The Rui Rio conspiracy

Rui Rio ficou aborrecido com a detenção de Rendeiro. O timing não serve os seus interesses ou os do seu partido. Só lhe faltou dizer que foi tudo engendrado pelo PS, para completar o ramalhete. Presumo que a detenção de Manuel Pinho, ocorrida ontem, fará igualmente parte do plano eleitoralista do PS. Tal como o facto de Mario Lino, Paulo Campos e Teixeira dos Santos terem escapado à justiça pela via da prescrição. Uns safam-se, outros lixam-se, mas, na verdade, na disso importa: é tudo parte de um grande esquema para beneficiar o PS, mesmo quando o prejudica.

Claro que Rio é livre de fazer os números que quiser. Estamos a pouco mais de um mês das Legislativas que decidem o seu futuro político e, a bem da verdade, disparar parvoíces não é um exclusivo seu. No entanto, a forma como desprezou e menorizou o trabalho da PJ, destratando o papel da polícia portuguesa na detenção de Rendeiro, ficou-lhe muito mal. É óbvio que foi a polícia sul-africana que deteve Rendeiro. Nem poderia ser de outra maneira, ou não tivesse a detenção ocorrido em território sob sua jurisdição. Daí até reduzir a acção da PJ a nada, vai um longo e lamentável caminho.

Rui Rio sabe bem que ganhar as eleições Legislativas não é a mesma coisa que derrotar tangencialmente uma barriga de aluguer vinda Bruxelas para fazer o frete em cima do joelho. Mais ainda no seio de um partido dividido, divisões essas que fez por extremar, plasmadas na elaboração das listas à Assembleia da República e nos ajustes de contas do aftermath eleitoral. Para não falar no facto de se ter posto a jeito de ser muleta de António Costa, para desespero da direita que percebe que uma alternativa com Costa não é alternativa nenhuma.

Rio pode ter ganho um bom embalo com a vitória nas internas, e até pode vir a ganhar as eleições. Só o tempo o dirá. Mas tem que se focar no seu adversário, na sua governação e, sobretudo, num plano alternativo para o país, que, até à data, ninguém faz a mínima ideia de qual seja. Tudo o que sabemos, quando falta um mês e meio para as Legislativas, é que Rio está disponível para viabilizar um governo socialista. Assim não vai lá. Nem assim nem a atacar a PJ, quando o país ainda celebra a detenção de João Rendeiro.

Comments

  1. estevesayres says:

    Não vou comentar, até porque sei que os neoliberais do PS/PSD do Costa e Rio, estão todos contentes…
    Aguardamos que nestas eleições legislativas tenham o que merecem!!! Menos votos…
    Aproveito para desejar a todos:
    Boas Festas e Boas Entradas, com saúde e já agora com alguma alegria

  2. Paulo Marques says:

    E, se for eleito, não tem alternativa a despedir o alegado joguete político.

  3. Filipe Bastos says:

    Mas [Rio] tem que se focar no seu adversário, na sua governação e, sobretudo, num plano alternativo para o país…

    Cá está a resignada e pífia politicazinha dos moderadinhos que o Mendes representa tão bem.

    Um dia, só por meio segundo, experimente pensar assim: não quero plano nenhum; não quero esta canalha a decidir por mim; não quero mais centrão podre, mais chulice, mais trafulhice, mais propaganda, mais impunidade, mais partidocracia.

    Bardamerda para os ‘líderes’, para Costa e Rio, para os barões e caciques destes viveiros de pulhas a que chamamos partidos. Não precisamos de líderes. Precisamos duma democracia.

