O vírus (4)

Pela Europa, confirma-se a nulidade em que a União Europeia se transformou, incapaz de estar à altura de apresentar um plano conjunto de resposta à presente crise.

Assistimos ao habitual espectáculo da arrogância nórdica, como se não tivessem grande benefício com o mercado único, e à mão estendida dos países do sul, pródigos nos casos de corrupção na aplicação dos “subsídios”.

Agradecem esta desunião os restantes grandes blocos, como China e Rússia, que vêm a sua posição ficar mais consolidada de cada vez que os concorrentes não se conseguem organizar.

A “solução” europeia passa por uma forte dose de empréstimos, sejam eles a fundo perdido ou não. O ponto está no recurso ao empréstimo, em vez da opção pela emissão de moeda. Se a segunda opção se traduziria numa desvalorização transversal da riqueza, já a primeira assegura a manutenção do património dos poucos que controlam o sistema financeiro. Manutenção e, inclusivamente, aumento, já que alguém (os estados) acabará a pagar juros.

Sem surpresa, foi notícia que a riqueza dos multi-milionários aumentou ainda mais durante a pandemia.

(continua)

 

Comments

  1. Fernando says:

    “Se a segunda opção se traduziria numa desvalorização transversal da riqueza,”

    O que é que isto sequer significa?

    Recorrer à criação de dinheiro e o investir directamente na economia não é novo e vários estados monetáriamente soberanos fazem isso.
    Portugal não pode fazer isso por razões óbvias, Portugal abdicou da sua soberania.

    E a União Europeia não é inútil, tem sido bastante útil para desvalorizar os salários de quem trabalha, transferir riqueza do sul para o norte e transferir riqueza da maioria para uma minoria.

    Claro, para j. manuel cordeiro os grandes inimigos da Europa são a Rússia e a China, não são as oligarquias europeias que criaram a União Europeia e Euro para reprimir as próprias populações.

    Não foram as oligarquias europeias que destruíram as economias de vários países, Grécia e Portugal são bons exemplos, para poderem consolidar poder a nível continental, foram a Rússia e a China…

    • Paulo Marques says:

      Obviamente, refere-se à inflação, que supostamente existiria automaticamente por criação de moeda. Mas basta analisar o disparar das dívidas nos últimos dez anos para ver que não há relação directa, nem tão pouco com taxas de juro, e que a teoria está mal contada.
      Para não me caírem em cima, a realidade também não implica o oposto, antes que há gastos e gastos.

  2. Rui Naldinho says:

    Sim há bilionários que aumentaram a sua riqueza, com a crise. Os gigantes norte americanos das telecomunicações, Facebook e Google, ou das compras por via digital, por exemplo, como a Amazon, devem ter enriquecido mais um pouco. Os donos da FedEx, DHL, Chronopost, etc, etc, também não tiveram mãos a medir. Até fretavam veículos de transporte às agências de aluguer de automóveis e a outros operadores.
    O mal de uns pode ser um maná para outros. Sempre foi assim, e assim será.
    Já por cá, não sei se as oportunidades foram assim tantas, com excepção de situações muito pontuais. Talvez os importadores de máscaras e luvas. Ou os representantes das marcas que produzem os testes Covid 19 ou os serológicos. Há sempre um João Cordeiro à espreita de uma oportunidade para aumentar o seu pecúlio, dentro do sistema de compadrios, que a política gera. Mas isso é transversal aos partidos.
    Li uma entrevista por estes dias no Jornal do Fundão, feita ao dono e fundador da fábrica de farinhas “Branca de Neve” e “Espiga”, sediada em Alcains, Castelo Branco. Trabalharam aos sábados e chegaram a fazer turnos, face à enorme procura de farinhas de vários tipos. Percebe-se que este ingrediente é base de muita refeição, na alimentação portuguesa. Em tempos de incerteza e risco sanitário, as farinhas ou as massas alimentares são produtos a armazenar.
    Há no entanto muitas empresas e empresários, portugueses e estrangeiros, que devem estar a passar enormes dificuldades face aos investimentos efectuados. Tudo o que estiver ligado ao turismo e transporte de passageiros, das companhias aéreas aos aeroportos, dos hotéis às empresas de restauração e diversão, devem viver momentos dramáticos. Num passado recente o tempo corria-lhes de feição.
    Os 150.000 brasileiros que vivem em Portugal, não são todos “Vistos Gold”. A maioria esmagadora trabalha na restauração e comércio, como empregados. Hoje engrossam as listas de desempregados nacionais.
    Quanto à Europa dos nórdicos, ” insensíveis à dor alheia”, e os corruptos do Sul, insensíveis às boas práticas e à ética, faz parte do ADN de cada um deles.
    Pode ser que um dia ” a carruagem de Compiégne” ressuscite, e nessa altura sejamos nós, os do Sul, a humilhar os nórdicos. Só que para alcançar esse desiderato, temos de mudar tudo, em especial na nossa maneira de pensar a política.


  3. Quando um rico não aumentar a riqueza em cada ano, ou fez asneira da grossa, ou não era rico – espantem-se os membros do observatório da riqueza!
    Quanto à UE, se o acordo é tamanha desbunda até fico perplexo sem imaginar o que seria o montante e o destino das notas a fabricar para satisfazer a mama do sul!

    • Paulo Marques says:

      O contabilista não percebe o que é uma união económica? Estou chocado!

      • POIS! says:

        Pois não, naõ percebe!

        Mas se as notas tivessem a efigie de Salazar talvez JgMenos desse o benefício da dúvida!

    • POIS! says:

      Pois pois!

      E ainda ninguém falou nos baús necessários para transportar as notas para o Sul! Quantos seriam!

      Seria um descalabro. Aposto que aquilo era só malas “Vuitton” a sair das tiposgrafia, a malta do Sul é muito esquidita e fina! E os do Norte que as paguem, que aquilo é caro!

      A única saída aceitavel seria recorrer à “Boutique Cigáno”, que foi o que aconteceu no acordo. Ou aos contrafeitores chineses, mas nesse caso as maletas podem vir contaminadas de covides.