Quando morre um fascista

Quando morre um fascista, o país levanta-se num alvoroço bafiento de carpideira saudosista. Quando morre um fascista, as televisões louvam “o democrata histórico” que reabriu um campo de concentração para encarcerar patriotas africanos. Quando morre um fascista, os jornais falam no “humanista sereno” que acompanhou toda a História recente de Portugal, esquecendo-se convenientemente de referir que não só a acompanhou como nela participou, do lado dos torcionários e esbirros que a queriam presa a ditames e obediências. Quando morre um fascista, o centrão dos contorcionismos destaca o “académico brilhante” que ajudou a teorizar e divulgar a infame teoria do lusotropicalismo, que nos apresentava como um povo fadado para o contacto entre os povos, ainda que esse contacto se fizesse à base da força bruta e da submissão violenta do Outro. Quando morre um fascista, os papagaios do reino desfazem-se em elogios ao “grande senhor” que aceitou ser ministro das colónias no início da guerra colonial, sinal supremo de coragem e abnegação de um patriota imaculado. Quando morre um fascista, o presidente da República (ele próprio filho de um outro fascista) homanageia institucionalmente o defunto, falando pretensamente em nome de todo o país. Quando morre um fascista, isto é mesmo tudo um putedo.

Quando morre um fascista, e face ao (quase absoluto) consenso relativista e branqueador, o dever do antifascista é recordar o fascista como aquilo que ele foi, sem pejos nem benevolências de hora fúnebre. Quando morre um fascista, o dever do antifascista é recordar as vítimas desse regime odioso que o fascista serviu. É resgatar a memória dos mortos que não ficaram na História. É não calar a colaboração, o servilismo, a participação do fascista em décadas de silêncio forçado. Adriano Moreira, por mais branqueado que seja pelas televisões, pelos jornais, pelos papagaios do reino, pelo centrão dos contorcionismos ou pelo presidente da República, foi um fascista. E é como tal que a História o deve recordar. As minhas condolências às famílias dos anticolonialistas africanos encarcerados pelo fascista (e herói temporário cá do sítio) no campo de concentração do Tarrafal, reaberto por Adriano Moreira enquanto ministro de Salazar.

Comments

  1. Faltam mais alguns 😁

  2. JgMenos says:

    Morreu um português patriota.
    Coisa que que o postador seguramente não é, e provavelmente nunca foi.

    • Paulo Marques says:

      Os lambe-botas, seguramente, não são de certeza.

    • O que tu queres sei eu! says:

      Ó Menos vai-te f**er. O teu patriotismo chama-se $, pá!

    • POIS! says:

      Ora pois!

      Eis JgMenos, sacudindo as traças da farda de legionário e armado em regedor da freguesia a alardear o seu pequeno poder de passar atestados de bom ou mau comportamento moral e civil (*) só a quem entender…

      (*) Em laudas papel azul de 25 linhas, com margens e assinatura sobre selos fiscais devidamente inutilizados. Nada de bandalheiras!

    • Um patriota? Salvo seja. Esteve preso no Aljube rodeado de comunistas, entre eles o Mário Soares. O verdadeiro patriotismo está com o povo, com os comunistas e os ricos e os nobres quando a coisa aperta para o torto fogem. Conheci um “Excelência” rei da Bulgária no exílio em Cascais a quem escrevi várias cartas a pedir o dinheiro que nos devia das obras e o crava nunca nos pagou. Depois o próprio Salazar deu a volta à cabeça do A.M. e fez dele um fascista a sério e mandou-o a Angola saber o que é que eles queriam e chegado cá entregou o relatório e o Salazar mandou prender os angolanos que na boa fé tinham estado a responder às perguntas do Adriano Moreira ao mesmo tempo que reabriu o Tarrafal inteiramente pago com dinheiro angolano. Eu gosto tanto de fascistas, bem grelhados com piripiri. Parasitas.