    • Rui Naldinho says:

      … então é aí que o Mendes e outros como ele, que se dão ao trabalho de ir votar, escolherão quem?
      O Filipe Bastos?
      Não acredito que você se dê ao trabalho de se candidatar. Quanto mais não seja, para não o acusarem de oportunismo.
      Qual é para si o verdadeiro líder?
      O Messias?
      Esse faz parte da História. E resta saber se era mesmo como o idolatram.
      Restaram os ideólogos do fascismo e do comunismo, isto já na nossa era, que depois de ascenderem ao Poder nos levaram a guerras fratricidas e todo o tipo de atrocidades.
      Filipe Bastos, em democracia não se vota no partido ou no líder político perfeito. Isso não existe. Nem sequer num gajo/a ao qual possamos dizer: “vá lá, ao menos não és um empata!“.
      Todos os políticos representam uma agenda social. Por detrás deles estão interesses corporativos e de classe.
      Nós votamos sempre contra quem não queremos. Para mim, votar é um exercício de rejeição. Vou votar num partido na expectativa de que outros não ganhem. Ou no mínimo que não tenham a almejado maioria absoluta.
      O resto são tretas. Demagogia pura, como se houvesse alguém na política imbuído de um despojo total de interesses materiais, pessoais ou de grupo, numa sociedade cada vez mais arregimentada, e onde começa a sobrar muito pouco do bolo para os que nada têm.

      • Filipe Bastos says:

        …escolherão quem? O Filipe Bastos?

        Não, Naldinho. Ainda não entendeu. O que digo é que não é preciso líder algum. Líderes e messias são coisas primitivas e tribais, heranças das cavernas.

        Tal como evoluímos das cavernas e já não andamos de moca na mão, temos de ultrapassar esta necessidade infantil de um paizinho que pense e decida por nós, ou um pastor que nos guie como carneiros. Claro que ninguém é perfeito; por isso mesmo ninguém pode ter tanto poder.

        Nada disto é novo. Se leu Marx, sabe que era esta a ideia – e raras ideias foram tão deturpadas e avacalhadas.

        Não temos de mergulhar logo numa democracia directa; não tenho ilusões sobre este povo. Mas tem de ser mais directa, e sobretudo temos de controlar os supostos ‘representantes’.

        Há várias soluções. Concordemos ou não, devíamos estar a pensá-las e a discuti-las. De contrário nada vai mudar.

        Ao invés, só discutimos pulhitiquice. Depois venho eu dizer que o rei está nu, o que vocês até sabem, mas continuam a debater se fica melhor de cuecas rosa ou laranja.

        • POIS! says:

          Pois é!

          Também não alimento grandes ilusões.

          Como disse Brecht (cujo património imobiliário não consegui apurar), talvez fosse melhor dissolver este povo e eleger outro.

        • Filipe Bastos says:

          …talvez fosse melhor dissolver este povo e eleger outro.

          Quem nos dera um povo mais informado e sobretudo mais interessado, sim, em vez da carneirada apática que séculos de monarquia e décadas de ditadura saloia nos deixaram. Mas é o que temos.

          Mesmo entre os mais informados e interessados, como os que escrevem / frequentam este blog, veja a aceitação acrítica da partidocracia. As pessoas são doutrinadas de certa forma e não conseguem ver além dela.

          • POIS! says:

            Sim, mas pior que isso…

            É a aceitação acrítica da mistura de batatas com bacalhau, regados com azeite (*).

            Isso sim, é grave!

            (*) Já quanto ao tinto a acompanhar, creio que existirá uma maior vivacidade crítica. Voltarei a este assunto noutro ensejo.

          • Paulo Marques says:

            Não confunda falta de crítica com ausência de apoio ao niilismo. Até a revolução precisa de líderes, e, bom, se não pode fazer greve, manifesto, ocupação ou destruição de propriedade privada, é capaz de se ser um balão de ar quente.

          • Filipe Bastos says:

            “Se não pode fazer greve, manifesto, ocupação ou destruição de propriedade privada…”

            Greves que só prejudicam outros trabalhadores e pobres em geral? Manifestações que são meros passeios na avenida?

            Ocupar lojas pequenas, destruir propriedade de classe média ou média-baixa, sem jamais afectar mamões e pulhíticos?

            ‘Niilista’, diz o esquerdinha pão-de-ló. O importante é que nada de importante mude.

          • Paulo Marques says:

            Muito bem, vê o que querem que veja para atacar a sua classe. Tem como recompensa que nada mude, excepto o foguetório pífio do ministério público.

