Notas sobre o calimero: o uso da expressão “dois pesos e duas medidas”

O calimerismo futebolês consubstancia-se numa série de expressões fixas que, grosso modo, servem para deixar claro que a nossa equipa é sempre prejudicada pelas arbitragens e/ou por outras entidades mais ou menos obscuras, como a Federação, a Liga ou uma outra sociedade secreta qualquer.

A injustiça de que somos alvo resulta sempre do facto de que somos os enteados prejudicados pelo benefício conferido aos filhos ou que estamos sempre à sombra, quando outros andam constantemente bronzeados.

Diante dessas injustiças, que, para cúmulo, são frequentes e exclusivas, o calimero calejado recorre habitualmente à expressão “dois pesos e duas medidas”. Os outros têm a leveza e a suavidade do benefício; nós suportamos toneladas e hectolitros de subtracções clínicas, desde o penálti sonegado até ao furto do VAR.

O calimero, de uma maneira geral, está plenamente convencido de que tem toda a razão, mesmo quando sabe que os adeptos dos adversários usam exactamente o mesmo, por assim dizer, argumento. É claro que há uma diferença, do ponto de vista do calimero: todos dizem o mesmo, mas só nós é que temos mesmo razão – a expressão fixa é vazia na boca alheia e cheia de significado no nosso lábio que faz um beicinho plenamente justificado.

Fica uma lista de ligações em que se faz uso da expressão “dois pesos e duas medidas”. É divertido, mas nunca será instrutivo.

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O que acontece a quem comete uma ilegalidade?

O Tribunal da Relação considerou ilegal a definição de serviços mínimos para as greves dos professores de 2 e 3 de Março.

Já se sabe que impor os serviços mínimos a uma greve às aulas é indecente, para usar um eufemismo já pouco simpático. De qualquer modo, isso só poderia ser um problema para quem sentisse vergonha.

A partir do momento em que essa imposição foi considerada ilegal, a pergunta é: o que acontece a quem comete uma ilegalidade?