A opção de algumas redacções pelos amarelitos é algo que não surpreende, mas que me fez alguma comichão. Se um mísero corte em apenas 39 colégios (há mais de 2000) levanta esta poeira toda, imagino o que aconteceria se o governo tentasse despedir 40 mil professores da Escola Pública. Até a Igreja viria dizer qualquer coisa.
Mas, não gosto que os meus cometam os mesmos erros e o Jornal Público ainda é o meu jornal e por isso tenho que lhes bater.
Nas últimas horas conheceram-se três factos sobre este processo e todos eles merecem referência no site do Jornal:
Ora, até na forma como se arrumam três pontos podemos seguir uma tendência, mas, pergunto: não seria a bronca do Presidente aos representantes dos amarelitos a questão maior? Não é essa a verdadeira questão política? Um Presidente que estava a fazer tudo para lhes dar a mão e eles pimba…
Não, pelos vistos, para o Público, a questão jurídica é mais importante e por isso destacou o Parecer da Procuradoria, certo?
Errado.
Entre o Parecer da PGR e do Tribunal de Contas, destaca este e até o chama em exclusivo à primeira página.
Fica a nota e o alerta: os amarelitos são tão, mas tão pequenitos que aparecerem um segundo na TV é ampliar por mil a importância que não têm. E a sua relevância é mediática, porque, nas ruas deste país, não há um “não-interessado-no-pagamento-da-propina-do-filho-pelo-estado” que os defenda.
Os “jornalistas” que desistiram de o ser e não passam, actualmente, de marionetas, não terão ponta de brio profissional?
Não terão vergonha, ao fim do dia, da merda que fizeram?
É que eles sabem bem que se venderam, que o que fazem não é verdadeiro jornalismo.
Há umas (uns) que vendem o corpo a troco de dinheiro. Outros (as) vendem a consciência, o brio profissional, a troco de emprego (dinheiro). Isso faz desses “jornalistas” o quê, exactamente?
Percebo a censura e concordo com ela. Mas os professores – a minha classe – também devem fazer uma amarga auto-crítica. Seja em relação aos directores, ao acordo ortográfico, aos programas e metas, às pressões para o facilitismo e laxismo, vergam-se e vão na onda.
Tem toda a razão. A classe dos professores (também é a minha) tem muuuuuitas culpas no cartório. Essas que aponta e muitas mais que ambos sabemos.
Meu caro, quanto a isso, subscrevo de olhos fechados!
O mais preocupante nem é o facto de os jornalistas estarem nas mãos dos patrões dos grupos mediáticos e, por essa razão, não ousarem trair os interesses destes últimos; o que é assustador é que, na sua maioria, eles partilhem a mesma visão do mundo dos seus patrões – o que constitui uma prova eloquente da capacidade que tem a classe dominante para impor o seu pensamento (único) e a sua ditadura (democrática).
A democracia depende de cidadãos bem informados, com verdade e com imparcialidade.
Com a informação às ordens do capital e da igreja, não pode haver democracia.
O golpe no Brasil, pela Globo, é o paradigma do que está a acontecer em Portugal, pelo Público, pelo Balsemão, pelo CM, pelo I, pelas televisões, incluindo a pública, etc.
Para que serve a alta autoridade? Para lavar o mau jornalismo?
Em defesa da democracia, é urgente sanear a televisão pública.
Confundir o parecer to TC com o parecer da procuradoria é confundir as maçãs com as laranjas, mas para a direita vale tudo.