios como se não houvesse amanhã, e cujo presidente é um confesso ignorante da bola. Isto está um dia perfeito para um orgasmo verde. Ou um espasmo.

Adenda: afinal foi espasmo.

Margem de incerta maneira

Foto: Carla Olas

Não vou dizer onde fica, não. Mas sempre posso contar que tem uma varanda para o rio, e uma esplanada que cresceu à volta da imagem de um Cristo que o povo traz apaparicado, sem que nunca lhe faltem as velas acesas e os ramos de cravinas.

É um desses sítios em que é necessário entrar sóbrio e sair um pouco ébrio. Não demasiado, que aqui não há passeio e há que caminhar sem ziguezagueios pela marginal. Ébrio o suficiente para segurar-se à mesa e ver erguer-se, como se pelas ondas, as paredes cobertas por lanternas, arpões, lemes, sextantes, bóias, sinetas, cordames, remos, reproduções de barcos, gravuras antigas, o emblema do FCP.

O peixe assa à porta, os pimentos começam a queimar-se, o sal dos robalos há-de cair aos pés do Cristo, da cozinha saem os primeiros mexilhões, vêm num embalo de salsa e cebolinha, um consolo para eles depois de uma vida de embates do mar. [Read more…]

Síria: a política dos EUA

Em 2 de Março de 2007 o General Wesley Clark (reformado) deu uma entrevista ao programa “Democracy Now!”. Nesse programa descreveu a política externa dos EUA despida da retórica que a costuma acompanhar.

Toda a entrevista assenta com uma luva à situação que se está a viver na Síria.

Evidentemente existem mais dimensões a explorar na política dos EUA. Ficará para outra vez.

Casal normal

Tenho um segredo para revelar: este vídeo inspira-se em certos e determinados chernes, cratinos, sócratanas e demais troca tintas.

Postal de Portugal (de Lisboa)

Elisabete Figueiredo

POSTAL DE LISBOA
‘Quando è entrato in l’aereo ho visto subito che lei non era una persona come tutte le altre’*
Levanto-me, em Palermo, às 6 da manhã (5 da manhã em Portugal). Tomo banho. Visto-me. Seco o cabelo. Fumo um ensonado cigarro. Constato que dormi 3 horas. Olho para a cama com vontade. Arrumo o resto das coisas. No hotel têm a gentileza de, apesar de tão cedo, me darem o pequeno-almoço. Um café duplo, forte e um bolo delicioso. O táxi chega. Vamos para o aeroporto de Palermo. O voo entre Palermo e Bologna é da Ryanair. Quantas vezes jurei a mim mesma nos últimos, digamos, 5 anos, que era a última vez que andava num avião da Ryanair? Seja como for, fico sempre contente por não ser a última vez, se entendem o que quero dizer. De qualquer modo, a Ryanair não recebia a minha preferência há pelo menos um ano. Ou mais. Havendo outras, honestamente, prefiro, mas que o bilhete seja um bocadinho mais caro. [Read more…]

Luxo, Leite e Mel

E cenas de pura barbárie.

Liceu

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Para quê?

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Morrem em vão, sim, e choca especialmente a morte dos mais jovens, pessoas que ainda há pouco começavam a vida, cheias da coragem da juventude imortal pronta para mudar o Mundo com as próprias mãos, por tão grande desejo de fazê-lo, contribuindo com o que têm: essa coragem, a força dos seus braços, abalançando-se contra florestas cheias de eucaliptos combustíveis que continuam a plantar-se, combatendo os incendiários sem escrúpulos, cujos favores e/ou taras pirómanas outros tantos prosseguem comprando, cumprindo agendas sinistras. Morrem para nada, porque ninguém quer saber, a começar pelos patrões do Estado para quem o território é uma abstracção, [Read more…]

Seamus Heaney (1939-2013)

Talvez seja um pouco cruel que ele parta no fim de Agosto, e não em Setembro ou Outubro, quando ao longo da costa Flaggy, no Condado de Clare, há dias em que o vento e a luz se desprendem um do outro, e se pode parar frente ao mar e deixar que as rajadas de vento nos apanhem o coração desprevenido e o abram de um sopro. Mas é certo que ele também nos ensinou que não se está aqui nem lá, não se é mais que uma pressa atravessada por coisas estranhas e outras já conhecidas.

