Salva-nos, Estado-papá!

Gosto muito desta ideia vanguardista de proibir o fumo à porta dos cafés, restaurantes e outros espaços públicos.

Acho que o próximo passo deveria ser a proibição de tudo quanto é loja de doces e fast food nas imediações de todos os estabelecimentos de ensino. Os miúdos estão cada vez mais gordinhos (ainda se pode dizer “gordinhos”?) e a obesidade é uma das principais causas de morte a nível mundial.

Aproveitemos para proibir também a venda de raspadinhas junto dos locais onde os idosos vão levantar as suas reformas. Não que as raspadinhas impactem directamente na sua saúde, mas de certeza que há uns quantos que gastam o dinheiro dos medicamentos no vício da Santa Casa.

Já agora, porque não proibir os carros no interior das localidades? Se um transeunte não tem que levar com o fumo do tabaco do infractor que fuma no passeio, porque raio há de levar com o fumo do seu escape?

Finalmente, e regressando ao capítulo “dificultar a compra de substâncias perigosas”, já era tempo de proibir a venda de álcool em supermercados, hipermercados, bombas de gasolina, lojas de conveniência, lojas de souvenirs e outros estabelecimentos. O álcool é uma das drogas mais perigosas que existe, mata e agrava problemas de saúde, para não falar na violência doméstica.

Salva-nos do mal, Estado-papá!

Sem ti não sabemos fazer escolhas conscientes. Somos tão burrinhos, Estado-papá! Ainda bem que te temos para escolher por nós.

Anti-bolha

Combater o consumo de tabaco? Eu, como fumador que padece do mal que é o vício, até concordo. Sei que é para o meu bem, apesar de tudo. Mas eu não preciso de entidades “superiores” pouco recomendáveis, como o é este Estado sem estado, que me digam o que é bom ou mau para mim; para isso, basta-me o bom-senso e, a partir daí, faço as minhas escolhas conscientemente, sabendo que A me faz mal e B me faz bem, escolhendo, ou não, o consumo de A ou B.

No entanto, convinha serem coerentes. Isto de haver lojas de gomas, retalhistas do ‘fast-food’ ou casas de apostas perto de escolas, faculdades e outros que tais, também tem muito que se lhe diga. Se calhar, proibia-se também o consumo de álcool junto a faculdades (ó, caraças!) e o consumo de cocaína junto das administrações das grandes empresas (lá se ia a meritocracia!).

Aliás, esta “moda” de super-proteger os cidadãos, usando as proibições como arma, cheira um bocado a mofo de outros tempos, onde usando a premissa de que “isto é mau para ti” (fosse qual fosse o consumo), o Estado proibia isto e aquilo como bem lhe aprazia. Vai-se a ver e qualquer dia só vamos poder usar fósforos produzidos em Portugal.

Não somos todos o Gino. Não queremos viver em bolhas.

Os novos monstros

Compreendemos o processo: quanto mais um governo esmaga, com as suas políticas, as aspirações de um povo, mais necessita de, através de medidas mais ou menos caricatas, mais ou menos repugnantes no seu cinismo, fingir que se preocupa muito com a felicidade das populações. Como aquele ladrão que nos rouba uma carteira com mil euros e nos dá uma nota de cinco para que tomemos o táxi para casa, vangloriando-se da sua generosidade. Os exemplos multiplicam-se (lembremos, pelo seu ridículo, o momento em que a ministra Cristas nos quis proteger a saúde proibindo-nos o convívio caseiro com mais de três animais domésticos). Alguns, aparecem na área da saúde que, dada a sua sensibilidade, se presta muito a estas habilidades para hipnotizar patos. Uma das preocupações que os governos gostam de ostentar é a dos malefícios do tabaco. Longe de mim contrariar este desiderato. Porém, não é difícil detectar, nesta como noutras questões, as contradições e hipocrisias que as parasitam. Mas, pensávamos muitos de nós, este tipo de circo tem limites. Haverá um momento em que as pessoas acharão que as estão a tratar como imbecis. Haverá mesmo? As novas disposições sobre as fotos a publicar nos maços de cigarros não deixarão de por à prova este ponto. Quando li num oráculo de um telejornal que tais fotos incluiriam, a cores e em grande evidência, imagens de caixões de crianças, não liguei muito. Sabemos bem o nível de disparate a que estas “bandas passantes” podem chegar. Mas fiquei a remoer a coisa; que diabo, é o governo do Passos. Capaz das idiotices mais broncas. Agora que vejo tudo confirmado; agora que tomei conhecimento das quarenta e duas (http://www.publico.pt/n1695273 ) fotos em causa; agora que sei que isto é mesmo a sério, penso na distância que vai entre um tonto e um psicopata e sei que esta vai ser uma noite mal dormida. Temam: os (novos) monstros andam aí. E dizem que vos amam extremosamente – como a aranha dizia à mosca.

