A ortografia e a autenticidade

De voorspelling is dan dat er in riem meer alveolaire fricatieven zullen voorkomen (het meest waarschijnlijke resultaat van het mislukken van tongpunttrilling).
— K. Sebregts

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O Polígrafo estudou a matéria e divulgou que uma declaração atribuída a Catarina Martins não é autêntica. Convém ao Polígrafo debruçar-se também sobre a convenção ortográfica adoptada nas suas deliberações e comunicações. Um conselho aos redactores do Polígrafo: adoptai a ortografia de 1945, a autêntica, a verdadeira, a legítima, a da Bayer. Efectivamente, evitai contatos.

Quanto ao sítio do costume, pouco há a acrescentar.

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A que sector da sociedade portuguesa se destinam as fake news?

As fake news em Portugal vivem do Facebook e não de blogues. Estes, quando muito, servem apenas de muleta para a página do Face. E desculpem a crueza, nem podia ser de outra forma.
As páginas de fake news têm como alvo um sector específico da sociedade e que não é de distinção tradicional. As fake news não são nem para a classe baixa nem para a média (se é que esta ainda existe em Portugal) nem para a alta.
É para um vasto sector: os pouco informados. Que se encontram em todas as tradicionais classes. E, por isso mesmo, é o Facebook o seu pasto e não os blogues. Por isso, é um erro (na minha opinião) confundir as fake news com os “Corporações”.
O único ponto em comum é a manipulação.
Mas as páginas de fake news são para manipular através dos utilizadores de Facebook que, por opção (seja ela de que teor for) não estão informados e, como tal, acreditam em tudo o que lhes for apresentado da forma mais inverosímil. Pessoas que não consomem imprensa (escrita ou digital), que não gostam de política, que não gostam de pensar para além do natural da sua vida e do seu círculo. Essas pessoas são facilmente manipuláveis – basta apimentar a coisa da maneira mais….inacreditável.
Por exemplo: reparem no elevado número de pessoas que acreditam e partilham como verdadeiras peças de humor do “Imprensa Falsa” ou do “Inimigo Público” como se as mesmas fossem verdadeiras. Reparem no elevado número de pessoas que partilham como verdadeiras “notícias” sobre a morte de famosos. Antigamente, no tempo dos meus pais, compravam o “Incrível” pela diversão, pelo gozo. Se fosse hoje, compravam como se fosse o único jornal com notícias verdadeiras. Mais, as páginas de fake news, seja em Portugal, seja nos EUA, aproveitam este enorme mercado para transmitir a mensagem que pretendem e usam a plataforma que melhor se adapta em cada país. Nos EUA, é melhor o Twitter, como em Espanha. Já em Portugal, é o Facebook.
Ora, um jornalista que pretende fazer uma peça jornalística sobre o tema e escolhe como ponto de vista os blogues demonstra um total analfabetismo sobre o tema. Demonstra que ainda está no passado. Demonstra que não percebe nada do tema a investigar. [Read more…]

A FAPAG e o estacionamento para deficientes


A FAPAG – Federação das Associações de Pais de Gondomar – acabou de lançar uma petição pública para a existência de estacionamentos de deficientes em todas as escolas do país.
Não vale a pena. Já existem em muitas escolas e, a exemplo do que acontece por todo o lado, de hospitais a supermercados, estão quase sempre ocupados. Não por deficientes, mas por filhos da puta cidadãos cuja único problema é a nível da falta de escrúpulos, de valores de cidadania e de respeito pelo próximo.
Pois, não sei… A petição até é meritória, mas se calhar o melhor é perguntar a opinião do presidente da República.

O Aventar não é de Esquerda

Há dois dias, saiu na SIC uma peça sobre Fake News. Não nos pronunciando sobre o conteúdo da peça, algo que apenas faz sentido em publicações individuais, dada a inexistência de uma linha editorial no blog, não podemos deixar passar em branco uma imprecisão jornalística, nomeadamente a afirmação sobre o Aventar ser “um blog de esquerda“.

O Aventar é, desde o seu início, um blog pluralista, com autores de todos os quadrantes, políticos e não só. Quem lê o Aventar com continuidade, poderá constatar que assim é. Cada autor publica sobre os temas que bem entende e quando acha oportuno. Daí poderá resultar um maior número de posts considerados “de esquerda” – tanto quanto estas categorias ainda sejam referenciais válidos. Apenas artigos assinados pelo autor Aventar constituem posições colectivas de comum acordo.

O Aventar é, há 9 anos, um espaço pluralista, de controvérsia e de saudável debate. E assim continuará a ser.

Se dúvidas houvesse sobre o tipo de políticas deste Governo e a quem elas interessam…

A CIP quer maioria absoluta para o PS.

Que país?