  4. Zé Muacho says:

    Granadas de fumo

    1ª detonação – Rendeiro
    2ª detonação – Manuel Pinho
    3ª detonação – Operação Malapata

    Os jornais e televisões explodiram em tempo dedicado e encómios: Grande ministra da justiça, grande ministério público, grande polícia judiciária…

    Entretanto, a coberto da fumaça e num cantinho envergonhado do Público, saiu esta notícia que não deu lugar a qualquer alarido:

    Prescrição livra antigos governantes de responderem em tribunal no caso das PPP

    Ministério Público constituiu Mário Lino, Teixeira dos Santos e António Mendonça como arguidos demasiado tarde para agora poder responsabilizá-los por corrupção ou abuso de poder.
    O Ministério Público deixou prescrever vários dos crimes que crê poderem ter sido cometidos pelos antigos governantes Teixeira dos Santos, Mário Lino, António Mendonça, Carlos Costa Pina e Paulo Campos no processo de negociação das parcerias público-privadas (PPP) para a construção de auto-estradas.

  5. JgMenos says:

    Vive-se na modorra de uma corrupção e irresponsabilidade larvar.
    De repente, em final de ano, em vésperas de referendar o regime, tudo é audácia, acção decisiva.

    O regime quer durar…ainda que aceitando dar-se a periódicos incómodos.

    • POIS! says:

      Pois perdoem…

      Este doce e diplomático comentário de JgMenos.

      Foi feito num momento de fragilidade, logo após a sua oração diária ao seu devoto Santo Combadão, já em pijama (oferecido pela Barraqueiro, por ter viajado em classe executiva numa excursão à Nossa Senhora dos Medicamentos).

  6. luis barreiro says:

    Este post é um autêntico ataque ao camarada broquista sá fernandes, pois embora rui rio levante o véu sá fernandes não tem dúvidas que a actuação da pj é politica.
    Estás sempre a criticar o broco de esquerda.

    • POIS! says:

      Pois, Vosselência…

      É que me saiu um bom “broco”. E, a avaliar pelo comentário, o pequeno-almoço deve ter sido á base de “brocas”.

    • Paulo Marques says:

      Ui, mais um guru da política!

      • POIS! says:

        È mais um efeito clássico da “broca”. No meu tempo acabavam todos em “gurus” e “terapeutas sexuais”

        Mas vá lá. Hoje poupou as mãezinhas dos comentadores. Não deve ser “skunk”.

      • Paulo Marques says:

        Qual comentador, o homem é advogado dele, quer que diga que é culpado?
        Ele há cada um.

  7. Marques Aarão says:

    RENDEIRO E RENDADOS
    Rui Rio explicou-se, quem não lhe dá crédito, e achar que a honestidade não mora ali e ande por outras paragens, levante o braço e diga de sua justiça sem tiques pré concebidos.
    Só um sistema democrático padecente trata um cidadão entregue à justiça como talhado troféu de caça.
    Com tantos carrascos de chicote em riste multipliquem-se cópias do símbolo para pendurar nos cabides lá de casa.
    Nunca se viu uma tal avalanche festiva, cabendo perguntar se ainda haverá por aí mais fogueteiros?
    Tanta propaganda dá que pensar, ainda por cima como publicidade não paga.
    Toda a gente pela extradição do visado não acham muita fartura?
    Sem os nossos heróis de ocasião, agora em destaque na esfera da justiça, não somos nada nem ninguém.
    Não sei o que será mais deplorável, se o permissivo episódio da fuga ou o arraialesco foguetório da detenção.
    Na verdade cheira a pião das nicas, bode expiatório ou tapa buracos.
    O certo é que com a invasão Rendeiro foram passadas para o baú das relíquias, pérolas como a vacinação regimental e outros mimos viciados ainda frescos das ações governativas e presidenciais.

  8. estevesayres says:

    O neoliberal Rio, com tiques a roçar o fascismo, nunca se pronuncio sobre os negócios dos submarinos, e não só!!! E como dira o saudoso Arnaldo Matos; “Isto é tudo um putedo”!!!
    Aproveito para desejar a todos, Boas Festas, sem COVID!!!