Vou para a Escócia num A310

oMeus caros, sábado vou para a Escócia e País de Gales. Fui hoje levantar os bilhetes, já pagos há duas semanas.

Até aqui olhava para as notícias com um certo ar sobranceiro, armado em gajo forte que enfrenta a vida com uma certa filosofia. Se tens medo ainda morres na cama, dizia para o pessoal meu amigo, que me dizia , eh, pá! e depois há a gripe, sabes lá quem vai no avião? E, além disso, lá para cima é um ver se te avias, gripe é uma farturinha, deixa-te disso, este ano não vais, é só um ano que falhas e ainda no outro dia voltaste. E, cá o mangas, satisfeito por ver a malta preocupada comigo. Pois, sim, pá! Já andei por muitos lugares, muitos aviões.

E vá de aproveitar para contar mais uma das aventuras longe da santa terrinha. O pior foi hoje. Vôo 1424, partida de Lisboa às 10 horas, chegada a London às 12 horas num A310!

Caíram-me os coisos… campaínhas a tocarem, luzes a acender e a apagar e num momento nem sabia o que era aquilo. Está mal? perguntava a menina do “cliché” ( é assim aqui no aeroporto) olhando para o suor na testa e a respiração ofegante. Não, enfim, lá me fui recompondo…

Pois é, lembrei-me que nas últimas semanas foram dois ao charco, que há umas peças importantes que têm que ser substituídas, e de certeza que neste em que vou Sábado, ainda não foram substituídas, os gajos só olham para o lucro, querem lá saber que eu esteja a morrer de medo!

Um belo dia tive que ir a uma reunião muito importante aí no Porto, vá de apanhar um Portugália logo de manhã. Chegados ao Porto, voltas e mais voltas e regresso a Lisboa, o nevoeiro não deixava aterrar. No segundo avião já só iam metade das pessoas, lá fomos, o nevoeiro tinha levantado, céu sem nuvens. Pois sim. Pior do que antes, o piloto tentou os limites, estivemos muito perto de terra mas no último momento toca a subir e de volta a Lisboa.

Quem quiser vai de comboio ou autocarro, dizia a empregada da companhia (na aviação são sempre miúdas giras). Restava uma dúzia de apanhados, no terceiro avião. Eu TINHA que ir, não podia faltar, fui sentar-me ao pé de um gajo que me parecia estar habituado a estas coisas.

Lá fomos, com o coração a bater que nem quando vejo a Claudia, que era desta dizia o meu companheiro de aventura, eles agora já tinham tentado duas vezes, tinham as medidas…

As medidas ? Quais medidas ? pergunto eu, a ver se arranjava a onde me agarrar.

E o gajo : Do Sá Carneiro!

O que tinha morrido num avião em Lisboa! Grande nome para pôr a um aeroporto!

Nesta altura engoli o terceiro xanax…

INSULTOS, BOMBINHAS, NOMES FEIOS E O MAIS QUE SE OUVIU

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COITADO DO SR SÓCRATES
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.Duzentos homens, estivadores do porto de Lisboa, bombas de carnaval, petardos, cartazes, palavras de ordem, nomes feios, insultos, tudo às portas do Parlamento. Chamaram-lhe manifestação. O porto de Lisboa está parado há quatro dias, e julgam os manifestantes que outros estivadores de outros portos, seguirão os exemplos dos da capital, e vão parar também.
O sr Pinto de Sousa, visado nesta manifestação e alvo da maior parte dos insultos, impropérios e nomes feios, diz não ter ligado muito à “voz deste povo”, porque este povo é mal-educado, e ele não terá pachorra para gente desta laia.
Continua a empalidecer a cor do ainda nosso Primeiro. Qualquer dia começa a desaparecer e ninguém o verá mais, depois de Outubro.