Imagens de choque nos maços de tabaco

Dentro de dias será apreciada uma proposta de lei que pretende introduzir nos maços de tabaco imagens de choque para persuadir os fumadores a abandonar o vício. Estive a ver todas, exercício penoso para o estômago, e diria que se dividem em dois grupos: as que provocam repulsa – pernas gangrenadas, pulmões cancerosos, gente a cuspir sangue – e as que angustiam – um casal a chorar sobre o caixão branco de uma criança, uma jovem numa cadeira de rodas depois de um AVC, um rapazito frente a uma lápide, no cemitério. Há ainda duas ou três imagens que parecem, em comparação, inofensivas e que “apenas” mostram homens de aspecto deprimido entre lençóis, confrontados com uma suposta perda da virilidade ou de espermatozóides férteis. Lembrei-me de um amigo que quando compra um maço de cigarros no quiosque pede para vê-los todos para escolher a mensagem de aviso, evitando sempre as que alertam para cancros e enfisemas, e dando preferência às que só remetem para a infertilidade e para a disfunção eréctil. Será talvez um dos poucos fumadores que ainda lêem os avisos que vêem nos maços.

Vi maços com imagens destas há uns anos, no Brasil. Poucas semanas depois de começarem a ser vendidos os primeiros maços com fotos chocantes, nos quiosques começaram a aparecer caixas de cartão, com diferentes motivos, e com a medida certa para enfiar lá dentro o maço e assim tapar as imagens. As caixas eram baratas de produzir, os quiosques podiam vendê-las por um preço muito baixo ou até oferecê-las, e eram resistentes e reutilizáveis. Não havia fumador que não andasse com o maço bem tapado dentro da sua caixa de cartão. Não consultei dados sobre o alcance da medida, mas, pelo que vi nas ruas, duvido que tenha contribuído para a redução do consumo de tabaco. [Read more…]

Governo aperta leis anti-tabaco

Proibição total em locais públicos e imagens de choque são algumas das propostas. Qualquer dia somos processados pela Philip Morris como o Uruguai.

Andava à procura destes números

1900 milhões de Euros de impostos sobre o tabaco não chegam para os 490 milhões de despesa do SNS atribuídas ao seu consumo?

Fonte.

Fumar no carro

Fumar no carro com crianças vai ser proibido

Os benefícios do tabaco

Fátima Reis, uma investigadora dos malefícios do tabaco, constatou em restaurantes que “havia pessoas a fumar a cerca de um metro de distância da porta e foi observada entrada de fumo no estabelecimento.” Fátima Reis suponho que também deve ter visto automóveis a um metro de distância de algumas dessas portas mas não nos conta se observou o fumo dos escapes a caminho da cozinha.

Emília Nunes, da Direcção-Geral de Saúde, tem um ideal: “que as pessoas não fumassem em casa ou quando vão no carro com terceiros, mas isso são questões que não podemos legislar”.

Podia argumentar contra a nova lei do tabaco que se avizinha. Podia demonstrar que o verdadeiro sonho de Francisco George é proibir o tabaco e provavelmente todos os vícios. Quer ele que eu viva mais anos, não tenho a pretensão de lhe explicar que um ano da minha de fumador me pode ter dado mais pequenos prazeres que dez da sua ocupados a preocupar-se com a minha saúde. Podia escrever os insultos que me inspiram, e merecem, estes purificadores da existência humana,

Não vale a pena, neste caso confio em dois ministros, o das Finanças e o da Saúde. Ambos sabem que os impostos pagos pelos fumadores pagam os tratamentos de todos os cancros pulmonares e mais uns tantos, e acreditam na poupança que a estatística que nos dá menos anos de vida provoca na Segurança Social.

Quando aterramos no reino da imbecilidade nada como invocar o vil metal: resulta quase sempre.

na fotografia Oscar Niemeyer, nascido em 1907, fumador, retirada do excelente Volúpia na Tabacaria onde podem apreciar centenas de imagens de fumadores muito pouco anónimos

O fundamentalismo contra o tabaco é como o Rantanplan

É uma verdade comprovada pela ciência: o tabaco faz mal à saúde. Fumar as folhas secas da famosa planta já é mau quanto baste. Com os aditivos que lhes são acrescentados, ainda pior. Ao todo, um fumador absorve cerca de 400 mil substâncias prejudiciais à saúde. É verdade: O tabaco mata.

