Sobre os 4 mil imigrantes a sub-viver em três casas de Lisboa

Segundo notícias que surgiram em jornais como o Expresso e o Público, existem três casas numa rua de Lisboa onde vivem 4 mil migrantes.

Viver não será o termo correcto. Trata-se de uma prática de partilha de camas, o que mesmo assim parece de dificílima execução. Isto não é viver. É, quando muito, sub-viver. Não confundir com sobreviver. Há quem neste país sobreviva em muito melhores condições.

É aqui que as democracias abrem o flanco à extrema-direita. Ao não controlar o processo de entrada de imigrantes no país com mínimos de organização, decência ou dignidade, geram-se casos extremos que não são a regra, mas que acabam por ser amplificados e abafam os casos bem sucedidos de integração.

Armada a bandalheira populista, já ninguém quer saber que, ano após ano, as contribuições dos imigrantes ultrapassam largamente as prestações sociais que auferem.

Largamente.

Em 2021, o recorde foi novamente batido. As contribuições dos imigrantes ascenderam a 1293 milhões, ao passo que as prestações sociais andam pelos 300 e poucos milhões.

Um saldo positivo de quase mil milhões.

MIL MILHÕES!

Por muito André Ventura e os seus vassalos guinchem, os factos serão sempre factos: Portugal precisa dos imigrantes e eles são altamente rentáveis para o país.

O que não pode continuar é este estado de coisas desumano, está sociedade subterrânea onde a imigração ilegal se confunde com o tráfico de seres humanos e com outras formas de exploração.

É preciso apertar a malha e garantir que não importamos zombies à razão de 1300 por habitação, para que certas empresas encontrem a mão-de-obra barata e desesperada que precisam para fechar a torneira aos portugueses chatos que reclamam pelos seus direitos. Porque este fluxo de imigração não é uma invenção da esquerda, como muitos querem fazer crer. É, sobretudo, um processo de importação de trabalhadores ultraprecários, para garantir menos custos e mais lucros aos suspeitos do costume. Suspeitos esses que, com jeito, ainda pegam nesses lucros para financiar uns cartazes à extrema-direita.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    as democracias abrem o flanco à extrema-direita [a]o não controlar o processo de entrada de imigrantes no país

    O problema é que tal controle é, basicamente, impossível no tempo atual. Hoje em dia qualquer nepalês arranja um vôo de Katmandu para Lisboa, após ter arranjado um visto de entrada no país como turista. Uma vez em Lisboa, paga a algum outro nepalês, que tem uma loja, para que lhe forneça um contrato de trabalho fictício. Armado com este, arranja um visto mais durável, e põe-se em busca de melhor trabalho.
    Controlar as fronteiras era exequível no tempo em que o Terceiro Mundo era demasiado pobre até mesmo para adquirir bilhetes de avião. Mas agora…

    • Paulo Marques says:

      O trabalho fictício carece de pedido de autorização e pagamento da segurança social. Não me parece que seja qualquer um.

  2. Luís Lavoura says:

    Curiosamente, muito perto da rua onde há umas semanas foi encontrada uma casa que albergava algumas dezenas de imigrantes, o Estado possui o edifício do antigo Hospital do Desterro, edifício esse que está, basicamente, abandonado. Um Estado minimamente funcional seria capaz de munir esse edifício de algumas casas de banho e de alguns quartos e de nele alojar algumas centenos de imigrantes em condições, digamos assim, humanas (e a pagar rendas baixas, mas não nulas). Mas o nosso Estado não tem dinheiro para investir em nada a não ser Jornadas Mundiais da Juventude e outras coisas que tais, preferindo deixar tudo o que é habitação a cargo dos privados.