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Respostas a algumas dúvidas sobre a Gripe A

1 .– P: Quanto tempo pode durar o vírus vivo em uma superfície?
R: Até 10 horas.
2. -P: Qual a utilidade do álcool para limpar as mãos?
R: Deixa o vírus inactivo e mata-o.
3 .– Q: Qual é o meio mais eficaz de infecção deste vírus?
R: O ar não é a forma mais eficaz de transmissão do vírus, o factor mais importante para a fixação do vírus é a humidade, (revestimento do nariz, boca e olhos), o vírus não voa e não atinge mais de um metro distância.
4 .– Q: É fácil a infectar-se em aviões?
R: Não é um meio propício.

 

5 .– Q: Como posso evitar a infecção?
R:Não levar as mãos ao rosto, olhos, nariz e boca. Não ter contacto com pessoas doentes. Lavar as mãos mais de 10 vezes por dia.
6 .– Q: Qual é o período de incubação do vírus?
R: Em média 5 a 7 dias e os sintomas aparecem quase que imediatamente.
7 .– Q: Quando você deve começar a tomar medicação?
R: Se tomada até 72 horas depois, as perspectivas são muito boas, a
melhora é de 100%.
8 .– Q: Qual é a forma como o vírus entra no corpo?
A: Contacto ao dar a mão ou beijar na bochecha.. Ele penetra pelo nariz, boca e olhos.

9 .– Q: O vírus é letal?
R: Não, o que provoca a morte é a complicação da doença causada pelo vírus, que é pneumonia
10 .– Q: Quais os riscos dos familiares de pessoas que morreram?
R: Elas podem ser portadoras e formam uma cadeia de transmissão.
11 .– Q: A água nas piscinas transmite o vírus?
A: Não, porque ele contém substâncias químicas e clorados
12 .– Q: O que faz o vírus para provocar a morte?
R: Uma cascata de reacções, tais como insuficiência respiratória, a pneumonia grave é a causa da morte.
13 .– Q: Quando pode iniciar o contágio, mesmo antes ou só quando os sintomas ocorrem?
R: Desde que se tenha o vírus antes dos sintomas
14 .– Q: Qual é a probabilidade de recaída com a mesma doença?
R: 0%, pois fica-se imune ao vírus.

15 .– Q: Onde é que o vírus se encontra no meio ambiente?
R: Quando uma pessoa contagiada tosse ou espirra , o vírus pode permanecer em superfícies lisas, como portas, dinheiro, papéis, documentos, desde que haja humidade. Uma vez que não se pode esterilizar o ambiente é extremamente recomendada higiene das mãos.
16 .– Q: Se eu for para um hospital particular podem cobrar-me o remédio?
R: Não, existe um acordo de não cobrar, porque o governo o está proporcionando a todas as instituições de saúde públicas e privadas.
17 .– Q: O vírus ataca mais os asmáticos?
R: Sim, esse pacientes são mais sensíveis, mas este é um germe novo, todos são igualmente susceptíveis.
18 .– Q: Qual é a população que este vírus está atacando?
R: 20 a 50 anos de idade.

19 .– Q: A máscara é útil para cobrir a boca?
R: Há algumas melhores do que outras, mas se você for saudável é contraproducente, pois o vírus, por seu tamanho, atravessa-a como se ela não existisse e usando a máscara, é criado dentro da área do nariz e da boca um microclima húmido favorável ao desenvolvimento do vírus. Mas se você já está infectado, melhor usá-la para evitar infectar outras pessoas, neste caso ela é relativamente eficiente.
20 ..– Q: Posso fazer exercício ao ar livre?
R: Sim, o vírus não vai para o ar e não tem asas.
21 .– Q: Existe alguma vantagem em tomar vitamina C?
R: Não serve de nada para evitar a infecção por este vírus, mas ajuda a resistir aos sintomas.
22 .– Q: Quem está a salvo da doença ou quem é menos susceptível?
R: Não há ninguém a salvo, o que ajuda é a higiene dentro de casa, escritório, utensílios e não ir a lugares públicos.
23 .– Q: Será que o vírus se move?
R: Não, o vírus não tem nem pernas nem asas, só com um empurrão para entrar no interior do corpo.

