A situação não é nova, na verdade é recorrente, todos os anos havendo situações problemáticas com os exames.
Desta vez, o que se passou foi o IAVE, três dias depois da realização do exame Matemática A, ter definido que, numa questão com items em alternativa, quem respondesse aos dois items teria a resposta dada como certa desde que a resposta de um deles estivesse correcta. Isto, apesar de o enunciado dizer explicitamente que o aluno só deveria responder a um dos itens.
É óbvio que os alunos que responderam aos dois itens saíram beneficiados com esta alteração de regras a meio do jogo. Por exemplo, não sabendo a resposta de nenhuma das questões e respondendo ao acaso, tem-se o dobro das hipóteses de acertar. Uma das questões em causa é a seguinte (há várias).
Este exame, determinante no acesso ao ensino superior, condiciona a vida de muitos alunos e deve ser preparado sem falhas. É por isso inadmissível que esta estrutura do Ministério da Educação cometa erros ano após ano.
O IAVE espelha o tom geral do Ministério da Educação, marcado por incompetência, amadorismo e experimentalismo. Desde que o ME introduziu a Prova Geral de Acesso, em 1990, que o modelo de ensino, incluindo as regras de acesso à universidade, passaram a mudar ao sabor dos protagonistas, muitas vezes anualmente e com efeitos imediatos.
Da minha parte, pude fazer o ensino secundário sabendo quais eram as regras do jogo. Pude planear o meu futuro. Mas tal foi vedado às gerações seguintes, com ministros e secretários de estado a desfazerem o que os seus antecessores tinham feito, sem um mínimo de respeito pelos alunos.
A incompetência no ministério não se reúne aos erros pontuais, como estes do IAVE, que são graves, sim, mas ainda mais grave é o constante mudar de rumo. Não há cores políticas neste caminho errático. Algo mudou nos anos 90, pois, a partir de então, o experimentalismo nunca mais terminou. Os egos dos políticos passaram a contar mais do que a competência.
Haverá maus professores, tal como há maus profissionais em todas as actividades. Mas o que observamos, por parte de quem decide, é o dedo ser apontado aos professores, quantas vezes passando mensagens manipuladas à comunicação social.
É para a enorme multidão que povoa institutos, secretarias de estado e gabinetes, que se deve olhar em primeiro lugar quando se fala dos problemas do ensino. O povão, sempre sequioso de sangue, e mais uns quantos bem informados mas ao serviço das cliques políticas, apontam levianamente o dedo aos professores, desviando o olhar de quem comanda a máquina. O ódio aos professores não surge do acaso. Mas a marca da incompetência, tal como o algodão, não engana – e o IAVE, novamente, deixou a sua assinatura.
Caramba, mas qual é a admiração? Assim a coisa sai mais facilitada, fica toda a gente contente (não são os professores que dizem que o fundamental é os alunos sentirem-se felizes?) e o mal com o ensino, com os professores não é tão evidente.
Olhem, e que tal fazer um exame onde se dissesse:
APRESENTE AS QUESTÕES QUE QUISER, APENAS SERÃO CONSIDERADAS AS CERTAS.
Após isto, que tal: licenciaturas, mestrados e douramentos integrados de 6 meses em cursos, politécnicos e com professores da treta?
Caramba, a malta não tem tempo para essas coisas!
Com tanto concerto?!!!
O facilitismo apenas ajuda a esconder a incompetência de 30 de experimentalismo educativo.
Manuel Cordeiro. Mais de 3 décadas de experimentalismo, a que se juntou o método de formação e acesso à função de professor e, como resultado do anterior – ainda agravando, mormente na questão de disciplina, a atitude da maior parte dos professores; pela qual, estão todos agora a pagar.
É, são péssimos.
https://educacaoemexame.pt/