    • José Ferreira Barroca Monteiro says:

      Farto de sugerir, no DN principalmente, organizar meios da Defesa, os mandarins no poder, dispensam qq contributo, sapientes das suas ignorâncias do meio e assessores do partido.
      Veja-se o caso do H de Belém, uma desgraça, na linha do da Estrela.
      Encerrar uma destas infraestruturas, carecia, um ou dois anos antes, de lhe dar destino.
      Um destino social útil, de concurso de ideias já que MDN não as têm, ou mercado puro e simples,
      em vez de ficar a apodrecer.
      Caso RALIS, a pedir umas centenas de quartos para estudantes em Residência de administração garantida por uma Associação dos mesmos.

    • Carlos Almeida says:

      Sr Lavoura

      “preferindo deixar tudo o que é habitação a cargo dos privados.”

      Tem toda a razão e é cada vez mais evidente que é isso.

      . Mas acha que o faz apenas por mero desleixo e falta de visão humanista. ?

      Não,na minha opinião, embora no PS exista também muito desleixo e deixa correr, o principal motivo é a visão neoliberal que o Partido Socialista tem destes assuntos. Não estão muito longe do que pensam a Iniciativa liberal e o chamado Partido Social Democrata, disfarçam é mais.

      Carlos Almeida

    • Paulo Marques says:

      Não há dinheiro para funcionar! E não dá nas vistas, por isso não dá votos. Mas, por acaso, um hospital não deve ser o mais simples, precisa de descontaminação.

    • Anonimo says:

      pois podia…
      e se o fizesse…

      apareciam os jovens que ganham o salário mínimo ou quase… os professores deslocados… os que ganham a fortuna de 1000 euros e em compensação vivem para lá de Alcochete… e para mim não há nada?

  3. motta says:

    Dou por mim a concordar com o Luís Lavoura…

  4. JgMenos says:

    E os capitalistas é que são fixados em saldos financeiros?
    É tão idiota tratar os fluxos de migrantes económicos sob o padrão de vida das famílias de trabalhadores residentes, como sentir-se obrigado a saldos nulos de receitas/ benefícios pela sua presença.
    Um dia destes os militares não podem dormir em camaratas e os quartos de vigia são inconstitucionais.

    • Paulo Marques says:

      Ninguém espera que sejas tocado pelos direitos humanos do teu semelhante.

  5. tuga says:

    “os quartos de vigia são inconstitucionais.”

    Fizeste a pista de lama dos fusos em Vale de Zebro,?

    Por isso é que gostas tanto do Henrique Tenreiro

  6. José says:

    Há aqui uma confusão qualquer.
    Li o texto e do que li parece-me que o autor presume mesmo que vivem 4 mil pessoas naquelas casas. Não é isso: vivem certamente lá muitas mas bem longe desses números. O que se deve passar é outra coisa, bem simples. As pessoas quando chegam a Portugal – e penso que a outro país qualquer – têm que indicar uma morada. E por norma quem lhes diz a morada que devem declarar são as organizações que os trouxeram, chamem-lhes mafia ou o que quiserem. Portanto, o que se passa é que essas 4000 pessoas “declararam” que vivem ali. É igualmente complicado e faz parte do mesmo processo, mas para que a conversa possa ser útil convém sabermos com a exatidão possível de que é que estamos a falar.

    Cumprimentos a todos.

    • Claro. Tal como as lojas de “souvenirs”, mercearias e lojas de telemóveis que abriram, às centenas, por Lisboa, e onde nunca se vê um cliente, já tiveram milhares de trabalhadores (e têm milhões de receitas em numerário, que já vi carros de transporte de valores a ir buscá-lo). Mas esta malta é ingénua que dói.

      • Luís Lavoura says:

        as lojas de “souvenirs”, mercearias e lojas de telemóveis que abriram, às centenas, por Lisboa, e onde nunca se vê um cliente

        Causa-lhe algum dano a si, pessoalmente, que essas lojas existam?

        A mim não me causa dano nenhum. E, ao andar na rua, prefiro ver uma loja aberta, mesmo que sem clientes, do que uma loja entaipada.