 

“Se o governo estivesse mais liberto do peso da esquerda o país ganharia.” – António Saraiva, presidente da CIP (2018)

“A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor.” – Luís Montenegro, PSD (2014)

O que dizer deste livro?

Para comemorar os cem anos da Revolução Russa, decidi-me a ler um livro que, segundo um amigo marxista, era o preferido da CIA. A responsabilidade desta leitura não deve ser atribuída apenas à Revolução, mas também a George Steiner que me despertou a curiosidade pela figura de Pasternak quando nos conta a história que relato neste texto que escrevi, após um simpático convite do Pedro Correia.

Yuri Andreevitch Jivago é nos apresentado em criança a chorar a morte da mãe. Abandonado pelo pai, o rapaz é entregue a um tio e a amigos que o sustentam e educam. A facilidade com que ele escapa à pobreza contrasta com a vida difícil de Larissa após a morte do pai. Apesar dos avisos sobre a quantidade de personagens que romances russos contêm, Doutor Jivago centra-se sobretudo nestas duas personagens. Ligados, desde a juventude, por uma série de coincidências lamentáveis, Larissa e Yuri vivem paralelamente numa Rússia dividida por extremas desigualdades sociais, até que se encontram na Primeira Guerra Mundial, onde a igualdade da situação – a morte num campo de batalha é para todos – os une.

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Tauromaquia e Civilização

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Cartoon@No Limiar das Palavras

A propósito das declarações da nova ministra da Cultura, que muito incomodaram o barão socialista Manuel Alegre, um aficionado dos “eventos” dedicados à tortura animal que dão pelo nome de “tourada”, o poeta afirmou que, por vezes, sente a sua liberdade pessoal ameaçada. Imagino que, caso um qualquer governo decidisse decretar a abolição da sangria tauromáquica, Alegre cuidaria estar perante a ressurreição do nazismo.

Se vamos por este caminho, qualquer dia ainda nos aparece por aí uma seita pagã a exigir o regresso do sacrifício de cordeiros em nome de uma qualquer divindade. Porquê não? Quem somos nós para condicionar a sua liberdade de sacrificar um animal para honrar as suas tradições? Ou então a malta da magia negra, a exigir o sacrifício de galinhas pretas em praça pública. Ou ainda, quem sabe, um qualquer grupo católico extremista a exigir o regresso da Inquisição. Que direito temos nós de impedir um fiel devoto de punir um herege no pelourinho? [Read more…]

Em causa: a honestidade no Parlamento

Se no caso Silvano se trata de uma campanha para queimar Rui Rio ou não, tanto faz. É coisa para o PSD se ocupar, se quiser, não para interessar a maioria dos cidadãos. Os Portugueses têm direito a terem representantes que cumpram as regras, tal como lhes é exigido que as cumpram e como faz parte do Estado de Direito. Do alto do seu privilégio de fazedores de regras, os deputados têm uma obrigação redobrada de as cumprir. Para os cidadãos, o que está em causa é o que muito bem coloca neste artigo Paulo Ferreira, analisando a questão nas suas diversas vertentes:

“Uma é “atirar” a quem expõe ou critica estas práticas esquecendo os factos concretos, a sua legitimidade e decência. É a lógica de “matar o mensageiro”, de acusar genericamente a plateia de “virgens ofendidas”, de defender que o problema não está nos actos mas sim no seu conhecimento público. Nesta abordagem, a única solução para o problema é a censura. [Read more…]

Rebentar com o partido, tal como fizeram com o país

Ou há eleições no país, ou há eleições no PSD“, terá afirmado Marco António Costa numa Comissão Política do PSD, por alturas da votação do famoso PEC IV. Como se sabe, houve eleições e levámos com a troika com a sua força máxima. Não sabemos se o PEC IV teria sido mais suave do que a troika, mas sabemos uma coisa. Atendendo às palavras do MAC, o mote para o chumbo desse Pacto de Estabilidade e Crescimento foi a pressa de chegar ao poder.

Chegado à liderança do PSD, Rui Rio logo fez saber que uns quantos dos actuais deputados não fariam parte das próximas listas, o que se traduz numa clara ameaça ao emprego dos visados. Temos observado, desde então, uma sucessão de casos que não beneficiam o PSD e que, tudo para aí aponta, têm tido divulgação activa por parte do próprio PSD. O caso do deputado ubíquo é um deles. Foi dado a conhecer com um nível de detalhe que cheira a inside job à distância. Olhando para o fastio do Presidente da AR e de outros deputados perante a fraude, este caso só não se ficou por uma simples questiúncula porque, certamente, valores mais altos se levantaram.

O que a aparência nos diz é que há quem esteja empenhado em fazer com que Rio não chegue a ter hipótese de fazer as próximas listas para as legislativas. Nem que isso rebente com o partido. Mas, lá está, poderá ser apenas uma questão de aparência e haver, de facto, uma onda de preocupação quanto à assiduidade dos deputados.