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Mas tal como o tabaco, os fundamentalismos também são prejudiciais à saúde. Já levaram a muitas guerras e mortes e, por eles, defendem-se comportamentos absurdos e acções parvas em nome de excessos ideológicos e outros parecidos.

Como, por exemplo, o fundamentalismo contra o tabaco, que está em crescendo nos últimos anos. As mensagens gigantes nos maços do dito, parecem-me bem, não vá algum míope se lembrar de tirar umas passas. As fotografias de pulmões encharcados de alcatrão nas referidas embalagens também não me afectam, porque já vimos muito pior em noticiários televisivos. Subir os preços e os impostos, até acho piada, porque quem se quer matar graças ao tabaco merece pagar bem cara a portagem desta vida.

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O cavaco prejudica gravemente a sua saúde e a dos que o rodeiam

Drogas, álcool, preconceitos e realidades

No dia em que na Califórnia se vota a legalização da cannabis é notícia uma reavaliação da perigosidade das drogas legais e ilegais que coloca o álcool onde sempre deveria ter estado, no topo, e o tabaco onde nunca na realidade deixou de estar, a meio da tabela.

O ranking não é novo, mas só agora foi publicado na Lancet, uma vez validado inter-pares. David Nutt, o seu autor, já foi entretanto corrido pelo governo britânico das suas funções de conselheiro; as heresias pagam-se caro, e é disso que falamos, de religião.

Foi por motivos moralistas e religiosos que os antecessores do Tea Party norte-americano impuseram a proibição da marijuana em 1937, na sequência da lei seca e seu falhanço. Por outro lado o álcool continua a vender-se sem grandes restrições, porque “beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses“, já se dizia no tempo da outra senhora.

Não deixa de ser curioso constatar que nesta matéria o islamismo leva um bom avanço científico em relação aos cristianismos, que desenvergonhadamente erguem o cálice nas suas cerimónias religiosas.

Gráfico roubado ao Público.

A protecção dos trabalhadores contra o fumo em segunda mão (fumadores passivos)

A ACOP exige revisão da lei antitabáquica.

Mercê da subversão das normas e da estranha opção que acabou por se sedimentar, os trabalhadores dos estabelecimentos de bebidas (cafés, snack bares e similares) “qualificados” como “azuis” (em que se fuma indiscriminadamente) não têm qualquer protecção.

Com a extrapolação da regra para os restaurantes, independentemente da área prevista por lei, fenómeno análogo se observa, vale dizer, durante o período laboral ficam expostos, sem remissão, ao fumo dos comensais fumadores, não se poupando aí sequer os menores que acompanhem os seus familiares.

Há locais de trabalho em que as zonas reservadas aos fumadores são contíguas (sem qualquer protecção acrescida) às que se consignam às tarefas laborais, o que subverte em absoluto o escopo da lei.

Não houve, por razões compreensíveis, qualquer investimento nas zonas de fumo das instalações laborais, o que causa natural incomodidade aos trabalhadores que fumam com as quebras sensíveis que se registam nos ritmos de trabalho e no rendimento específico de cada um e todos.

Situações de manifesta desigualdade e ausência de proporcionalidade entre os que fumam e os que resistem ao tabaco e aos produtos do tabaco.

Com a exposição dos trabalhadores, em situações climatéricas de ponta, às inclemências do tempo, as enfermidades disparam e o absentismo, ainda que não medido pelas estâncias do poder e as estruturas da saúde, cresce exponencialmente.

Referência ao facto de a OMS haver sustentado, desde sempre, que não há sistemas eficazes de extracção de fumos, mas o mais grave é que, por razões de economia, mesmo os precários sistemas implantados nos estabelecimentos de restauração, de bebidas, cafetaria e similares, só episodicamente funcionam com os efeitos negativos daí decorrentes.

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Da PJ a Sócrates, do sexo oral ao Parlamento

A PJ foi à SAD do Porto, buscar uns documentos. Terá a ver com transferências de jogadores, no cumprimento de uma carta rogatória da Bélgica. Pois é, o “clube regional”, negoceia transferências de jogadores a nível internacional, quem diria…

A “Comissão de Ética” do Parlamento ouviu o Director do “Expresso“, Henrique Monteiro, afirmar que José Sócrates chegou a telefonar-lhe para lhe pedir por tudo que não fosse publicada uma dada notícia acerca da sua licenciatura. Continuarão a chover exemplos da difícil relação de José Sócrates com a liberdade de imprensa. Algo que não é novidade, servirá apenas para refrescar a memória lusitana que é, tendencialmente, curta.

