Desde que Lula foi eleito, enorme tem sido a azáfama para empurrar para a frente o acordo de livre comércio UE-Mercosul. Depois de ter estado em negociação durante 20 anos, foi, em 2019, assinado um “acordo de princípio” que voltou a ser congelado sobretudo devido aos desvarios de Bolsonaro. Mas agora os ventos estão de feição e a torto e a direito são esgrimidos os argumentos da geoestratégica e do negócio. Durante a visita de Lula a Portugal, António Costa garantiu que Portugal será “ponta de lança” para conclusão do acordo.
Como de costume, as oportunidades de negócio são o único critério válido para os governantes. O empenho na concretização desde acordo conhecido por “carros por carne” está no auge. Ainda há arestas por limar, pois os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) não acharam graça nenhuma ao “Instrumento Conjunto UE-Mercosul” que a Comissão Europeia quer anexar ao articulado do acordo, para proteger aspectos ambientais (sem carácter executório). E em especial o Brasil – depois da viagem de charme de Lula a Portugal e Espanha – já anunciou que abrir as compras públicas aos investidores estrangeiros não, obrigado. E muito bem.
Entretanto a Comissão já tirou da cartola ideias democráticas como dividir o acordo em dois, para fazer passar a parte comercial sem necessidade do “sim” dos parlamentos nacionais. Aliás, o secretismo em que as diligências decorrem é tudo menos democrático. Em Julho (17 e 18), aquando da Cimeira UE-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), pretendem as partes chegar a acordo.
Passado o susto da pandemia, as promessas de “autonomia estratégica” e de “deslocalização de certas actividades críticas” feitas durante o confinamento pelo covid-19 desvaneceram-se no ar. Agora o que torna a contar é promover o bem-estar das multinacionais, à custa de:
- maior destruição dos ecossistemas;
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promover o uso de pesticidas, abrindo a porta a que pesticidas proibidos na Europa voltem ao mercado europeu em produtos ligados à desflorestação;
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mais emissões de efeito de estufa provenientes do transporte de mercadorias;
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favorecimento do agro-negócio e precarização dos pequenos e médios agricultores e criadores de gado dos dois lados do Atlântico;
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violações dos direitos humanos, principalmente de povos indígenas, etc.
Será que à UE não ocorre mais nada do que concluir, em 2023, acordos que visam sobretudo importar cada vez mais carne de bovino, soja, metais, energia, etc. e exportar automóveis de combustão e pesticidas???
O credo neoliberal baseado na competitividade e a falácia do crescimento infinito num planeta finito continuam a dominar, quando, para enfrentar os grandes desafios da actualidade, são necessárias relações baseada na solidariedade, igualdade, cooperação, sustentabilidade e democracia.
Longe, tão longe de tais princípios visionários, preferem continuar a arrasar este planeta que devíamos amar e preservar. Mas é ele que terá a última palavra.
A UE ainda não percebeu que suicidou todas as vantagens que permitiam ter alguma coisa a dizer no colonialismo do bem. Tão preocupados com vender a ideia que o problema era o dinheiro dos outros, que acabaram por acreditar e ficar sem os recursos dos outros.
Que bem explicado!
Estou mesmo a ver que os campos abandonados da Europa ainda serão reservas índias!
Pois claro! Índias, mas não só!
Ali para os lados de Santa Comba querem fazer uma reserva, mas de salazarescos. É uma grande oportunidade para Vosselência, já que irão ganhar à percentagem da bilheteira. Sim, porque ma esteira dos melhores parques temáticos da Europa, vão existir muitos divertimentos, tipo, pau ensebado (com um lote de Bacalhau Tenreiro no topo!, simplesmente pau, Túnel da PIDE, queima de livros comunas, poço da morte tarrafalesca, etc. etc.
Assim, liberta-se definitivamente o campo Pequeno que, em tempos, foi falado para albergar essa reserva, o que acabou por não se verificar.
Lamentavelmente tem sido destinado a degenerados como “Xutos e Pontapéses”, Bob Dylans e Chicos Buarques. Francamente!
What ?
É mais bangladês hoje em dia.
E são os campos que vão sustentar os serviços financeiros em que se baseia o sistema? Boa sorte com isso.
O que se passa com os “trackbacks”? Deve aí andar “bicho”!
Já merecia um filtro novo…