Continuo a defender que o Estado deve ter uma presença forte na área da Educação, de maneira a que se possa resistir a perversões que possam advir do capitalismo ou da religião.
Ainda assim, o peso do Estado não tem impedido que as escolas sejam vítimas de outras perversões. O facto de ter havido quarenta reformas nos últimos trinta anos só vem confirmar o que já escrevi há vários anos. Permita-se-me o pecado da autocitação:
As escolas são vítimas, em primeiro lugar, de uma pulsão de poupança, consequência da desvalorização da Educação. Entre tampões vários na carreira docente, que impedem a maioria de chegar ao topo de carreira, congelamentos e cortes salariais, para nos referirmos apenas aos professores, os últimos vinte anos corresponderam a um desinvestimento brutal na Educação.
Quanto ao resto, desde que não implique aumento de despesa, foram vários os poderes que puderam deixar as suas marcas na Educação, impondo alterações legislativas, curriculares, terminológicas e outras, num delírio que sobrecarrega escolas e profissionais da área.
A resposta ao título é, evidentemente, o Ministério da Educação, o que parece contradizer a minha fé no Estado, tendo como consolo utópico a frase de Churchill sobre a democracia como o pior sistema político à excepção de todos os outros. Por falar em utopias, pode ser que, um dia, os cidadãos se preocupem mais com Educação do que em invejar a nada invejável carreira dos professores e há sempre a possibilidade de que os professores comecem a lutar melhor. Nessa altura, os políticos terão de agradar ao povo, optando pela sensatez e pelo investimento consequentemente responsável. Nessa altura, o Ministério da Educação poderá deixar de ser o principal problema das escolas.
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