O sexo vende. É mais do que sabido. A publicidade que o diga. É o caso desta campanha anti-tabagista, que associa o acto de fumar ao sexo oral forçado. Que é outra coisa (o sexo oral) que é uma fixação dos portugas (relembro que para constatar isso basta ir á versão portuguesa do Google e escrever a palavra “como”).

Inês de Medeiros arrisca-se a ter de pagar do seu bolso as viagens a Paris para ver os filhos. Isto não se faz, conforme o nosso Ricardo Santos Pinto decerto concordará…

Uma nota final: aprovada a redacção final do casamento homossexual. Aguardemos pela decisão de Cavaco Silva.

Fumar é como ter de fazer um broche sem nos apetecer

Em França acaba de ser lançada uma campanha anti-tabaco, da responsabilidade da associação DNF – Droits des non-fumeurs (Direitos dos Não-fumadores), que está gerar grande polémica.

Numa das fotos da campanha surge um jovem de cigarro na boca, ajoelhado frente à braguilha de um homem, no que parece ser um prelúdio a uma felação. O homem tem a mão sobre a cabeça do rapaz, numa atitude de imposição. A legenda, e slogan da campanha, diz: “Fumar é ser escravo do tabaco”. Numa outra foto, o rapaz é substituído por uma rapariga, e o homem, já sem casaco (será o segundo escravo sexual do dia?) mostra uma barriga de burguês instalado. [Read more…]

Um último cigarro – dedicado ao amigo Adão Cruz

Amigo Adão, eu li os seus textos de hoje (este e depois este) e assenti em silêncio a tudo o que li. Eu sei que reduzi o risco de contrair múltiplas e terríveis doenças. Admito que recuperei o meu paladar e a capacidade de subir sem parar os intermináveis lances de escadas da minha casa e que até, provavelmente, o meu hálito melhorou, embora não me sinta avalizada para afirmá-lo. Eu sei que foi uma decisão adulta, sensata, ecológica, e que pode ter prolongado o meu tempo de vida. Mas eu trocaria todos esses benefícios por só mais um cigarro fumado sem o remorso da fraqueza de vontade nem a angústia da recaída.  Um só cigarro, sem réplica, e eu não me importava de voltar a arfar a meio das escadas.

Eu reconheço que fumava de mais: nos dias bons um maço completo, nos maus perdia a conta aos cigarros que fumava. E só deixei por completo o tabaco porque estava grávida. Se estivesse em causa apenas a minha saúde teria continuado a fumar sem hesitações. Não há racionalidade no vicio, já sabemos, a compulsão exige ser comprazida. Mas eu justificava-me alegando que o tabaco, com todos os seus malefícios, não induz estados alterados de consciência, não turva tanto assim o discernimento. Não provoca alucinações, não nos leva a fazer figuras tristes, desde que não se considere triste ser a única pessoa a sair da camioneta na paragem de descanso a meio de uma viagem Lisboa-Porto, às três da manhã, com 1 ou 2 graus lá fora, e um vento de cortar (daí que há quem diga que os fumadores morrem mais cedo não devido ao tabaco mas às condições a que são expostos, sempre a apanhar correntes de ar). Enfim, que há dependências mais nocivas, quero dizer. E a companhia digna e silenciosa de um cigarro fumado ao cair da noite, quando se pondera uma decisão difícil ou se lambe a ferida de um desengano? E o fumo conspiratório de uma reunião de amigos, quando o brilho das imagens que se lançam é proporcional à espessura da nuvem que nos vai cobrindo? E o alívio, ainda que momentâneo, do cigarro da espera, aquele que vem aplacar a ansiedade dos grandes momentos, aquele que parece aquietar os batimentos cardíacos, por muito traiçoeiro que isso seja, eu sei, amigo Adão, na verdade faz o contrário? Tudo isto se perde. E parece certo que as vantagens do abandono do tabaco não se vêem de imediato, não.  Vão chegando pouco a pouco, como que para testar a resolução do ex-fumador. Tudo isso acabou para mim. Não me permito sequer colocar a hipótese de voltar a fumar. Mas, juro-lhe, amigo Adão, se fosse apenas um, sem hipótese de recair na armadilha da dependência…