Uma cantina social em autogestão e que funciona? Encerre-se já!

É uma história exemplar. Em Córdova, sul de Espanha, havia uma escola encerrada, o grupo escolar Rey Heredia. Encerrada quer dizer não utilizada para os fins para que foi criada, vazia, sem utilidade nenhuma, abandonada pelo governo e pela autarquia. Há coisa de um mês, um grupo de activistas decidiu ocupá-la, não para fins subversivos, conspiratórios ou etílicos, esses que tanto costumam perturbar as autoridades, mas para criar aquilo que lhes parecia fazer mais falta naquela zona: uma cantina social. É que a antiga escola Rey Heredia situa-se num bairro do Sector Sul da cidade, uma das zonas mais castigadas pela crise económica. E logo no primeiro dia de funcionamento, sentaram-se mais pessoas à mesa do que aquelas que os organizadores esperavam.

Hoje, a cantina serve cerca de 50 almoços diários. Os alimentos são oferecidos pelos comerciantes do bairro. No final do dia, os alimentos que não foram vendidos e que normalmente seriam devolvidos aos fornecedores ou deitados ao lixo, apesar de estarem em perfeitas condições, são oferecidos aos voluntários da cantina que passam a recolhê-los. São voluntários, e predominantemente utentes da cantina, quem põe em marcha todas as actividades que permitem o funcionamento do projecto. Uns recolhem os alimentos, outros cozinham, outros asseguram a limpeza, outros tratam das obras de que o espaço precisa, e haverá outros que se ocuparão da horta, já prevista mas ainda não concretizada. Os activistas do recém-baptizado “Centro Social Rey Heredia” já localizaram terrenos abandonados e parece que alguns dos seus proprietários se mostraram receptivos à ideia de ceder os terrenos.

Paralelamente à cantina, começaram as aulas de apoio às crianças do bairro, asseguradas por professores voluntários. E o Centro tornou-se ainda um espaço dinamizador de actividade social, ao abrir as suas portas a todas as associações e colectivos que necessitam de um espaço para reunir.

Ora perante um projecto que presta um serviço social tão útil, que funciona de forma exemplar, que faz dos seus utentes organizadores, livrando-os do rótulo da mendicidade, fazendo-os sentir-se úteis a si mesmos e aos outros, qual poderia ser a resposta das autoridades? Cortar o fornecimento da água. É que o projecto não gera fundos para pagar a conta da água. E a resposta, por enquanto, foi organizar um serviço de transporte de água, à custa de força braçal, claro, da fonte mais próxima até à escola.

Resposta da autarquia? Dentro de dias será cortada também a electricidade. E a seguir virá o despejo, apesar dos pedidos dos activistas e dos moradores do bairro, em geral. É que em Córdova, ao que parece, gente organizada e que dispensa a intervenção que vem de cima é um perigo. E é melhor ter escolas vazias que com gente pensante lá dentro. Onde é que já vimos isto?

Foto: Enrique Gómez – Andaluces.es

Comments

  1. Gostei imenso.
    Embora, nesta altura, me perturbe não participar numa ação destas, mas concordo e compreendo o ponto de vista, e sinto preocupação, porque tem um significado preocupante por parte responsáveis em criarem engulhes a uma obra tão generosa.

  2. “FRENTE PRODUTIVA DEMOCRÁTICA”, não permite este tipo de parasitismo nefasto, de gandulos, ma em toda a frente, e apela-se ao despertar.

    Desculpem-me por intruduzir um comentário alargado e como complemento desta peça e até da expressão um pouco mal estruturada, mas o tempo de que disponho é pouquíssimo, mas o mais importante é a colaboração entre a comunicade para o bem da mesma:
    Sem dúvida que este tipo de iniciativa privada é cobarde, são um tipo de empreendedores de inciativa e inovação admiráveis lá no seu nicho de parasitas fracos. Não sei onde encontram tantos parolos para conseguirem o que querem, mas a explicação a seguir é abrangente, pois para pessoas com um conhecimento lucido e consolidado eles não passam de fracos concorrentes na privada, pois este tipo de iniciativa privada, que se aproveita do Estado dos apoios de um Estado solcialista, comunista e economia de mercado, para conseguirem apoios do Estado, quando uma pessoa de iniciativa privada de verdade cria riqueza, gera impostos, em suma, traduz-se num resultado lucrativo para o Estado, mas não são os mendigos, os gandulos, que enriquecem à custa do que recebem do Estado, então julgam que as pessoas estão iludidas ou que não se apercebem que são não uns homens de iniciativa privada própria e admirável, são uns ardilas de fraca rés que longo tempo caírão na desgraça quando concorrerem com pessoas da iniativa privada de bons e estruturados princípios criativos próprios e inovadores, que captam a atenção de clientes pelo seu processo inovador.
    São mesmo uma corja perigosa, fraca, e então ainda pra mais membros do governo que permitem e até estão integrados nestas ditas iniciativas privadas de mérito. Alguma destas escolas cativaram alunos estrangeiros, pois aproveitam-se das fragilidade de um povo que mal ganha para se autossutentar dignamente.
    Este tipo de pessoas são fracas e têm cobardes, são uns gandulos dotos alegadamente protegidos, são mais amparados que os próprios funcionários do Estado, isto é uma miséria, quando um conjunto de pessoas ricas que se aproveitam dos apoios do Estado mais que o ensino do Estado.São estes dissimulados de privados qeu descontam impostos por um lado mas vão a titulo malabarista busca-los por outros da forma mais sórdida.
    Mas um pouco por culpa do seguinte:

    Falamos em constituicionalidade, nunca esta palavra foi tão usada ou comentada nos meios de comunicação social e a mais esperada por um maior número de pessoas como nesta altura.
    Penso que hoje há um número maior de pessoas a apelar ao repeito pela constituição.
    Mas antes dos “cortes”, aonde estavam estas pessoas, e a maioria eram funcionários públicos, falo nos funcionários publicos que surgem nas televisões, e estes são a amostra de um grande numero, que nunca se manifestaram publicamente, podemos falar, em políticos, magistrados, médicos, enfermeiros professores, funcionários da PT, TELECOM, Correiros, Edps, Ancons, altas patentes militares e polícias, funcionários das camaras municipais, ou seja, um grande número de funcionários públicos.
    Ora bem, a constituição é como uma planta que se tem que regar, temos que constantemente regá-la para se manter vivi, mas se estavam bem para quê regá-la?
    Ora os políticos atuais adaptam-se, querem é poder, o voto é que conta e como aquelas pessoas da função pública estiveram bem e esqueceram-se da constituição, e porquê, reformavam-se com menos de 36 anos de serviço efetivos, com menos de 55 anos de idade ou seja, até com menos de 20 anos de trabalho, e andavam fora da atividade produtiva, a receberem salários superiores a 1000 euros, uma maravilha, nunca reparando e nem sequer lhes interessava que no particular uma mãe de três filhos com mais de 30 anos de serviço efetivos e mais de 50 anos de idade, a produzir numa empresa multinacional ao cronometro ininterruptamente, com febre para formar os seus filhos com salários inferiores a 750 euros, com formação antiga da que valia, cheia de maselas que não lhe permitiam reformar-se, não a passavam para a reforma, só a partir dos 57 anos de idade, e no minimo com 37 anos de trabalho, e hoje só com 63 anos, ninguém aparecia a falar em constituição, em equidade no respeito pelo desgaste. Matulões de Políticos com três e mais reformas, segundo reza a história nem Jesus Cristo ressuscitou mais de uma vez, mas os políticos reformavam-se cedo, ou seja, prematuramente com grandes corpanzis e saúde para dar e vender, e não era inconstitucional, eram poucas as pessoas que se preocupavam e se procuravam inteirar desta injustiça que é inconstitucional, um ser humano produtivo, atingir o seu direito ao descanso após mais 20 e 30 anos do que outro, pergunto a que título?
    Ainda bem que hoje aparece mais alguém a falar, a apelar à inconstitucionalidade. A inconstitucionalidade Senhores Intelectuais da descrição da perfeição das injustiças governamentais, surge do respeito pelo sofrimento e das diferenças não fundamentadas, mas utilizando um termo brejeiro, enquanto se gozava, os “beibis” da élite da função pública estavam calados, ainda bem que hoje há uma maior adesão das pessoas ao respeito pela constitucionalidade. Mas as grandes diferenças, principalmente no tempo da produtividade para atingir a idade da reforma muitos poucos referiram que era inconstitucional, pois enquanto a vida lhes corria sem saberem o porquê dos seus proventos, já não se interessavam que os políticos se reformem cedo, que os capitalistas suguem mais das receitas, que houvessem escolas privadas a usufruírem de apoios do Estado, das facilidades para parcerias dos Capitalistas, desde que não se mexesse no que se mexeu e esta-se a mexer não houveram nem se levantaram os problemas, a massa laboral dos privados que sustentassem o Capital, mas desde que não se mexe-se nos funcionários públicos. Como é evidente haviam algumas pessoas que apregoavam já a estas injustiças mas eram poucas.
    Numa mentalidade Produtiva e por isso esta página se denomina “FRENTE PRODUTIVA DEMOCRÁTICA” o tempo da idade da reforma é igual para todos salvo por motivos e razões devidamente fundamentadas.

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