      • JgMenos says:

        Não fossem os resgates dos capitalistas e as borlas da UE e eras tu que estavas grelhado pelo povo, que então conheceria o quanto os comunas são coirões despóticos e estúpidos.
        Patriotas? Agentes soviéticos o foram a todo o tempo.
        Anti-imperialistas? Serventuários do Império russo, que ainda hoje o são.
        Fascistas? Os fascistas limitaram-se a copiar-lhes os métodos e excluir a fome da colectivização que matou milhões.
        Destino? O que Salazar desde sempre lhes destinou: escória da humanidade.
        Estúpidos? São os muitos que dentre eles se aproveitam, desde que lhes deem trabalho e uns subsídios.

        • POIS! says:

          Pois com tanto patatá avulso…

          Vosselência esqueceu-se de responder ao essencial.

          A que temperatura quer vosselência ser grelhado? Quer ficar bem ou mal passado?

        • Paulo Marques says:

          Se começa com contas tortas, nem vale a pena analisar o resto. Os juros e a balança comercial obrigatória falam por si.

  3. JgMenos says:

    A cambada de lambecús a tudo que cheire a soviético ou esquerdalho, logo acodem a louvar tudo que negue o que foi esforço e razão de todo um país por uns centos de anos pois que sempre o veem pelos olhos dos seus inimigos.

    • POIS! says:

      A cambada de, pelo Menos, lambecús a tudo que cheire a salazaresco ou diretrolha (*), logo acodem a louvar tudo que negue o que foi esforço e razão de todo um país de lutar pela liberdade por uns centos de anos pois que sempre o veem pelos olhos dos seus salazarescos inimigos.

      (*) Souberam bem a Vosselência os votinhos que botou no Venturoso? A cuzinho de pastorinho?

    • Paulo Marques says:

      Pois, os prejuízos de todo o país para benefício de uns poucos é patriotismo, ontem como hoje.

      • JgMenos says:

        A inveja que te consuma!

        • Paulo Marques says:

          É, achar que 125€ não chegam para 3 refeições e um tecto a quem trabalha não compensa a acumulação no Panamá de quem nunca investe coisa nenhuma é inveja, claro. Só pode.

        • POIS! says:

          Pois tenha Vosselência cuidado!

          Olhe bem para baixo. Não é que nos sapatos já há mais buracos do que calfe?

          Se continuar, daqui a pouco vai ter de calçar o zero. O problema é que é um número que não abunda nas sapatarias.

          O melhor é guardar a arma. Ou as munições. Ou as duas coisas.

  4. João L Maio says:

    Boa malha, Misael.

  5. Figueiredo says:

    «…Ele esteve preso, porque teve problemas políticos. Quando o conheci, puxava para a extrema esquerda. Depois teve o problema com a família do general Godinho. Mandou a família do general apresentar queixa por homicídio contra o Santos Costa. Este mandou-o prender e tivemos um trabalhão para o pôr na rua, pois na realidade, aquilo era uma violência. Pior ainda, porque tendo ele sido conselheiro da queixa – segundo dizia a família do Godinho – foi depois dizer que esta a tinha apresentado contra a sua vontade. Aí começou a criar-se um ambiente algo hostil ao Adriano Moreira.
    Depois tornou-se professor da antiga Escola Superior Colonial, começou a aderir ao Salazar. Consegue transformar a Escola num Curso Superior e também que os seus professores passassem a ter a categoria de professores catedráticos.
    Isto sem concurso. Por exemplo, Armando Marques Guedes, que era assistente da Faculdade, e a quem tínhamos três vezes aberto concurso para professor, a que nunca se apresentou, foi levado pelo Adriano para professor catedrático do Instituto. O Marcelo, muito magoado, dizia: “Aquele sujeito está à porta do Instituto a distribuir lugares de catedrático como quem dá rebuçados…”…»

    Fonte: Adelino da Palma Carlos, sobre Adriano Moreira.

  6. António Lourenço says:

    Plenamente de acordo. Sugestionados por esta gentalha, que branqueia fascistas e nazis. Hoje o Hitler nem é mencionado, veem sempre branqueá-lo com Stalin! Deformação da verdade e do pensamento.

  7. Jorge Xavier says:

    Ora nem mais.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading