2020: o ano de todas as pandemias

2020 foi um ano difícil, que pode ser resumido em poucas palavras: vírus, epidemia, pandemia, medo, confinamento, distanciamento social, máscara, álcool-gel, negacionismo, contágio, zaragatoa, teste, ventilador, profissionais de saúde, SNS, layoff, crise económica, vacina e morte. Talvez pudessem ser acrescentadas mais algumas, que nem me ocorrem nem me apetece procurar, porque não pretendo fazer disto uma obra científica, mas este foi o léxico dominante, durante os nove últimos meses. E, não nos iludamos, continuará a sê-lo.

Muito foi dito e escrito sobre a pandemia. Da “gripezinha” à falsa sensação de segurança, passando pelas habituais conspirações, amplificadas pela ignorância militante, de repente éramos 7,8 mil milhões de especialistas em saúde pública, virologia e gestão de crises. Por cá fomos bestiais, depois bestas, e, quer-me agora parecer, terminamos o ano como culpados pelo agravar dos números. E não, não saíamos mais unidos, mais conscientes ou mais humanos de tudo isto. Saímos como entramos, com as nossas virtudes e defeitos, adaptados ao novo normal que, esperamos, já seja uma recordação distante daqui por um ano. [Read more…]

Sobre ser demasiado, ou as quotas de género

César Alves

A notícia dizia que a Câmara de Paris tinha sido multada por empregar demasiadas mulheres. Veio logo aquele arrepio na espinha: que raio de situação era essa, ainda por cima não sendo saída de um qualquer país demasiado conhecido pelo facto de as mulheres serem cidadãs de segunda?

O problema era simples: a lei das quotas de género, instaurada em 2013, que prevê que nenhum género esteja representado acima dos 60%, foi violada, uma vez que a Câmara de Paris emprega 69% de mulheres. A presidente do executivo, Anne Hidalgo, fez da multa um acto de activismo, assumindo a felicidade por ela e prometendo entregar pessoalmente o cheque.

Eu percebo genuinamente esta felicidade, uma vez que o problema da desigualdade entre homens e mulheres é gravíssimo, demasiado pesado e estrutural. Não a percebo do ponto de vista dos objectivos daquela lei que, desde a sua origem, tem pouco sentido. [Read more…]

A melhor história de 2020

A melhor história de 2020? No estado da Virgínia um grupo de moradores resolveu homenagear Anthony Gaskins, um funcionário da UPS.
Durante anos Anthony entregou cartas e encomendas, sempre sorridente e cumprimentando toda a gente. Nas semanas de confinamento, Anthony não só manteve um serviço eficaz como passou a bater à porta das pessoas para fazer entregas ou apenas para saber se estavam todos bem. Foi um apoio presente nos dias mais complicados, sendo inclusive um dos primeiros a ajudar quem se mudou para aquela localidade durante a pandemia.
Esta semana centenas de moradores organizaram-se para agradecer ao seu carteiro de forma sincera e bonita de se ver, como se pode comprovar no vídeo com a peça da ABC News. Sou fã destas coisas, destas pequenas coisas.
Paulo Franzini