César Alves
Quem achasse que Portugal estava imune aos fenómenos de extrema-direita que, um pouco por todo o mundo, despontam, foi surpreendido pela ascensão meteórica de André Ventura.
O líder do Chega pode ser apenas a versão portuguesa do que se vê por aí mas, por outro lado, há a possibilidade de nos bastidores estarem a acontecer coisas, invisíveis aos nossos olhos, mas que daqui a uns anos nos façam pensar: como é que não vi isto.
André Ventura, ex-militante do PSD, foi candidato à Câmara de Loures, em 2017, pela mão de Pedro Passos Coelho. Com um discurso xenóbofo, dirigido à comunidade cigana, Ventura, apesar do 3º lugar, conseguiu melhorar o resultado face a 2013, numa autarquia historicamente comunista.
Aí percebeu que aquele discurso, após a vitória de Trump, que acabou por validar vários outros movimentos, lhe granjeava o apoio de uma massa de cidadãos sem partido ou sem um discurso político concreto. O advento das redes sociais veio multiplicar os palcos da opinião e, ao mesmo tempo, descer o nível do debate nesse espaço público. Ventura foi ainda comentador desportivo na CMTV, um canal que, como o seu partido, apela ao que de pior tem o ser-humano, explorando a boçalidade, o que lhe foi aumentando a exposição pública, num fenómeno tão popular como o futebol.
Nasce o Chega em 2019 e, com ele, Ventura é eleito deputado. Estava já dentro do sistema, líder de um partido que é indissociável de si mesmo. Não restam dúvidas de que o Chega é um one man party, uma característica que me parece propositadamente impulsionada por Ventura. Não lhe interessa que o Chega cresça, interessa-lhe o seu próprio crescimento à boleia desse partido. Tenho em crer que a eleição de mais deputados e/ou uma exposição pública maior de outros elementos só descredibilizariam o movimento. A julgar pelo congresso e pelo que dali saiu, não parece uma ideia muito longe da verdade.
A par de tudo isto, a direita portuguesa vive uma profunda crise de identidade. O CDS é virtualmente inexistente nas sondagens, o Iniciativa Liberal tem um contexto muito próprio e o PSD, eterno líder da direita, sofre com um Rui Rio que, longe de ser unânime, abandonou o que pareceu ser uma postura estadista numa fase inicial, para colocar a sede de poder acima de tudo o resto. O acordo nos Açores, em que o PSD abre a mesa das negociações ao Chega, foi a porta de entrada à credibilização de André Ventura. Mesmo que este não se importe de denegrir a imagem do PSD na imprensa. De um lado, pede-se a moderação do Chega para ser alternativa. Do outro, pede-se a radicalização do PSD para enfrentar a esquerda. A verdade é que, do PSD, não surgiram revoltas com esta abertura ao Chega e a Ventura. Deu-se início a normalização deste.
Quando André Ventura diz, em directo, que o PSD nunca será governo sem o Chega, tem razão. Mas parece-me que a mensagem é outra: que a direita nunca voltará a governar sem André Ventura. O PSD não descola nas sondagens, Rui Rio não se torna um líder efectivo e as alternativas à liderança do PSD, actualmente, resumem-se a um Pedro Passos Coelho que não demonstra interesse no regresso e a um Luís Montenegro sem força.
É aí que entra Ventura. E é, no fundo, essa a teoria. De que todo este caminho que Ventura fez desde que se desvinculou do PSD foi para regressar, mas como candidato à sua liderança. E, aí sim, ter possibilidades de ser primeiro-ministro, realidade que no Chega, no contexto fortemente bi-partidário de Portugal, só com uma hecatombe acontecerá.
Como candidato à liderança do PSD, Ventura será mais o candidato da direita. Vai agregar os militantes do Chega (que deverá dissolver-se), convencendo-os de que só assim a direita poderá governar; vai agregar os votos sistémicos do PSD; vai agregar aqueles que pensarão “se está no PSD, não será tão extremista”; e vai agregar aqueles que olham como uma inevitabilidade este caminho para um regresso da direita ao poder. E parece-me que, a concretizar-se esta teoria, poderemos observar uma americanização da política portuguesa: António Costa abriu a porta à política em bloco com a Geringonça, e a direita vê-se, neste momento, no impasse de, apenas toda junta, conseguir fazer frente à esquerda. A realidade pluri-partidária passará a ser uma batalha esquerda vs direita.
Ou então, isto é apenas uma teoria sem cabimento. Oxalá esteja enganado. Mas, a lição para todos os democratas, de esquerda, de centro e de direita, é que tomamos durante muito tempo a democracia como garantida e teremos que renovar os nossos argumentos e o nosso discurso. A defesa da democracia nunca poderá distrair-se. Os cavalos de Tróia estão aí.
Eis como se procura demonstrar que a cena da extrema-direita, não tendo fundamento factual, serviu para deslocar o PSD para PPD que lhe deu o ser.
Quanto a ciganos: o ‘individuo’ que disparou contra a GNR no Seixal e morreu, os ‘indivíduos’ que foram avistados armados e a clamar vingança, a GNR de portas fechadas.
A xenofobia dos ‘indivíduos’, pela voz dos palhaços do corretês!
Ciganos em bandos tribais de marginais, voluntários da exclusão social e do desrespeito às leis.
Pois estou profundamente comovido!
Finalmente o PPD fez as pazes com o PSD. Ver assim o filho nos braços do pai faz-me correr rios de lágrimas. Então aquele carinho com que o PSD é tratado! “Meu coelhinho vem aos meus braços”. É tão comovente!
“Gunas fardados em bandos tribais de marginais, voluntários da exclusão social e do desrespeito às leis.”
A diferença é que a uns pagamos para estarem “integrados” desta maneira, os outros nem emprego, nem coisa nenhuma.
Era para o coiso.
A direita endinheirada aposta no regresso ao fascismo e no PSD há forças que vêem no André CHEGA um trampolim para o poder…
Não foi o #PinCoelho que lançou a besta na política ?
Nos Açores não estão já a ensaiar ?
O @ppdpsd a continuar a ir pelo cano abaixo e o André CHEGA a cumprir a missão atribuída pelo #PinCoelho , Desmantelar o @_CDSPP , colocar o Rui Rio na corda bamba e permitir o regresso d o seu mentor Passos Coelho como o salvador da direita e refundador do PSD sozinho na direita
É como os Verdes que é uma criação dos comunistas?