O saber das crianças. Ensaio de antropologia da educação.

Crianças

.Crianças estudam baixo as árvores de Kongolote.

Kongolothe é um bairro da cidade e município moçambicano de Matola

Fonte: Monitoria e Avaliação da Estratégia de Redução da Pobreza (PARPA) de Moçambique 2006-2008, fotografado em 26 de Agosto de 2009

 O SABER DAS CRIANÇAS. ENSAIO DE ANTROPOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Texto baseado na minha investigação, na obra de Boris Cyrulnik [1]e outros atores. Dados retirados de trabalho de campo ou etnografia, do convívio com as pessoas, para os subsumir depois a teoria dos antropólogos ou etnologia, comparando factos com hipóteses a teoria Etologia Humana, como a entende Cyrulnik

amigos e companheiros

a solidariedade é o bem mais prezado, Dear May

….para a minha neta May Malen I Isley, para começar a aprender…

Dois conceitos de difícil definição. Dois conceitos relacionados com os sentimentos, com a interacção social. Conceitos diferentes para adultos e crianças, para classe social, para o tempo que passa e se escorre entre a cronologia da História e os hábitos definidos ao longo do tempo.

Normalmente, o conceito de amigo, é ser solidário com problemas, alegrias, amarguras, amores e desencantos das pessoas com quem convivemos em momentos e alturas diferentes. Por outras palavras, eu diria que é estar ao dispor de seres humanos que amamos e dos quais dependemos nas ideias, no trabalho e, especialmente, na educação das crianças que, por causa da nossa amizade de adultos, passam a ser não apenas pequenos que entendem em conjunto a interacção social, a dependência dos adultos e a disciplina que estes lhes incutem. Este comportamento separa já os dois conceitos que refiro: amigos e companheiros. A subordinação às formas de ser, agir, ouvir e aceitar, faz das crianças amigas e companheiras. O adulto, com maior experiência de interacção na vida social e na cronologia histórica acumulada no tempo, torna possível separar as duas palavras: amigo, dependente; companheiro, fidelidade sem condições. Acrescentaria ainda que, como conceito, amigo define uma hierarquia que depende do lugar social que a pessoa ocupa ou do lugar que alcançou na vida. Além

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nas dissertações, nós ou eu?

meditações sobrejúri de agregação de Ricardo Vieira, ISCTE, Março 2006

…para Ricardo Neve Vieira, o meu melhor discípulo….

Umberto Eco, no seu livro Como se Faz Uma Tese em Ciências Humanas? recomenda o uso do nós. Existem outros que exigem esta posição aos seus orientados e ainda outros que não se manifestam, sendo-lhes indiferente. Mas, contudo, quando a natureza dos estudos tiver uma componente etnográfica e porque o trabalho etnográfico vive do eu do investigador? (Silva, 2003, p. 71), e também porque todo o texto etnográfico deve sempre utilizar a primeira pessoa do singular? (Ball, cit. ibidem), parece-me que será mais indicado seguir este caminho. Como as características da abordagem qualitativa se confundem com as características do método etnográfico, sendo esta comparação acentuada na obra de Bogdan e Biklen (1994), de Caria (2002) e de Silva (2003), não fosse a referência à descrição profunda? (Bogdan e Biklen, 1994, p. 59) ou ao vocabulário diferente? (ibidem), onde acrescentam que actualmente os investigadores utilizam o termo etnografia quando se referem a qualquer tipo de estudo qualitativo, uma vez que ambos acentuam a vertente descritiva relativamente a conversas e pormenores com pessoas e locais, o uso do eu numa investigação predominantemente qualitativa (intensiva) tem todo o sentido. Outras das razões é a coerência descritiva, e evitar alguns contra-sensos sem qualquer lógica, como por exemplo afirmar que somos presidentes do conselho executivo na Escola. Parece-me também, que não se deve responsabilizar ou mesmo abusar do orientador, afirmando [Read more…]