24 .– Q: Os animais de estimação podem propagar o vírus?
R: Este vírus não, talvez alguns outros vírus.
25 .– Q: Se eu for a um velório de alguém que morreu deste vírus posso infectar-me?
R: NÃO.
26 .– Q: Qual é o risco de mulheres grávidas com o vírus?
R: As mulheres grávidas têm o mesmo risco de qualquer pessoa, mas é por dois, elas podem tomar antivirais em caso de infecção, mas com rigorosa supervisão médica.
27 .– Q: O feto pode ter lesões se uma mulher grávida é infectada por este vírus?
R: Não sabemos o que pode acontecer, pois é um vírus novo.
28 .– Q: Posso tomar ácido acetilsalisílico (aspirina)?
R: Não é recomendado, pode causar outras doenças, a menos que tenha sido receitado para problemas coronários, nesse caso, deve-se continuar.
29 .– Q: Existe alguma vantagem em tomar antivirais antes dos sintomas?
R: Não é bom.

30 .– Q: As pessoas com HIV, diabetes, cancro, etc. podem ter mais complicações do que uma pessoa saudável, quando do contágio pelo vírus?
R: Sim.
31 .– Q: A gripe convencional poderia tornar-se Influenza A?
R: NÃO.
32 .– Q: O que mata o vírus?
R: O sol, mais de 5 dias no ambiente, o sabão, os antivirais específicos, o álcool gel.
33 .– Q: O que fazer para prevenir infecções, nos hospitais, para outros pacientes que não têm o vírus?
R: Isolamento
34 .- Q. O álcool gel é eficaz?
R: Sim, muito eficaz.

35 .– Q: Se eu sou vacinado contra a gripe sazonal eu estou segura?
R: Não serve de nada, ainda não há vacina para o vírus.
36 .– Q: Este vírus está sob controle?
A: Não totalmente, mas estão sendo tomadas medidas agressivas de contenção.
37 .– Q: O que acontece com a mudança de alerta 4 para 5?
R: Fase 4 não é  diferente da fase 5, só significa que o vírus se propagou de pessoa a pessoa em mais de 2 países, e a fase 6, é que se propagou para mais de 3 países.
38 ..- Q. Quem foi infectado por este vírus e está saudável, é imune?
R: Sim.
39 .– Q: As crianças que têm tosse e constipações podem estar com a gripe A?
R: É pouco provável, as crianças são pouco afectadas.
40 .– Q: Quais medidas as pessoas que trabalham devem tomar?
R: Lave as mãos várias vezes ao dia.
41 .– Q: Posso ser contagiado no ar livre?
R: Se as pessoas estão infectadas e tossem ou espirram perto de você, pode acontecer, mas o ar é um meio de pouco contágio.
42 .– Q: Pode comer porco?
R: Sim, pode e não há risco de contágio.
43 .– Q: Qual é o factor determinante para saber que o vírus já está sob controle?
R: Embora a epidemia esteja controlada agora, no inverno boreal (hemisfério norte) pode retornar e provavelmente não haverá vacina ainda.

44 .- Q: Onde posso ver mais informação?

R: Aqui: Direcção-Geral de Saúde.

