
Este anúncio foi publicado na revista estado-unidense Soldiers of Fortune (SOF), algures durante a década de 80, no decorrer da guerra que opôs o governo afegão de então, apoiado pela URSS, a várias facções de mujahedines e maoistas, apoiados, entre outros, pelos EUA, China, Arábia Saudita e Reino Unido.
O anúncio mais não era do que um o apelo dos responsáveis pela publicação, próxima da grange mais radical do Partido Republicano e da NRA, para que os seus leitores apoiassem financeiramente os rebeldes, maioritariamente fundamentalistas wahhabitas, a versão mais extremista do sunismo. Mohammed Omar e Abdul Ghani Baradar estavam entre os beneficiários da campanha da SOF. Na década seguinte fundaram os Taliban. Esta semana, Baradar assumiu funções de vice-Emir do Emirado Islâmico do Afeganistão, uma espécie de primeiro-ministro, já que o Emir, Hibatullah Akhundzada, é mais um líder religioso que político.
Da America Latina ao Medio Oriente, de Pinochet e Noreiga aos Taliban e à Casa Saud, um dia ainda havemos de ver respondida uma das grandes questões do nosso tempo: porque é que aos EUA é permitido apoiar e legitimar ditadores, promover golpes de Estado contra governos democraticamente eleitos ou treinar e financiar terroristas, e, ao mesmo tempo, manter o estatuto de “farol da democracia”, que poucos ousam contestar?
Sim senhor! Até o Rambo lá foi apoiar os valentes “combatentes pela liberdade”…Até foi filmado um final alternativo em que ele ficava lá…eventualmente agarrado a uma taliboazona.
Uma das histórias caricatas foi o de os americanos terem sido obrigados a comprar de volta os mísseis “Stinger” que tinham fornecido aos “mujahideen” com medo de que viessem a ser usados contra eles. Aconteceu nos anos 90 e mesmo já no início do século.
Em suma: uma boa lição para os “iluminados” adeptos da doutrina “acabamos já com isto, e depois logo pensamos no que vem a seguir”.
Oh malta, vocês botem democracia nisso, caneco!!!!!!
Ora bem, é preciso esticar um bocadinho para a República Democrática ter sido democrática, mas sempre era mais liberal do que os amigos da CIA. E menos susceptíveis a certas alianças, mas que é isso perante o eterno espectro?
Porque é em nome da liberdade, do mercado, bem entendido, e isso vende bem na imprensa. E dá bons anúncios.
E, perante a liberdade, o que é sequer falar em planeamento, controlo do dinheiro, ou vítimas colaterais? Isso é propaganda judaico-bolchevique que só faz falhar a hegemonia. Xiu, pá, qual castelo de cartas, é traição à imparável marcha do progresso.
Dos nobres “combatentes pela liberdade” afegãos, esses defensores dos direitos humanos, em particular das mulheres e da liberdade religiosa (ou ateia), uma das facetas talvez menos conhecidas é o que faziam aos russos que capturavam.
Além dos que torturavam e cortavam em pedacinhos, mantinham vários como… concubinas. Uma tradição coerente, aliás, com o que fazem ainda hoje muitos machões lá da zona, incluindo a Índia e o Paquistão, mas esses preferem rapazinhos a soldados.
Claro que em todo o lado há bestas e abusadores, mas certas zonas – e certas religiões – estão realmente noutro nível. Nada que detenha a esquerda woke de lhes cantar loas, ou de chamar ‘racista’ a quem sugira que certas culturas – ocorre-me uma em Portugal… – podem ser ligeiramente inferiores. Ligeiramente.
Sim, e o tema? Gostava de pagar aos mamões da Lockheed Martin, DynCorp, Black & Veatch, Academi e por aí fora para defenderem outros mamões que se põem ao fresco? Nem sequer gosta de quem se abstém mais de 80%?
O indentitarismo acima da política, de facto, é uma praga.
O meu tradutor de paulo-marquês deve precisar de pilhas novas. Está a sugerir que eu queria lá a canalha americana mais os seus fantoches afegãos? Bem, sempre era melhor que a canalha talibã… embora não por muito.
O Afeganistão é o triste resultado de séculos de religião, guerras e obscurantismo. A solução era proibir a religião. A ferro e fogo. Com sorte, em algumas gerações talvez fosse um país normal.
Claro que ninguém está para isso, e a larga maioria dos afegãos – doutrinados desde o berço – também o não deve querer. Logo, não há solução. Resta proibir a entrada da religião na Europa. Querem adorar cultos medievais? Força – lá longe. Cá não.
Abstenção de 80%? Em Portugal, o resultado seria o mesmo: a nossa classe pulhítica encolhia os ombros. E v. também.
Estou a dizer que as questões reais são o que podemos e devemos fazer, se algo.
Deixar toda a gente à sorte é sua a resposta, pelo menos até podermos estar todos livres da religião. Não sei porque esperava outra.
No ano em que foi criado esse poster os esquerdalhos adeptos do comunismos chinês, soviético e afins diziam que morrer de fome no soscialismo era uma forma de combater o capitalismo.
Pois.
Já os talibans era uma farturinha desgraçada. E tinham uma grande vantagem: não eram socialistas.
Eram até adeptos de um capitalismo muito liberal, muito aberto, embora voasse rasteirinho
Aliás, nem sabemos bem a razão pela qual o Mr. barreiro não emigrou para lá logo nessa altura.
Farol da democracia!
Antes de haver farol haveria de fazer-se luz que definisse a democracia perfeita.
Até lá limitam-se os USA a ser a democracia imperfeita mais temida pelos que definitivamente nada querem da democracia,
O seu poder económico e militar vai tolhendo os experimentalistas das perfeições do ‘homem novo’ ( o aborto soviético continua a ter empenhados discípulos) e os talibãs deste mundo vão ter que decidir se desistem de levar com umas bombas nos cornos.
Pois mas…
V. Exa já decidiu alguma coisa? Estamos em pulgas…
Bom, tendo em conta a humilhação recente, as porradas da China, e os golpes falhados a sul do país, é melhor mudar de promessas.