Ponte Almeida Garrett

O autor aborreceu-se muito com as alusões políticas pessoais que inimigos e maus amigos se empenharam em achar no primeiro volume deste romance.
Almeida Garrett

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A ponte Almeida Garrett será a nova ponte sobre o rio Douro e ligará o portuense Campo Alegre à gaiense Arrábida e, obviamente, a gaiense Arrábida ao portuense Campo Alegre. Irá  servir a linha Rubi do metro de superfície, que terá oito estações: Casa da Música, Campo Alegre, Arrábida, Candal, Rotunda, Devesas, Soares dos Reis e Santo Ovídio.

Apesar do meu empenho, a ponte Almeida Garrett ainda não tem nome. Curiosamente, entregaram a uma comissão de selecção a tarefa de dar nome à dita cuja. A comissão é composta por Amândio Barros, Hélder Pacheco, Germano Silva, Humberto Varum e Rui Veloso.

Ontem, Pacheco propôs e eu sugeri: ponte Almeida Garrett. Garrett é o maior escritor nascido no Porto e criado em Gaia. Como o próprio escreveu:

Ora eu nasci no Porto e criei-me em Gaia.

 

Hoje, durante o pequeno almoço, algures em Lavadores, enquanto folheava o Jornal de Notícias de ontem, dei por mim a rir-me às gargalhadas, ao ler o entusiasmo dos autarcas do Porto e de Gaia e do ministro do Ambiente pela “vontade popular” e pela “populaçāo”, relativamente ao nome da ponte Almeida Garrett.

Onde estava o tal interesse na “vontade popular” e na “populaçāo”, aquando da decisão de construir a ponte Almeida Garrett?  Onde estava este interesse na “vontade popular” e na “populaçāo”, aquando da decisão das polémicas construções da empresa Arcada junto à ponte da Arrábida? Onde estava o interesse na “vontade popular” e na “populaçāo”, aquando da decisão de dar um inopinado nome à fantasmagórica ponte D. António Francisco dos Santos? Onde estava este fascínio pela “vontade popular” e pela “populaçāo”, aquando da decisão de construir a fantasmagórica ponte D. António Francisco dos Santos? E nem vos falo do Acordo Ortográfico de 1990…

De repente, a “vontade popular” e a “populaçāo” são importantes, mas para baptizar uma ponte e com o filtro de uma comissão.

E a Alameda Dr. Oliveira Salazar, em Gaia? É para se manter? Vontade popular? População? Está bem, está.

Vou ouvir o Sakamoto.

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Comments


  1. Já temos três monarcas e um santinho. O primeiro nome que me veio à cabeça foi “Dona Antónia” por causa da cena do vinho e por ser uma mulher. Um colega meu foi mais humilde e sugeriu Gastão Teixeira, o homem que recolhe os corpos de todos aqueles que acabam com a vida atirando-se ao rio Douro.

  2. francis says:

    Ponte das Francesinhas, Ponte da Tripas, Ponte Sousa da Ponte ………………..assim algo mais informal…

  3. Anonimo says:

    Ponte Pinto da Costa e não se fala mais nisso

    • Salgueiros says:

      Não esse tem á espera o Estádio do Dragão, que se deveria ter chamado Estádio Zé do Boné

  4. António Alves barros Lopes says:

    Porto não teve um Oceanário. Num teve um Tripanário. Vai ter um Ponterário. Uma montra de pontes. Dada a embalagem esta num será a última! – Ameida Garret BOA OPÇÃO – Até o Pinto da Costa estará de acordo. Moreira da Maia é que num sei!


  5. Ponte Almeida Garret era o melhor nome para a ponte.

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  1. […] “Ponte Dona Antónia Ferreira“. Mas o nome que ganhou foi “Ponte da Ferreirinha“. “Vontade popular”? “Pela população”? Como diria Krugman, yuk-yuk-yuk, hahaha. Foto: FMV, 26/05/2023 […]


  2. […] tendências e sonoridades.Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.“Ponte Dona Antónia Ferreira“. Mas o nome que ganhou foi “Ponte da Ferreirinha“. “Vontade […]


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