Manuel Pinho: foi há uma semana


simbolo cornos cornos[3]acdc

Falando de democracia: A era americana

Os Estados Unidos da América, pela límpida voz dos próceres da sua independência, nomeadamente a de Thomas Jefferson, principal autor do texto da Declaração da Independência, proclamada em 4 de Julho de 1776, foram no final do século das luzes um farol de liberdade que ofuscou as candeiazinhas do iluminismo. Diz a Declaração em certo passo – «a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros.» (…) «Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objecto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assiste-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança». Palavras que os revolucionários franceses beberam, seguindo o exemplo americano treze anos depois. Porém, em pouco mais de dois séculos, esse capital de esperança foi dissipado, a luz radiosa do american ‘dream transformou-se no buraco negro onde a liberdade e a democracia se precipitam e desaparecem, passando para uma realidade paralela – «a realidade americana».
Nos Estados Unidos existe uma quase ilimitada liberdade de expressão. Centrais de inteligência, como a CIA e o FBI, são em livros, em filmes, em séries televisivas, acusados das mais torpes felonias de uma forma que não sei se a PJ ou o CIS aguentariam. Não se pode deixar de apreciar aquilo que aparece como uma transbordante capacidade de autocrítica. Porém, essa facilidade de denunciar ficcionando, banaliza o crime e as prepotências dessas centrais. Até porque, geralmente, não são as centrais ou as instituições propriamente ditas que são acusadas, mas indivíduos corruptos ao seu serviço. Nesta ânsia de efabular a perversão, nem o Presidente escapa. Estou a lembrar-me de um filme, Poder Absoluto (Absolute Power, 1997), realizado por Clint Eastwood, em que o criminoso é precisamente o presidente dos Estados Unidos, interpretado por Gene Hackman. É a teoria da conspiração em todo o seu esplendor.
Quando as coisas acontecem fora dos ecrãs ou das páginas dos romances de aeroporto, em Guantánamo, no Iraque ou no Afeganistão, a maioria dos cidadãos norte-americanos acha normal. Em suma, tudo o que de negativo existe na sociedade norte-americana pode ser denunciado e criticado – do racismo à tortura. As maiores felonias e as mais sinistras conspirações são antecipadas. O efeito é perverso. Se amanhã os Estados Unidos decidirem lançar bombas nucleares sobre o Irão, muitos americanos acharão normal – encolherão os ombros e dirão – já vi este filme.
Naturalmente que esta acefalia colectiva não traça um retrato de corpo inteiro da sociedade norte-americana – há uma percentagem elevada de americanos inteligentes, cultos, bem informados e preocupados com o rumo que as coisas estão a tomar. Porém, na sua maioria, os norte-americanos confundem o seu mundo com o Mundo. É vulgar o vencedor da final de qualquer desporto que só ali se pratica ser designado por «campeão do mundo». Para a maioria dos norte-americanos, o «mundo» são eles; os outros continentes e países, arredores insignificantes. É assim desde a Segunda Guerra Mundial, quando após a grande depressão de 1929 e que se prolongou pelos anos 30, os Estados Unidos emergiram com grande potência. O colapso da União Soviética que dividia com eles a tarefa de dirigir e policiar o planeta, deixou-os sozinhos e entregues ao seu grande poder que é, também a sua maior fraqueza – a invasão do Iraque, para falar numa das mais recentes demonstrações da sua «omnipotência», foi, pode dizer-se, decidida unilateralmente pelo gabinete de George W. Bush. A União Europeia foi um mero figurante (com a Grã-Bretanha a assumir o papel de embaixadora de «deus» aqui na terra…).
O realizador cinematográfico francês Alain Resnais, o director de «Hiroshima, mon amour» (1959) e de «Mon oncle d’Amérique» (1980), disse numa entrevista que era doloroso «viver na era americana e não ser americano». Isto foi dito há quarenta anos, talvez, quando ainda nós, europeus, não nos tínhamos apercebido totalmente da carga de perversa prepotência existente na democracia americana, embora tivéssemos já elementos históricos para tal (o lançamento de duas bombas nucleares sobre o Japão, por exemplo). Hoje em dia, o inglês impôs-se como língua franca e não foi por mérito ou pressão da Grã-Bretanha que isso aconteceu, pois enquanto a Grã-Bretanha, no século XIX, foi a principal potência mundial, o francês era a língua internacional por excelência. A american way of life constitui um modelo implantado à escala global, desde os cereais do pequeno-almoço até às séries televisivas e aos programas com que preenchemos os serões. Sentimo-nos como se deviam sentir os nossos ancestrais depois da ocupação romana da Península – obrigados a arranhar o latim e a adoptar hábitos e leis impostos desde Roma. Viviam na era romana e não eram romanos – dissolveram-se no decurso do processo de romanização. Mas o Império Romano também não durou eternamente, dissolvendo-se na corrosão do tempo, da sua degenerescência, do seu próprio poder. Não há impérios eternos. Porém, sempre duram mais do que aqueles que lhes profetizam o fim.
Duram sempre demais.