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16,5%

Ele desce. O número de pessoas sem trabalho em Portugal baixou pelo terceiro mês consecutivo, com a taxa de desemprego a situar-se em 16,5% da população activa em Julho. Bom para o País. Muito mau para as aspirações autárquicas do PS.

Almoçar com o Mal

Flamingo at the BeachMais um convite para um almoço sorrateiro socratista nas costas do Tó Zé. Se tivessem vergonha, declinariam o convite para almoçar com o Mal. Não se almoça com Gestão Danosa, Dolo Político, Devastação e Saque. Não se almoça com o ultra-comissionismo em negócios de Estado lesivos dos interesses do Estado e chorudos para os amigos, as Construtoras amigas do partido e a Banca do Salgado. Não se almoça com a Vaidade e a Psicopatia desprezivas das gentes, insensíveis a Povo, capazes de lhe legarem tais sofrimentos, tais fomes, tais lágrimas. Não se almoça com a Cabeça perpetradora de actos e decisões sistemáticos anti-contribuintes, rodoPPP, toxi-swap. Não se almoça com o grau zero do mau carácter. Não se almoça com o Mal Político e o Malefício Público em forma de gente. Dá-se-lhe ordem de prisão.

Só se almoça com a Ganância na Política, com o Lixo Ávido de Poder e com a Sufocação Insidiosa de Adversários Internos e Externos se se for conivente com tudo com que se almoça. Se não se for capaz de uma coluna direita, recta, mas recurvada e servil: «Da lista dos comensais fazem parte, para além de José Sócrates e Manuel Pizarro, Augusto Santos Silva [ASS], ex-ministro da Defesa, Francisco Assis, deputado e ex-líder da bancada parlamentar do PS, Renato Sampaio, deputado e candidato do PS ao Agrupamento de Juntas de Freguesia do Centro Histórico do Porto, Acácio Pinto, deputado pelo círculo eleitoral de Viseu, os presidentes das câmaras de Amarante e de Mangualde, Armindo Abreu e João Azevedo, o antigo vereador da Câmara do Porto Hernâni Gonçalves, entre outros convidados.»

Síria: a política dos pipelines

As ameaças dos EUA à Síria têm muito pouco a ver com os alegados ataques químicos. E muito a ver com os interesses de cada um dos actores deste drama.

As guerras são sempre selvagens. Esta guerra parece-nos ainda mais selvagem devido à proliferação de vídeos a retratar as mais variadas atrocidades. Atrocidades essas perpetradas tanto pelos rebeldes, como pelas tropas leais ao governo. Nenhum dos lados é merecedor de qualquer tipo de confiança e muito menos de apoio, isto é, se quisermos ter uma consciência tranquila.

A Síria é composta por inúmeras etnias/facções, muitas delas dispostas a lutar entre si se não houver um homem forte que as mantenha em cheque. O afastamento de Assad do poder é garantia quase absoluta que o país vai mergulhar no caos.

Composição étnica da Sìria

Composição étnica da Síria (clique para aumentar, imagem grande!)

Tendo em conta que a mudança de regime está fora de questão, quais são os interesses de cada actor neste drama?

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Ultima Cartolina d’Italia (musicale*)

Elisabete Figueiredo

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‘Lascia ch’io Pianga’*


Talvez hoje houvesse ou haja algumas razões para chorar. Para começar o raio do livro que comecei a ler, entre outros em que agarrei e coloquei na mala antes de vir. Dois deles já foram lidos, este vai já a meio. Comprei-o há mais de 2 anos e, não sei porquê, eu que tanto gosto do Julian Barnes deixei-o para ali ficar, também juntamente com outros ainda por ler. Até que agarrei nele e o trouxe comigo. Vá-se lá saber porquê. A escolha dos livros que vieram comigo a Itália foi perfeitamente aleatória, não pensada: o Amante Bilingue do Juan Marsé; Chet Baker pensa na sua arte, do Enrique Vila-Matas e  O Sentido do Fim, este do Julian Barnes. Ou se calhar até foi pensada sem o ser de facto, reparo agora que escrevo os títulos lado a lado. Quem já o leu O Sentido do Fim e me conhece um bocadinho talvez perceba uma das razões para chorar. As outras razões são ora tristes (vou-me embora amanhã e ainda que não terminem é quase quase como se terminassem as férias) ora contentes (vou para casa, ao fim de tantos dias e as saudades que eu tenho de casa, da minha vida regularzinha, sem andar com malas para trás e para a frente. Sim, a minha vida. Que em nada, ou em pouco ou talvez apenas nas férias se assemelhe à literatura. Não é que me desgoste, seja como for). [Read more…]

