Altruísmos

AI COIMBRA

Um dos tiques mais irritantes da comunicação económica e empresarial dos nossos dias – tributário do “politicamente correcto” que tantos veneram – é a persistente ideia de que uma empresa abre, não para ter lucro mas para, de modo altruísta, “criar postos de trabalho”. Agora mesmo foram autorizados em Coimbra – com potenciais efeitos devastadores sobre o tecido social e económico da cidade – mais dois hipermercados em pleno tecido urbano central da urbe, um deles na sua avenida axial. E como se comunica a golpada?

“Duas empresas vão criar em Coimbra 100 postos de trabalho”. O habitual servilismo jornalistico não cuida de saber quantos empregos esta operação vai destruir – obviamente muitos mais do que os que vai criar -, quais os seus efeitos funestos no pequeno comércio da baixa coimbrã e na relação dos habitantes com as áreas mais nobres da sua cidade. Que lhes importa isso se – não sei se já vos disse… – vão ser criados 100 – postos -100 de trabalho? Digamos todos em coro: “Obrigado, sr. Belmiro!”.