Salva-nos, Estado-papá!

Gosto muito desta ideia vanguardista de proibir o fumo à porta dos cafés, restaurantes e outros espaços públicos.

Acho que o próximo passo deveria ser a proibição de tudo quanto é loja de doces e fast food nas imediações de todos os estabelecimentos de ensino. Os miúdos estão cada vez mais gordinhos (ainda se pode dizer “gordinhos”?) e a obesidade é uma das principais causas de morte a nível mundial.

Aproveitemos para proibir também a venda de raspadinhas junto dos locais onde os idosos vão levantar as suas reformas. Não que as raspadinhas impactem directamente na sua saúde, mas de certeza que há uns quantos que gastam o dinheiro dos medicamentos no vício da Santa Casa.

Já agora, porque não proibir os carros no interior das localidades? Se um transeunte não tem que levar com o fumo do tabaco do infractor que fuma no passeio, porque raio há de levar com o fumo do seu escape?

Finalmente, e regressando ao capítulo “dificultar a compra de substâncias perigosas”, já era tempo de proibir a venda de álcool em supermercados, hipermercados, bombas de gasolina, lojas de conveniência, lojas de souvenirs e outros estabelecimentos. O álcool é uma das drogas mais perigosas que existe, mata e agrava problemas de saúde, para não falar na violência doméstica.

Salva-nos do mal, Estado-papá!

Sem ti não sabemos fazer escolhas conscientes. Somos tão burrinhos, Estado-papá! Ainda bem que te temos para escolher por nós.

Um imposto com vantagens colaterais

A ideia do Bastonário da Ordem dos Médicos de aumentar o IVA da comidinha rápida e gordurosa apenas pecou por ter sido apresentada ao ministro errado. Paulo Macedo tem mais que fazer, rebentar com o SNS parecendo que não dá muito trabalho.

Tivesse apresentado a proposta a Pedro Mota Soares e aposto que este teria logo feito contas à vida: ora crianças magrinhas, cabe mais uma em cada sala dos infantários, velhotes sem obesidades, podemos empilhar mais uns três em cada lar, hambúrgueres mais caros vendem-se menos, passam de prazo, dão-se aos pobrezinhos … só vantagens, é claro.

Comer no McFrito’s

Ninguém acredita mas eu juro: nunca comi no McFrito’s.

Melhor dito: nunca tinha comido até este fim-de-semana. E a que se deve esta rendição? Aos tempos que correm, à pressão social, à moda? Não, rendi-me a uma criança de seis anos, que  ficara à minha guarda, e que ansiava por lá  ir. E lá tive que levar também a minha criança, que nunca lá ido e que, no que de mim depender, tão cedo não voltará lá.

Se entendo os que se deixam vencer de quando em vez pela pressão das crianças e adolescentes, tenho mais dificuldade em entender os adultos que, podendo ir comer a qualquer outro sítio, escolhem aquele. E havia por lá todo o tipo de gente: adolescentes, casais de namorados, casais de setentas e muitos, yuppies engravatados.

O problema começa logo com o cheiro a fritos que circunda o local, uma espécie de círculo espesso, ainda que invisível a olho nu, que contorna o restaurante e que embate nos narizes que pela primeira vez franqueiam as portas automáticas. Quem, apesar disto, decide entrar deixa à porta a esperança de comer decentemente. [Read more…]