Jesús Moñarriz – Niebla

jesus
En esta niebla espesa que uniforma y disfraza
y agrisa los colores de personas y cosas,
en esta niebla fría, pegajosa, bancaria,
se está adobando Europa.

Sobre montes y leyes, sobre normas y ríos
extienden su sonrisa las multinacionales
y dan su decidido apoyo a los políticos
si resultan rentables.

Con el siempre eficaz truco del todo o nada
se le pide que asienta al pueblo soberano
que, en limpio referendo, se hace cargo del trágala
sin sentirse estafado.

Mientras echa sus redes la pesca de bajura,
una niebla adherente va camuflando Europa.
¿Qué encubre? ¿qué protege? ¿qué presagia? ¿qué incuba?
Responderá la historia.

Es un poema de Jesús Munárriz, de su libro Rojo fuego nocturno, Hiperión, 2009.

Tiananmen foi há 20 anos


Praça de Tiananmen, lembram-se? Fez no Sábado 20 anos. Milhares de jovens prosseguiam os seus protestos, exigindo a abertura do regime à democracia. Construíram eles próprios um monumento à Democracia. Em 4 de Julho de 1989, o governo da China ordenou às Forças Armadas que pusessem fim aos protestos. E foi o que fizeram. Segundo os dados oficiais, morreram 241 pessoas. Mas fala-se num número que oscila entre os 2600 e os 3000 mortos. Jovens na sua maioria. Desse massacre fica-nos a imagem de um homem sozinho enfrentando os tanques. Tiananmen, em mandarim, significa Paz Celestial.

Matemática: A culpa, como se pode ver, é da comunicação social

José Ferraz Alves – Novo modelo de regulação para o sistema aeroportuário nacional

Publicado originalmente em 18-mai-2009

O novo modelo regulatório para o sistema aeroportuário nacional encontra-se em fase de consulta pública até ao dia 22 de Maio.

A sua linha de força é que os aeroportos nacionais vão cobrar tendencialmente taxas mais baixas, sendo intenção do Governo que o contrato de concessão que vier a ser estabelecido entre o Estado e o grupo privado que ganhar a privatização parcial da ANA e a construção e exploração do NAL premeie as propostas que proporcionarem taxas mais baixas.

Pese embora positiva, consideramos, na ACdPorto, que isto é uma forma simplista e estática de ver a questão, pelo que gostaríamos de poder reforçar a nossa proposta das Parcerias Público Privadas Auto-Reguladas, que consideramos mais capaz de induzir flexibilidade e dinamismo à própria gestão dos aeroportos e suas relações com as regiões onde se encontram.

Primeiro, sobre o modelo proposto pelo Governo:

  • 1. O seu meritório objectivo é pretender as mais baixas taxas possíveis para fomentar indústrias (turismo, exportadoras, conhecimento, …) que dependam da actividade do aeroporto.
  • 2. De acordo com este modelo, as receitas das outras actividades comerciais dos aeroportos passarão a ser utilizadas para reduzir o valor das taxas a pagar pelas companhias aéreas e pelos passageiros. Implicitamente, estará a privilegiar quem apresente receitas alternativas às taxas de operações aeroportuárias. De notar que, presentemente, a ANA obtém cerca de 2/3 das suas receitas por via de taxas, sendo o restante outras receitas comerciais, como lojas, parques de estacionamento, aluguer automóvel, etc.. Abrem-se caminhos para outras actividades, como hotéis, parques de escritórios ou de áreas logísticas, o que são boas ideias para a diversificação de actividades.
  • 3. Já agora, sugerimos também actividades associadas à indústria aeronáutica, mais industrial, para o desenvolvimento no país de modelos não assentes só em comércio e hotelaria.