Cartoline d’Italia (16) (da Palermo)

Elisabete Figueiredo


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‘Ma… lei è a Palermo per fare la rivoluzione?’*

Em vez de ir a Marsala ou a Cefalú decido ficar em Palermo. Afinal há ainda muitas ruas a percorrer, muitos sítios onde ir. No mapa tinha visto a Piazza Rivoluzione. Interessa-me, penso. E lá vou hoje. Começo pela Via Maqueda, Piazza Quattro Canti, desço um pouco da Via Vittorio Emanuele e a sinistra a via Roma e a dritto a Piazza San Domenico. Não está calor, aliás o céu alterna continuamente entre o cinzento e o azul, faz vento, é domingo, as ruas estão mais ou menos desertas. Uma cidade muito diferente de ontem, esta de hoje. Na Piazza San Domenico resolvo inovar e em vez de voltar para trás e percorrer a Via Roma até perto da estação, onde fica a Piazza Rivoluzione, não. Meto por uns becos. Perco-me numas ruas logo a seguir, claro está, mas continuo. Entro numa zona estranha, com prédios bastante degradados, ruas cheias de lixo, garrafas, caixas, sacos de plástico cheios. Chego a uma praça bastante estranha e penso que podia ser a Piazza Rivoluzione, tal é a quantidade de graffitis com mensagens de protesto, tal é a degradação dos prédios, como se acabassem de ser bombardeados. Não me assusto, afinal, não há quase ninguém na rua. Não me assusto e começo a tirar fotografias aos edifícios cheios de mensagens políticas. Que estranho sítio ou então sou eu que acordei com mais disposição militante que o costume. Ou talvez seja apenas a ideia de ir à Piazza Rivoluzione que me põe mais atenta. [Read more…]

Constitucional chumba despedimentos na função pública

E por unanimidade. Amuados? Arranjem 2/3 dos deputados e mudem a Constituição. Ou demitam o povo e elejam outro.

Olhou? vai preso

freiras a fumar

O Nuno Ramos de Almeida recordou no Facebook uma muito actual crónica do Manuel António Pina, Crime, Dizem Elas, a propósito dos piropos e sua criminalização na cabecinha das senhoras e meninas da Acção Católica, perdão, da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) e mesmo (minoritariamente) dentro do próprio Bloco de Esquerda. Fui conferir a notícia que inspirou o mestre em 2011, e aterrei nisto.

Isto, uma página de luta na justa causa do combate ao assédio sexual, deixa o piropo no cantinho do anedotário menor, e passa a um ataque mais complexo, não químico mas biológico:

Se é alvo de comentários, olhares, atitudes de teor sexual sem que o pretenda, está a ser alvo de assédio sexual!

Em português (mau, raios partam os pontos de exclamação) fico a saber que se uma senhora ou menina for alvo de um olhar estará a ser alvo de assédio. E como tal a vítima deve actuar em conformidade: [Read more…]

Esta Pira de Nome Portugal

Estou angustiado com o que vai por aí de ignições. Ainda ontem, ao início da tarde, logo ao sair de Braga rumo ao Porto [sempre pela nacional 14, pronto para o único estrangulamento empata automobilistas com que um condutor se depara, a Trofa], um fogo devorador patenteava-se-nos num monte fronteiro. A colossal coluna de fumo negro; o helicóptero da praxe voluteando com a sua pinga de água. Um cenário que me fez omnipresente e terrível a destruição do nosso património verde e sobretudo de vidas, neste Agosto aziago.

