Nada contra quem escolhe fazer carreira na política, mas é engraçada a revolta com o currículo espetacular do João Cotrim Figueiredo. Pelos vistos, mostrar trabalho é negativo. Resumo de grande parte da mentalidade portuguesa.
Preguicite esquerdista
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[…] Há quem ache que quantidade é sinónimo de qualidade. E não estranha, não viesse tal devaneio de alguém que defende a acumulação de capital. Logo, quanto mais, melhor. […]
talvez seja apenas falta de hábito
Espectacular é só para dar espectáculo ?
E que bem, pois mostra trabalho em pouquíssimo tempo.
Vejamos: 3 anos nos cafés, 6 anos nos sumos de polpa, 6 meses a deter o BPP, 1 ano e meio na TVI, 2 anos no Turismo de Portugal, e mais uns pares de anos em empresas de investimento e recursos humanos.
Digamos que é um precário dos empregos de alto gabarito. Depois da “discriminação contra investidores bolsistas”, a precariedade dos nascidos em berço de ouro.
Comovente. inserir arco-íris, gambuzinos e unicórnios liberais
Espectacular? Como é que sabe? Assinou-lhe as avaliações? Eu não faço ideia, acho é curioso que se fosse um trabalhador, saltar assim de empresa em empresa era mau sinal, se fosse pós-político também, por outras razões.
Ou se fosse do PS, porque era do PS. É o jogo da destruição constante do outro lado da barricada, que nem sequer se pode discutir-se num único post, tem que ficar em 10, que ter o nome no artigo é muito importante, e que só serve para descredibilizar tudo e todos, e depois admiram-se que surgem baratas em todo o lado.
Eu explico-lhe, Francisco. Como v. é jovem, deve ainda pensar que ser gestor / administrador de dezenas de empresas, invariavelmente grandes e ricas, é mera competência.
Claro que alguma competência estes gestores multi-teta hão-de ter: devem saber usar uma gravata, chegar a horas às reuniões ou ao golfe, abrir um Excel. Não devem apanhar pielas de manhã ou urinar no chão. Serão, como o Cotrim, o Proença de Carvalho ou o Lobo Xavier, tipos organizados e bem apresentados.
And that’s about it. O resto, Francisco, é ‘networking’: na pulhítica, nos compinchas da faculdade ou de tachos anteriores, nas máfias de batina ou de avental, nas negociatas mafiosas ou no mamanço de subsídios estatais e europeus, nas Angolas, Brasis e outros regimes cleptocráticos, nos BES, Goldmans e outros piratas…
O mito do gestor. Um simplório pensa: se gerir uma pequena empresa dá trabalho, gerir uma grande dá muito mais! Claro que dá; mas é distribuído por muito mais pessoas. Cada gestor destes tem um batalhão de assessores, directores, consultores, técnicos, secretárias, assistentes, advogados, contabilistas, um mar de gente que lhe faz a papinha toda.
Até na vida pessoal, onde o comum cidadão tem de se preocupar com as tarefas da casa, com os filhos ou com a revisão do carro, tudo no seu ‘tempo livre’, os míticos gestores têm staff às ordens. Qual trabalho? Que faz esta canalha a mais que os outros?
O simplório pensa a seguir: mas assumem tanta responsabilidade! Outra asneira. Ao contrário de um empresário, não é o dinheiro deles que está em jogo. Jamais são responsáveis por nada.
Corre bem? Mamam mais. Corre mal? Mamam na mesma. No limite, vão-se embora com um “golden parachute” de mama vitalícia. Até quando há bronca, como na PT ou na Volskwagen, o CEO sai com o rabo cheio de milhões. Qual responsabilidade?