“O caso não é agradável, como é evidente, não é um caso positivo, mas acha que ter uma proposta para o país, discutir o país, debater o país pode ser anulado pelas pequenas questiúnculas que estão constantemente a surgir neste partido e nos outros partidos. Não pode ser, temos de estar um bocadinho acima disso”, declarou Rui Rio sobre o caso do deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano.
Por acaso não era suposto os dirigentes políticos do país serem exemplares e rigorosos no cumprimento da legislação?
Belo indicador do estado de impunidade que vigora entre os seres especiais que têm “uma proposta para o país”. A promoção da aldrabice.
José Silvano não precisou de marcar presença para encobrir uma ausência, porque tinha justificação para a mesma, comprovadamente estava em trabalho político.
Mas por estar ao serviço do partido e não da nação, ao não exercer nesse dia a função de deputado perdia direito às ajudas de custo de deslocalização em Lisboa.
Ficamos assim a saber que o deputado está ao nível de um chico-esperto… desses que o Estado tenta apanhar para cobrar impostos e que diariamente fogem para a informalidade. Se porventura o partido a que pertence vencer uma eleição e caso o deputado seja investido em funções governamentais, qualquer cidadão poderá invocar que os exemplos vêm de cima. Olha o que digo, não o que faço…
(atenção que isto não é um exclusivo no PSD, entronca na questão dos subsídios de deslocação, que atravessa todos os grupos parlamentares, cada deputado procurando declarar residência o mais longe possível de Lisboa. Houvesse vontade política, o subsídio deveria ser atribuído para deslocação entre o território onde se foi eleito e o parlamento. Sem atender ao local de residência. Encontrar alojamento, próprio ou arrendado, deveria ser um problema de cada um e não do contribuinte.)
Quando um Sr.deputado da Assembleia da República e secretário-geral do PSD ( e, já agora, “Comendador da Ordem de Mérito”, em 2015, pelo Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva) comete um acto Ilegal e há comentários como o que é assinalado no texto em epígrafe, parece continuar aprofundar-se a noção do conceito já em vigor neste país acerca da simples banalização da impunidade.
A quem interessa?
Isso não tem gravidade nenhuma quando comparado com tentar, sei lá, vender um prédio em Lisboa – isso sim, um flagelo.
Permiti-me acrescentar a estas vossas afirmações que subscrevo :
” A promoção da aldrabice. ” _ e da banalização da fraude
” estar ao serviço do partido e não da nação” _ do partido e dos lobies pessoais e partidários
” banalização da impunidade. ” _ que não devemos calar mas denunciar e clamar pela palavra de honra que algures se perdeu para sempre na política, essa porca miseria
O regime parlamentar em que só fala a voz do partido bem dispensava o faz-de-conta que cada um decide intervir quando e como quer.
A partir desse faz-de-conta fundacional tudo o mais são pentelhos.
Os deputados são pagos para prestar serviços ao partido e tudo o mais é treta.
Antes ao partido do quem paga ao partido, ou, como é hábito nos grandes dirigentes responsáveis, ao Deutsche e à Goldman.
Não se trata de fraude, trata-se antes de burla (um crime mais grave) cometida contra os pagadores de impostos que pagam os salários e as ajudas de custo a estes senhores, entre outros.
Espero que o MP abra o correspondente inquérito e peça o levantamento da imunidade parlamentar do sujeito cuja resignação ao cargo de deputado já devia ter sido apresentada.
Se no sector privado rolam cabeças, em tudo o que se refere à res publica devem ainda rolar mais cabeças, porque é o dinheiro dos pagadores de impostos que está em causa.
Vir Rui Rio, presidente de um dos maiores partidos portugueses, minimizar publicamente uma burla é um atentado à própria Democracia. É este tipo de gasolina que atiça o populismo. É um bofetão na cara dos portugueses. É reduzir a política ao lamaçal.
Rio Rio não só bagateliza o facto em si, como ainda eleva a sua classe – a que tem “propostas para o país” – para um nível superior, em que a bitola tem de ser ajustada à importância da missão. É ao contrário Sr. Rui Rio, a bitola tem é de ser mais exigente para quem é eleito para SERVIR os cidadãos.
Vão-me desculpar a comparação – as comparações entre países estão normalmente condenadas ao fracasso e procuro evitá-las – mas se fosse na Alemanha, os dois iriam fazer planos para o país num barzito qualquer. Ficarem nos seus actuais postos, não ficariam. E acreditem, no dia a dia do cidadão, isso faz uma enorme diferença.
P.S. Quem diz PSD diz qualquer outro partido que lide deste modo com “questiúnculas”.
Ana, um informador laranja privilegiado, que estava, evidentemente, presente, contou-me que, num destes dias, Silvano, depois de um almoço com as “bases” bem regado, na sequência de mais um contacto com a “sociedade civil”, se virou para Rio e disse: “Ó Rio, vai lá a Lisboa ver se eu lá estou!”. Foi uma rizada!
Aliás, foi uma risada! Ou uma riosada!
Zé Lopes, triste graça que bem denota a arrogância do poder e conivência de quem ri. É uma cola pegajosa e nojenta de que a sociedade parece não conseguir libertar-se. A parte obscurantista das relações e instituições sociais. Que revolta.
Fosca-se vocês são burros ou quê?
Fazem-me lembrar a historia do idiota a quem se lhe aponta a a lua e ele olha para a ponta do dedo…
Mas será que a partidarite paralisa o cerebro.
Será que não há um iluminado que se questione por que raio os deputados recebem 69€ pelo facto de picar o ponto ? Os gajos não tem salário? Acabem com esta mama e acaba este recorrente problema.
A vocês pelos vistos isto não vos faz espécie. Bendito sistema estatal de educação que vos lava o cerebro e vos deixa incapazes de ter uma minima atitude critica.
Afonso Guedes
Acalme-se Afonso, logo o primeiro comentador já referiu isso. Faz espécie sim e muita. Tem ideias para formas de acabar com a mama? Força, tem muito apoio por aqui.
Agora neste caso particular, pior ainda é a declaração pública e descarada do apodrecimento dos valores em que se baseia a Democracia. É a arrogância desta gente que deveria SERVIR os cidadãos e o que faz é desprezá-los.
“Quando aparecer um partido que, entre outros objectivos, proponha a reforma do sistema eleitoral, acabando com as listas fechadas (até o sistema do Líbano já tem listas abertas) e o monopólio, detido pelos partidos, da apresentação de listas para as eleições legislativas, (…).
Não obstante, o histórico de resultados eleitorais permite concluir que, ressalvando as naturais excepções, mais de 80% dos lugares considerados elegíveis à luz de critérios objectivos, conduzem à eleição de quem os ocupa. Portanto, muito antes do primeiro voto cair nas urnas, logo no momento da apresentação de listas, já há quem possa abrir a garrafa de champanhe, porque já está virtualmente eleito.
E, da direita à esquerda, todos estão satisfeitos com o “esquema” que é, em minha opinião, o vício primordial. Desde a monarquia constitucional que é assim. “Os partidos elegem-nos e nos votamos neles” (Eça de Queirós, de memória).”
(Porque vem a propósito, excerto de comentário meu aqui:
https://aventar.eu/2018/11/04/mario-centeno-e-a-geringonca-cavaco-tem-razao/#comments ).