        • Causa-me impressão uma actividade fraudulenta ser desenvolvida à vista de todos. Faz-me espécie, até porque fico a pensar que alguém está a ser pago para que essa “tolerância” exista. Acresce que, onde há essas lojas falsas, não existiam lojas “entaipadas”, mas sim outras, verdadeiras, que, naturalmente, não conseguem pagar as rendas das que lavam dinheiro. Por exemplo, a última dessas que vi abrir, aqui nos Restauradores (uma loja de souvenirs de tostão a pagar as rendas mais cara de Lisboa – nem se dão ao trabalho de disfarçar) substituiu a Gomes dos Santos, um dos melhores camiseiros de Lisboa. Outras ocuparam o lugar de tascas, pastelarias, alfarrabistas, bijuterias, sapatarias, só as que, de repente, me ocorrem.

          • Paulo Marques says:

            Se é para lavar dinheiro, que seja através da compra e venda de propriedade, arte, e productos financeiros, como gente de bem.

          • Luís Lavoura says:

            Causa-me impressão uma actividade fraudulenta ser desenvolvida à vista de todos.

            Sim, mas qual é, exatamente, de forma muito precisa, a atividade fraudulenta que ocorre nessas lojas?

          • À pergunta do LL: receber numerário proveniente de actividades ou transacções ilícitas e/ou não tributadas e inseri-lo no sistema bancário simulando a venda de bens ou a prestação de serviços. Ao comentário do PM: é por causa da da “independência, da burocracia inútil, do estado dos edifícios, e da falta de modernização” que os maquinistas do Metro ou da CP fazem greve, ou os pilotos da TAP? Certamente que, no caso dos professores e dos oficiais de justiça isso será o caso, mas, naturalmente, a principal razão é o que entra na conta ao fim do mês.

          • Paulo Marques says:

            O certamente não tem nada de certo; basta ver o caminho apresentado noutros lados.

        • Rosa Lourenço says:

          Uma loja sem clientes poderá pagar a renda e ordenados?
          Há algum pormenor que escapa à realidade e ridiculariza qualquer legislação vigente em Portugal.

          Mas… é bom admitir que o único Deus que existe no Mundo actual e glorificado em todos os países onde haja governos democráticos ou tiranos, independentemente de crença, ideologia ou religião é o Deus-dinheiro ou Dinheiro-Deus!!!

          Triste III Milénio!!!

          • Excepto, naturalmente, se for funcionário público ou de uma empresa pública (ou profissional de futebol), caso em que o uso do termo “dinheiro” é tabu, e tem de referir-se “àquilo com que se compram os melões” como “condições de trabalho”.

          • Paulo Marques says:

            Sim, porque a carreira, a independência, a burocracia inútil, o estado dos edifícios, a falta de modernização, etc, nada disso é relevante.

    • Paulo Marques says:

      Ufa, eu a pensar que estavam como as latas de sardinhas…

  7. Rosa Lourenço says:

    E a CML que continua a permitir a colocação de pilaretes em todas as ruas que provocam dificuldades acrescidas a pais com crianças, idosos, doentes, questões de socorro em caso de acidente ou atropelamento, incêndio ou avaria de viaturas, por exemplo, na Av. da República? Já se esqueceu a tragédia dos armazéns do Chiado? As ruas e avenidas (Av. Liberdade e Av. Almirante Reis, entre outras) continuam com o asfalto em péssimas condições e há muitos passeios com pedras soltas e a antiga e maravilhosa calçada portuguesa está remendada com pedras de vários tamanhos e formatos que envergonhariam qualquer criança que estivesse a desenhar…

    • Paulo Marques says:

      Decida-se: ou quer estradas, e especialmente passeios, que não precisam permanentemente de obras, ou não quer incomodar a circulação de viaturas de várias toneladas. As duas é que não dá.

  8. Douriense says:

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