Basta!

Sim, há pirómanos. Mas o problema reside sobretudo na ganância secular do eucalipto e na preguiça dos poderes públicos em gastar os milhões necessários à prevenção activa de incêndios, pela vigilância e pela limpeza, também compulsiva, das matas, o que dita um número insuportável de bombeiros mortos, este ano.

Insuportável é insuportável! Tirem conclusões. Ajudem aqueles homens e mulheres. Dêem o sangue por eles que dão o litro por nós! E será de menos. Por esta altura, nos Estados Unidos ou num País menos seco de afectividade políticos-população, num País menos inexpressivo e menos tolhido nas emoções, algum Obama teria as palavras de consolação a que a Hora se presta. Também por aí se vê com que furor arde a Pira Portugal.

E Agora, Palhaço?

Vais continuar calado?

Portugal é Fixe (ou cinco bifes em férias)

Portugal 2013 – The Documentary from BEANBAG Media on Vimeo.

 

Mário Nogueira

Insubmisso na blogosfera.

Greve nos Mcdonald’s nos EUA

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Em Nova Iorque, em Novembro passado, um movimento grevista atingiu o pior e mais globalizado restaurante do Mundo. Hoje, uma grande mobilização deverá juntar cerca de 50 cidades norte-americanas. Exigem a duplicação do valor da hora de trabalho, actualmente fixada nos 7,25 dólares, e o direito a pertencerem a um sindicato.

Cartoline d’Italia (15) (da Agrigento e da Palermo)

Elisabete Figueiredo

IMG_5621Il posto più brutto al mondo, i templi, mezza angùria, un’ape e, alla fine, um bello gatto giallo*

Decido ir ao Vale dos Templos, já que o tempo parecia anunciar-se mais fresco (mas, na realidade, nem por isso). Saio do hotel, Via del Celso abaixo, doppo a destra pela Via Maqueda. Passo a Piazza Quattro Canti, continuo a dritto. Vou com calma a apreciar as coisas, sou duas ou três vezes interrompida com perguntas de turistas sobre lugares que não sei explicar onde ficam e acho graça, confesso. Embora tenha pena de não saber explicar como se vai para os sítios para onde as pessoas querem ir. Continuo em frente até ao cruzamento com a Via Torino, doppo a sinistra, doppo a destra e chego à Stazione Centrale di Palermo. Vejo o que parte mais cedo, se o comboio, de o autocarro. É este e, por isso, uma vez mais com uma certa pena, apanho o autocarro. Andata e ritorno para Agrigento. Sento-me, lá fora o céu está cinzento e eu contente com o meu chapéu-de-chuva cor-de-rosa (que afinal não foi preciso) dentro do saco. No autocarro vão poucas pessoas. Só eu e duas raparigas irlandesas (ouvi-as falar e percebi) somos turistas. Também vão, seguramente, para o Vale dos Templos. [Read more…]

Ainda o cheque-ensino

Santana Castilho*

O presidente do “Fórum para a Liberdade de Educação”, Fernando Adão da Fonseca, interpelou os leitores do artigo que escreveu neste jornal, no passado dia 25, sob a epígrafe “A liberdade de educação e os inimigos da liberdade”. Antes, referindo-se à proposta de revisão do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, classificou os comentários que se têm produzido sobre o tema em dois exclusivos grupos: os que visam “simplesmente confundir o esclarecimento do que está em causa” e os que demonstram “uma oposição reacionária a qualquer mudança”. Porque sou um dos interpelados (li o artigo) e porque sou um dos visados (ousei comentar o tema), importa dizer algo. Comecemos pelas interpelações. Pergunta Adão da Fonseca se o reconhecimento de pertencer aos pais a tutela primeira sobre a educação dos filhos traduz valores de “esquerda” ou de “direita”. A resposta é óbvia e é o articulista que a dá, quando nos recorda que o conceito está contido na Declaração Universal dos Direitos do Homem. [Read more…]

Cartoline d’Italia (14) (da Palermo)

Elisabete Figueiredo

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As pessoas interessam(me) pouco se não me acertarem diretamente no coração

Cheguei ontem às 10 da noite a Palermo, Sicilia, depois de um dia longuíssimo em que me perdi no mar, entre outras coisas. Palermo pareceu-me ontem uma cidade tranquila, quando depois de pousar as malas no hotel da Via del Celso, a voltei a descer, rumo à Via Maqueda que percorri por um bocadinho até alcançar o Teatro Massimo, imponente e luminoso no meio da noite. Estava tudo silencioso à minha volta. Pouco iluminado, excetuando o teatro. Sentei-me por ali numa esplanada e comi um gelado. Os sabores já os conhecem, ‘cioccolato, fragola e limone’. Tenho a originalidade que se sabe. Quero dizer, nenhuma e gosto de hábitos e de canções do Paolo Conte. Un gelato al limon, sprofondati in fondo a una città*… por exemplo. E como os gelados sem misturar os sabores. [Read more…]

Fonte da Pipa

fonte da pipa

Da série Quem te viu e quem te vê

nuno cratoNuno Crato, ao tempo na UDP. Ainda esta semana me contava um seu antigo camarada que este, e o José Manuel Fernandes, antes do o serem já o eram. Canalhas.

 

Não queremos semear ventos

No primeiro semestre de 2013 a taxa de desemprego desceu de 17,7% para 16,4%. De acordo com o INE, a principal causa apontada para este fenómeno inesperado é o aumento do número de empregados no sector agrícola. Só no último ano, a agricultura portuguesa conta com mais 3000 jovens na busca do oásis biológico.

Se numa primeira colheita este regresso às origens, ao sector primário, ao trabalho nos campos, surge como uma lufada de ar fresco na economia nacional que se temia estagnada, não podemos fechar os olhos a outros factores conjunturais e estruturais que, se ignorados, poderão ensombrar o futuro do ressurgimento desta actividade.

Por um lado, o aumento da empregabilidade neste sector deve-se à alteração fiscal aprovada ainda em 2012: até 31 de Outubro de 2013, todos os agricultores são obrigados a declarar a abertura da sua actividade e serão colectados em IVA. Ora, custa a crer que o “boom” de agricultores se deva apenas a novos projectos – haverá certamente entre eles quem já tenha há muito tempo iniciado esta actividade mas só agora, por força da legislação, regularizou a situação perante a administração fiscal.

Por outro lado, haverá que ter em conta que, na sua grande maioria, os novos inscritos criaram o seu próprio emprego. Projectos co-financiados, economias domésticas, mercados especializados e pouca capacidade de exportação a curto prazo são as características mais comuns destas iniciativas.

Outro fator de risco é a impreparação de quem se aventura na agricultura. A limitação geográfica do território nacional e a saturação de alguns mercados no setor agrícola são condicionantes para o sucesso de quem se entrega pela primeira vez a estes caminhos.

Sobre estes fatores já se pronunciou também a AJAP (Associação Nacional de Jovens Agricultores), que chama ainda a atenção para a sazonabilidade adveniente da altura das colheitas tornando, como tal, a empregabilidade temporária.

Nada disto, porém, anuncia que agricultura em Portugal está condenada ou não tem futuro. Antes pelo contrário: temos vontade de investimento e (nacional e internacional), temos várias alternativas de cofinanciamento (governamental e europeias), temos condições geológicas que proporcionam a criação de produtos com qualidade competitiva a nível internacional, temos uma conjuntura favorável, com o surgimento de novos mercados ligados à agricultura biológica e aos produtos naturais.

Não podemos, todavia, deixar a agricultura à toa. Saber aproveitar esta rampa de lançamento é crucial para a criação de alicerces sólidos no sector. Para que tal se concretize, a fiscalização da utilização de recursos é fundamental para o sucesso. Haverá que proceder a análises financeiras, de mercados, geológicas e de potencial de crescimento com regularidade. Para além disso, saber comunicar o desenvolvimento e o surgimento de produtos nacionais, apelar ao seu consumo interno e externo, apoiar os projectos e iniciativas viáveis é absolutamente essencial para que a agricultura se torne, finalmente, num sector português de excelência, há tanto tempo prometido. Caso contrário, estaremos apenas a semear ventos.

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