As consequências perniciosas do chamado acordo ortográfico (AO90) estão à vista: jornalistas transformam os habitantes do Egipto em “egícios”; num manual publicado pela Imprensa Nacional, surge a palavra, por assim dizer, “atidão”.
A relação dos portugueses com a ortografia era deficiente; com a chegada do AO90, passou a inclassificável.
Há imagens que valem mil palavrões, sobretudo para quem pensar que a correcção da escrita é um valor importante.
Imagem encontrada na página de facebook de Tradutores Contra o Acordo Ortográfico
Solução?
http://actuwiki.fr/culture/31068/
Reblogged this on Escarro & mal-querer.
É um fenómeno muito português: onde não havia qualquer problema – que não os esperados de um país ainda com analfabetos – há agora um caos.
Somos dos melhores a piorar as coisas.
“Quando olho prà videira dá-me vontade de rir; uns catchos já estão maduros, outros estão a felorir”. Neste caso há cachos que estão é verdes com’a cornos como se diz na minha terra. Ó Sr. Nabais então não houve sempre quem desse erros? E estes então “dão-me vontade de rir”… à gargalhada. Quanto aos egípcios do Egito realmente a coisa ficou mal resolvida mas a atidão é de atado, “num srá”? 🙂
Ó caríssimo sinaiz, não me deite fumo para os olhos: sempre houve erros, o que admito no texto; depois do AO90, surgiram erros novos.
E eu lá ia esfumaçar pra cima do senhor!… Novas regras, novos erros, tudo normal.
Uma pergunta: quantos artigos escreveu o douto articulista sobre os erros ortográficos ao abrigo da anterior ortografia. Confundir ignorância, iliteracia e, perdoem-me o termo, burrice, com ortografia, é alinhar no mesmo campo. Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Fernando pessoa, Teixeira de Pascoaes, Machado de Assis, e, pasme-se, mais uns quantos “ignorantes” da mesma cepa, alinhavam por outras ortografias e, no caso de Camilo, Pessoa e Pascoaes é conhecido o modo virulento como julgavam qualquer alteração ortográfica, designadamente aquela ortografia que agora o sapiente autor do artigo, exaltado paladino da correcção ortográfica, defende. Não sendo eu um defensor do proposto acordo por razões de outra ordem, confesso já não suportar tanta ignorância de, por exemplo, confundir língua com ortografia, erro com ortografia, iliteracia com ortografia, pseudo-jornalismo com qualidade jornalística. Haja Deus para tanto erro.
Neste meu texto de três parágrafos, o segundo diz: “A relação dos portugueses com a ortografia era deficiente; com a chegada do AO90, passou a inclassificável.” Parece-me evidente: antes do AO90, havia muitos problemas no que se refere ao uso correcto da língua; depois do AO90, esses problemas aumentaram e novos erros (repito: novos erros) surgiram.
Pode ler, a propósito, o texto que o Francisco Miguel Valada publicou, hoje, no Aventar. Deixo-lhe algumas hiperligações para três textos meus:
http://aventar.eu/2012/11/29/o-acordo-ortografico-ja-nao-causa-impacto/
http://aventar.eu/2012/07/27/acordo-ortografico-sabor-a-pacto/
http://aventar.eu/2012/08/01/acordo-ortografico-a-fissao-da-ficcao/
A língua não se pode confundir com ortografia, tal como não se pode confundir a perna de uma pessoa com a pessoa. Aliás, o final do seu comentário está um pouco confuso. Ainda assim, os problemas da ortografia e a iliteracia não são estanques.