O discurso ambíguo de Dijsselbloem

O presidente do Eurogrupo, Dijsselbloem, simultaneamente ministro das finanças da Holanda, esteve em Lisboa. Cumpriu o cerimonial da visita a Cavaco Silva e esteve em reunião com Vítor Gaspar.

Na comunicação à imprensa, não assegurou – nem poderia fazê-lo isoladamente, creio – que Portugal venha a beneficiar de nova flexibilização de metas (deficit orçamental mais alto) para 2014. Ficou-se por afirmações de certo modo dúbias:

[…] caso Portugal atinja os objectivos definidos para o défice estrutural, “se for necessário dar mais tempo a Portugal, então esse tema [a flexibilização adicional do objectivo para o défice nominal em 2014] será debatido”.

Ou seja, em vez da dilatação dos limites da meta para 2014 por que o governo – Gaspar e Coelho em especial – luta pela aprovação do Eurogrupo, prometeu o debate do tema…”caso Portugal atinja os objectivos definidos para o défice estrutural”.

O presidente do Eurogrupo, através do condicionalismo proposto para o défice estrutural, introduz uma complexidade na avaliação dos resultados das finanças públicas, uma vez que o SOAC (saldo orçamental ajustado ao ciclo ou saldo estrutural), embora utilizado pela OCDE e FMI, corresponde ao saldo que se registaria caso a economia estivesse em plena capacidade; ou seja, equivale ao uso do PIB potencial. [Read more…]

Histórico ! PS convida PCP para coligação

A verdade é que esta reunião entre o PS e o PCP é um acontecimento histórico na Democracia Portuguesa. Os que viveram o 25 de Abril conhecem, os obstáculos que uma proposta destas enfrentaria se alguma vez até agora, o PCP fosse convidado para uma coligação de incidência governamental.

 

Aconteceu e não morreu ninguem, nem o céu escureceu, até passou como natural jogo democrático, o que diga-se, é uma enorme vitória da Democracia. Os fantasmas estão afastados, nem os comunistas comem criancinhas nem o PS tem medo de perder votos por fazer o convite ao PCP.

 

Claro que o PCP, não está interessado na coligação, porque não líderaria a coligação, os anos de governo não são para brincadeiras e o famoso "abraço de urso" que destruíria o PCP, como destruiu todos os partidos irmãos comunistas que tiveram a coragem de serem governo.

 

Não tenho dificuldade em perceber que foi mais uma manobra de propaganda do "Dialogador-Mor" José Sócrates. Oferecer coligação ao PCP nos mesmos termos que ofereceu ao CDS é pura demagogia. No fundo, foi perguntar se o PCP estaria interessado em ajudar a pôr em prática o programa do PS, que está em minoria na Assembleia da República.

 

Mas este momento histórico, tambem mostra que os 64,3% que a oposição tem no hermeciclo, não constitui nenhuma maioria, porque lhe falta o essencial. Um programa comum para o país!