Hermínio Loureiro e o labirinto autárquico dos ajustes directos

Com a agenda mediática focada durante vários dias na tragédia de Pedrógão Grande, a detenção do social-democrata Hermínio Loureiro quase passou despercebida. Foi deputado, secretário de Estado e presidente da Liga Portuguesa de Futebol, tendo em 2013 sido reeleito presidente da CM da Oliveira de Azeméis, cargo que abandonou em Dezembro, para surpresa de muitos. Seis meses depois, na passada Segunda-feira, Hermínio Loureiro foi detido pela PJ, juntamente com seis outros suspeitos, acusados de crimes de corrupção activa e passiva, peculato, prevaricação e tráfico de influências. 

Detidos preventivamente, os sete suspeitos conhecerão hoje as medidas de coacção a ser aplicadas. Segundo o Expresso, o Ministério Público pede prisão preventiva para Hermínio e quatro outros arguidos. Em causa estarão ilegalidades cometidas em concursos públicos e ajustes directos relacionados com obras municipais. A investigação decorria há mais de um ano, tendo também sido presos o meu conterrâneo João Moura de Sá, ex-deputado do PSD e antigo presidente do conselho de administração da Assembleia da República, Manuel Amorim, da Direcção Regional de Economia do Norte, Isidro Figueiredo, actual presidente da CM da Oliveira de Azeméis, e José Francisco Oliveira, presidente da comissão política do PSD de Oliveira de Azeméis.

O comunicado da PJ, citado pelo Expresso, revela a existência de ajustes directos “manipulando as regras da contratação pública” e subsidiação irregular de clubes desportivos locais. Existem ainda suspeitas de empresas privadas corromperem autarcas de Oliveira de Azeméis. E se todas as autarquias fossem devidamente vasculhadas, não haveria celas suficientes nos calabouços da PJ. Porque ajustes directos suspeitos são o prato do dia no mapa autárquico português. E no dia em que houver coragem para investigar a sério, e principalmente para aplicar a lei sem medo, vamos ver muitos caciques locais atrás das grades.

Foto: Tony Dias/Global Imagens@TSF

 

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Palavras para quê?
    É mais um artista português que nem lâminas de barbear usa, e “muito menos” pasta medicinal “Couto”, caso contrário, sorria!
    Portugal está cheio deles, com sabores para todos os gostos, rosa, laranja, amarelo, azul e assim assim. E se tudo isto não fosse já de si ridículo, ainda temos para cúmulo da vergonha, os dinossauros autárquicos, grande parte deles ex condenados, mesmo que a fingir, a regressarem à luta política pelo poder.
    Foda-se, que isto é mesmo um país pequenino. Não há emprego para todos, mas alguns regressam mesmo depois de mortos!

  2. Num país onde sé um assunto tem destaque de cada vez nos noticiários portugueses, Hermínio Loureiro foi detido “entre os pingos da chuva”. Saberá naturalmente saber tirar partido disto. Afinal…é um artista português

  3. JgMenos says:

    Se catassem um cada duas semanas a coisa acabava por melhorar.

  4. Atento/sempre says:

    Continuamos a ficar perplexos… São todos da área do PPD/PSD e alguns do PS, CDS e PCP/CDU e BE/UDP(menos)?! Provavelmente, nem o Campo Pequeno, chegava para esta gente toda!!! Não é capitão Otelo?!

    • José Peralta says:

      O Atento sempre, não está tão “atento” assim ! Mas o BE, actualmente, não tem expressão autárquica, e o PCP, honra lhe seja feita, e isso é do conhecimento e apreciação geral, (excepto a mentira loura albuquerque, que há dias, teve um “tremor epilético” e bolsou uma merda de cor laranja…) é raro pisar o risco na sua gestão camarária !

      E eu sou insuspeito, porque não sou do PCP…

  5. cportuga says:

    A corrupção em Portugal tem duas cores, uma laranja e outra rosa. Se assim não é que me mostrem o contrário!

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