Segundo, para a ACdP, o Aeroporto Sá Carneiro deve ser um instrumento estruturante ao serviço do Noroeste Peninsular e de duas das regiões mais deprimidas da Europa, o Norte de Portugal e a Galiza. Porque consideramos que a proposta de um modelo de auto-regulação de acordo com os negócios sociais de Muhammad Yunus seria uma forma estrategicamente mais dinâmica e flexível para gerir um aeroporto e defender os interesses públicos?

  • 1. Porque não é obrigatório ter taxas baixas para a dinamização da actividade de um aeroporto, que pode, e até deve, assentar noutros factores, mais relacionados com a qualidade do serviço e do interesse e valor acrescentado pelos destinos. E as próprias taxas podem ser usadas para financiar outros projectos que sejam adequados para o aeroporto e para a região que servem.
  • 2. Este nosso conceito, na sua vertente de parceria público-privada, assume que a propriedade e gestão do Aeroporto é privada e autárquica. Porque se considera auto-regulada? Porque, em vez de aplicada regulação às taxas aeroportuárias, controladas por organismos públicos a criar, e a posteriori, esta é exercida limitando o âmbito dos estatutos dessa empresa concessionária, que passa a ter por objectivo o desenvolvimento económico e social de uma região e que apenas poderá recuperar, a título de dividendos, o capital aplicado pelos seus accionistas. Por sua vez, a gestão será remunerada por prémios pela indução de valor que consiga para a região, medida por determinados indicadores (exportações por via aérea, movimento de passageiros e carga, taxa de desemprego, PIB regional pc, …).
  • 3. Terá de ser uma empresa sustentável económico-financeiramente, dado que opera num mercado competitivo e não se pretende dependente de fontes de financiamento externas à sua própria actividade.
  • 4. O excesso de capital gerado na sua actividade seria aplicado em acções de desenvolvimento económico e social da região, por exemplo por redução das próprias taxas, pela oferta de voos grátis para estudantes, pela promoção do turismo da região, pelo desenvolvimento de novos serviços, …

Consideramos que é a forma de ultrapassar as dúvidas sobre a legitimidade da própria privatização de um bem semi-público e a incerteza sobre os interesses privados neste negócio. Assim ficam perfeitamente definidos e prossegue-se o objectivo público que de facto um aeroporto tem.Também, de acordo com este modelo de auto-regulação, assente nos próprios estatutos da empresa a criar, seria poupada a criação de mais um regulador. Após a recuperação do capital investido pelos accionistas, o aeroporto poderia a ser a fonte de rendimentos para as acções de desenvolvimento da região, a sua caixa de dinheiro para estes propósitos.

A lambarice do CDS-PP

Não é só para evitar que “casos como os do BPN não se voltam a repetir” que o CDS-PP avançou já com a proposta de criar uma nova comissão de inquérito ao caso BPN. Depois de seis meses de audiências, perguntas, respostas, silêncios, esclarecimentos ou a falta deles, que muitas vezes até dizem mais que as palavras, ficou tudo, ou quase tudo, dito na comissão parlamentar.

As conclusões da comissão é que não agradaram a todos. Mas quase nunca agradam. O CDS-PP sabia disso, tal como todos os partidos. O consenso seria muito difícil.

A questão é que o partido de Paulo Portas obteve grande protagonismo nesta comissão, graças à participação de um aguerrido e interventivo Nuno Melo. O CDS-PP soube aproveitar a oportunidade de ter um tema que dava jeito, poderia ser popular e onde, ao contrário dos dois grandes partidos, não apresentava pontas soltas.

Querer mais é lambarice. É desejar a continuidade de um processo de massagem do ego, mais do que o esclarecimento público.